VILÉM
FLUSSER
★ 12 de maio de 1920
✝ 27 de novembro de 1991
biografia
Filho de intelectuais judeus na Tchecoslováquia, teve os pais, irmã e avós mortos pelo Nazismo quando tinha 20 anos. Emigrou com a mulher e os sogros para o Brasil, onde viveu mais de 30 anos.
Aqui, deu aulas de filosofia da ciência na escola politécnica e filosofia da comunicação na Escola Superior de Cinema e na Escola de Arte Dramática (EAD), também em São Paulo.
Em 1970 perde o cargo de professor e retorna à Europa escapando do regime militar. Morre em 1991 em acidente automobilístico, retornando de uma visita à sua cidade natal, Praga, após mais de 50 anos de seu exílio.
o mundo codificado
Coletânea de textos ensaísticos produzidos entre 73 e 91, organizada por Rafael Cardoso e publicada pela editora Cosac Naify em 2007, e pela editora ubu, em 2017.
(...)uma atitude saudável ao ler Flusser é tentar não amarrar demais sua compreensão do texto (eu arriscaria dizer que é impossível esgotar qualquer um). Não há propósito em fazer isso. O mais rico dessa leitura é sua capacidade de extrapolar — cronologias, metodologias ou línguas — e não acho produtivo, numa primeira leitura, “explicar” o que quer dizer tal ou tal coisa. Muito mais interessante é se permitir explorar as associações e abduções feitas por Flusser.
(Eduardo Souza, revista recorte)
“materializar” uma ideia (?)
hylé vs morphé
(MATÉRIA)
(FORMA)
forma x conteúdo
aparência x essência
costuras
Quando começamos a meditar sobre a noção de beleza da matéria, ficamos impressionados com a carência da causa material na filosofia estética. Pareceu-nos, em particular, que se subestimava o poder individualizante da matéria. Por que se associa sempre a noção de indivíduo à de forma? Não haverá uma individualidade em profundidade que faz com que a matéria seja, em suas menores parcelas, sempre uma totalidade? Meditada em sua perspectiva de profundidade, uma matéria é precisamente o princípio que pode se desinteressar das formas.
BACHELARD, A água e os sonhos, p.2-3
costuras
Esse novo homem que nasce ao nosso redor e em nosso próprio interior de fato carece de mãos (ist handlos). Ele não lida (behandelt) mais com as coisas, e por isso não se pode mais falar de suas ações concretas (Handlungen), de sua práxis ou mesmo de seu trabalho. O que lhe resta das mãos são apenas as pontas dos dedos [dígitos], que pressionam o teclado para operar com os símbolos. O novo homem não é mais uma pessoa das ações concretas, mas sim um performer (Spieler): Homo ludens e não Homo faber.
FLUSSER, A não-coisa [1], in O Mundo Codificado, p.58
costuras
Cada dispositivo, cada técnica de dominação, produz seus próprios objetos de devoção, que são empregados para a submissão, materializando e estabilizando a dominação. Devoto significa submisso. O smartphone é um objeto digital de devoção. Mais ainda, é o objeto de devoção do digital por excelência. Como aparato de subjetivação, funciona como o rosário, e a comparação pode ser estendida a seu manuseio. Ambos envolvem autocontrole e exame de si. [...]
O curtir é o amém digital.
HAN, Byung-Chul. Psicopolítica, p.23-24
bibliografia
FLUSSER, Vilém. O Mundo Codificado: Por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: Ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.
HAN, Byung-Chul. Psicopolítica — O neoliberalismo e as novas técnicas de poder. Belo Horizonte: editora Âyiné, 2018.
BYUNG-CHUL HAN
Seul (1959 - )
Filósofo, vive atualmente na Alemanha
BYUNG-CHUL HAN
Professor de filosofia e estudos culturais na Universität der Künste Berlin (UdK), Alemanha.
Estudou Filosofia na Universidade de Friburgo e literatura alemã e teologia na Universidade de Munique.
Doutora-se em 1994 na Universidade de Friburgo com tese sobre Martin Heidegger.
Algumas obras publicadas e traduzidas para o português
2002
2002
2005
2005
2007
2010
2011
2012
2012
2013
2013
2014
2015
2018
2019
2019
2020
2016
LOUVOR À TERRA
UMA VIAGEM AO JARDIM
Publicado em 2018�(Lob der Erde: Eine Reise in den Garten)
CRARY, Jonathan. 24/7 – Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu, 2016.
FANJUL, Sergio C. Byung-Chul Han: ‘The smartphone is a tool of domination. It acts like a rosary’. El País, 15 oct 2021. Disponível em: https://english.elpais.com/usa/2021-10-15/byung-chul-han-the-smartphone-is-a-tool-of-domination-it-acts-like-a-rosary.html
HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015.
HAN, Byung-Chul. Favor fechar os olhos – Em busca de um outro tempo. Petrópolis: Vozes, 2021.
HAN, Byung-Chul. No enxame – Perspectivas do digital. Petrópolis: Vozes, 2018.
Vídeo Youtube: A sociedade do cansaço | Christian Dunker | Falando nIsso 252.
https://www.youtube.com/watch?v=5Jj9rxd-SHI
Sugestões de leitura