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TIPOLOGIA E GÊNEROS TEXTUAIS���Denise Mara Franco Amorim

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Com Luiz A. Marcushi, entendemos tipologia e gêneros textuais da seguinte forma: “Usamos a expressão tipologia textual para designar uma espécie de seqüência teoricamente definida pela natureza lingüística de sua composição(...). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: narração, argumentação, exposição, descrição, injunção.

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Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta pessoal, romance etc.” (MARCUSCHI, 2002).

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GÊNEROS TEXTUAIS

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MANUAL DE INSTRUÇÃO

  • Identificação;
  • Apresentação;
  • Características;
  • Seqüência de montagem;
  • Uso;
  • Cuidados;
  • Defeitos possíveis;
  • Assistência técnica.

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RECEITA CULINÁRIA

  • Ingredientes;
  • Modo de fazer;
  • Tempo de preparo;
  • Rendimento;
  • Calorias.

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CARTA

  • Local e data;
  • Vocativo;
  • Destinatário;
  • Assunto;
  • Endereço;
  • Despedida;
  • Assinatura do remetente.

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NOTÍCIA DE JORNAL

  • Título;
  • Fato;
  • Informação objetiva;
  • Lugar (onde);
  • Tempo (quando);
  • Causas;
  • Depoimentos;
  • Seqüência de fatos.

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POESIA

  • Forma (verso, estrofe, rima e ritmo);

  • Conteúdo (assunto, personagem, ambiente e tempo).

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FÁBULA

  • Pequena narrativa que ilustra algum vício ou alguma virtude;
  • Lição de moral (provérbios);
  • Personagens (animais e criaturas imaginárias);
  • Instrumento de aprendizagem (fixação e memorização dos valores morais do grupo social).

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CHARGE OU CARTUM

  • Critica ou ironiza os costumes, levando à reflexão e ao riso;

  • Exagero nas características físicas da pessoa criticada.

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RESENHA � (Sinopse ou Resenha crítica)

  • Nome do autor ou autores;
  • Título completo da obra;
  • Nome da editora ou da coleção;
  • Lugar e data da publicação;
  • Número de volumes e páginas;
  • Enumera os fatos relevantes;
  • Indicação sucinta do assunto tratado;
  • Julgamento do resenhador sobre as idéias do autor (resenha crítica).

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HISTÓRIA EM QUADRINHO

  • Quadrinhos;
  • Desenhos (cenário, personagens, balões, letreiros);
  • Diálogos e pensamentos dos personagens;
  • Legendas (início da história, introdução);
  • Onomatopéias (sons);
  • Pontos de exclamação ou interrogação.

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CRÔNICA

  • Narrativa curta sobre acontecimentos do cotidiano;
  • Os fatos são atuais;
  • Reflexão do escritor sobre o comportamento humano;
  • Relato a partir do fato mais importante;
  • Pouco uso de adjetivos;
  • Personagens: não têm nomes ou são nomes comuns;
  • Pode ocorrer diálogos;
  • Foco narrativo: 1ª ou 3ª pessoa do singular;
  • Humor, ironia ou crítica social;
  • Linguagem coloquial;
  • Importância do título.

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ANÚNCIO

  • Divulgação de mensagem de compra, venda ou de aluguel de imóveis, veículos, móveis...;
  • Descreve as características do produto anunciado;
  • Objetivo: persuadir o interlocutor;
  • Uso de frases imperativas (ordem).

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ARTIGO DE OPINIÃO

  • É um gênero jornalístico-argumentativo;
  • Publicado em jornais, revistas e internet;
  • É sempre assinado, identificando o autor, o responsável pela opinião;
  • É um texto que exprime a posição do articulista sobre um assunto;
  • Seu objetivo é persuadir (convencer) o leitor;
  • Usa marcas lingüísticas (penso que,por exemplo);

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ARTIGO DE OPINIÃO

  • Usa marcas lingüísticas (penso que, por exemplo);
  • Aparecem marcas que introduzem argumentos (porque, pois);
  • Traz para o texto diferentes vozes (alguns dizem que, as pesquisas apontam);
  • Marcas que introduzem a conclusão (portanto, logo).
  • Questão controversa;
  • São características: formar opinião e a pessoa tem que ter conhecimento sobre o assunto para falar sobre ele.

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ABAIXO - ASSINADO

  • É um documento, assinado por várias pessoas;

  • Contém pedido, reivindicação ou manifestação de protesto.

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REQUERIMENTO

  • Também chamado de Petição;
  • Solicitação de algo de direito a uma autoridade;
  • Apresenta: invocação, texto (identidade do requerente, motivos, fundamentação legal e citação de documentos anexos, se houver), fecho ( P.e A.D. ou A.D. ou E.D. ou N.T.P.D.).

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PROPAGANDA

  • Linguagem específica, procurando atingir a um determinado público;

  • Objetivo: divulgar uma marca, anunciar ou vender um produto, uma imagem...

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NARRAÇÃO

  • Modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens;
  • Seqüência do enredo;
  • Foco narrativo: 1ª ou 3ª pessoa;
  • Ocorre: causa(motivo),modo(como) e conseqüências;
  • Apresenta uma complicação, clímax e desfecho.

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DESCRIÇÃO

  • Tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um determinado objeto, pessoa (características físicas, psicológicas), ambiente (local fechado) ou paisagem (local a céu aberto).

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DISSERTAÇÃO

  • Tipo de composição na qual expomos idéias gerais, seguidas da apresentação de argumentos que a comprovem;
  • Dissertar é debater,questionar, expressar um ponto de vista, desenvolver um raciocínio;
  • É analisar um assunto proposto emitindo opiniões gerais.
  • Deverá constar de três partes: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão;

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DISSERTAÇÃO

  • Redigir na 3ª pessoa do singular (Ex: sabe, sabe-se), na 3ª pessoa do plural (Ex: sabem) ou na 1ª pessoa do plural (Ex: sabemos);
  • Não deve: usar gírias, utilizar provérbios, se incluir na dissertação, utilizar a dissertação para propagar doutrina religiosa, analisar os temas propostos movido por emoções exageradas, utilizar exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não sejam de domínio público, abreviar, repetir várias vezes a mesma palavra, analisar os assuntos sob apenas um dos ângulos da questão e inovar, por sua conta, o alfabeto da língua portuguesa.

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RESUMO

Grupos de gêneros

  • Aviso, comunicado,informação

  • Requerimento, petição, abaixo-assinado
  • Convite, convocação, intimação

  • Folhetos de divulgação de evento, propaganda, anúncio, folder

Função básica comum

  • Dar conhecimento de algo a alguém
  • Pedir, solicitar

  • Solicitar a presença e transmite as informações necessárias

  • Visam a persuadir o leitor

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  • Fábula, crônica, H.Q, narração, descrição, conto
  • Notícia
  • Artigo de opinião, dissertação
  • Receita culinária, receita médica
  • Resenha crítica, charge, cartum
  • Narram fatos
  • Apenas informa
  • Formar opinião, argumentativo
  • Traços prescritivos (verbos no imperativo)
  • Olhar crítico

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TEXTOS

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“(...) o Brasil precisa de agricultura de transgênicos para suprir o mercado interno com alimentos saudáveis e baratos e, depois, vender os excedentes aos ricos mercados da Europa, Japão e China, que rejeitam OGMs (organismos geneticamente modificados). Eles pagam até 10% a mais para se ver livres do milho ‘frankenstein’. A soja certificada como não transgênica recebe dos europeus prêmio de até 8 dólares por tonelada(...).”

Flávia Londres (Revista Caros Amigos, agosto de 2001)

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“(...) Na última safra, mais de 80% da soja plantada no Estado (RS) foi transgênica. Os agricultores gaúchos esperam a decisão do governo para saber se poderão utilizar sementes do organismo modificado geneticamente para a próxima safra ou não. Publicamente, já disseram que, mesmo que sem permissão, pretendem repetir o uso” (...).”

(Da sucursal de Brasília, Folha de S.Paulo, 18/9/2004)

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O caboclo,o padre e o estudante

Um estudante e um padre viajaram pelo sertão, tendo como bagageiro um caboclo.

Deram-lhe numa casa um pequeno queijo de cabra. Não sabendo dividi-lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito, pensando engabelar todos com seus recursos oratórios. Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o.

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Pela manhã, os três sentaram-se à mesa para tomar café e cada qual teve de contar o seu sonho.O frade disse ter sonhado com a escada de Jacob e descreveu-a brilhantemente. Por ela, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante, então, narrou que sonhara já dentro do céu à espera do padre que subia. O caboclo sorriu e falou:

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-Eu sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá dentro do céu, rodeado de amigos. Eu ficava na terra e gritava:

-Seu doutor, seu padre, o queijo! Vosmincês esqueceram o queijo. Então, Vosmincês respondiam de longe, do céu:

-Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós estamos no céu, não queremos queijo.

O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levantei-me enquanto vosmincês dormiam e comi o queijo...

CASCUDO, Luís da Câmara

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“A política é necessária para que a sociedade funcione normalmente, para que o poder seja exercido em comum, sem o predomínio abusivo de um homem, de um grupo, de uma classe. Os governos totalitários e autoritários a primeira coisa que fazem é erradicar a vida política como planta daninha, a fim de melhor monopolizarem o poder. Da mesma forma,certa dose de religião é indispensável ao bom equilíbrio social.

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O indivíduo isolado pode viver sem religião, os povos não.

A ponto de governos declaradamente ateus, como o da Rússia, não poderem evitar em seu meio a sacralização

do Estado, que ocupa o lugar antes tomado por Deus. Portanto, ações políticas são necessárias à organização social.”

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Nada mais repousante do que a leitura das belas crônicas que compõem Boca de luar, o novo livro do grande poeta Carlos Drummond de Andrade (ed. Record). São escritos ligeiros, que poderiam facilmente ser acusados de pouca profundidade. Mas isso não é verdade. As crônicas de Drummond são verdadeiras fotografias do cotidiano, enfocando o que de mais simples, humano, cômico, dramático e terno existe na vida de todos os dias.

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Nesses pequenos instantâneos, o poeta faz com que enxerguemos as pequenas coisas, mesmo que a princípio elas pareçam ter pouca importância, dando-lhes dimensão poética.

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OS NAMORADOS DA FILHA

Quando a minha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os rígidos padrões morais de sua juventude. Homem avançado, esperava que aquilo acontecesse um dia. Só não esperava que acontecesse tão cedo.

Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A moça podia dormir com o namorado:

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- Mas aqui em casa.

Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em inesperada comodidade. Vida amorosa em domicílio, o que mais podia desejar Perfeito.

O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque passaria a partilhar o abundante café da manhã da família. Aliás, seu apetite era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa, devorava toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a litros de suco de laranja.

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Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com outro. O pai pediu que ela trouxesse o rapaz. Veio, e era muito parecido com o anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.

Breve, o homem descobriria que constância não era uma característica fundamental de sua filha.

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Os namorados começaram a se suceder em ritmo acelerado. Cada manhã de domingo, era uma nova surpresa: este é o Rodrigo, este é o James, este é o Tato, este é o Cabeça. Lá pelas tantas, ele desistiu de memorizar nomes ou mesmo fisionomias. Se estava na mesa do café da manhã, era namorado. Ás vezes, também acontecia -ah, essa próstata, essa próstata – que ele levantava à noite para ir ao banheiro e cruzava com um dos galãs no corredor. Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis.

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Uma noite, acordou, como de costume, e, no corredor, deu de cara com um rapaz que o olhou apavorado. Tranquilizou- o:

- Eu sou o pai da Melissa. Não se preocupe, fique à vontade. Faça de conta que a casa é sua.

E foi deitar.

Na manhã seguinte, a filha desceu para tomar café. Sozinha.

- E o rapaz? - perguntou o pai.

- Que rapaz? – disse ela.

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Algo lhe ocorreu, e ele, nervoso, pôs-se de imediato a checar a casa. Faltava o CD player, faltava a máquina fotográfica, faltava a impressora do computador. O namorado não era namorado. Paixão poderia nutrir, mas era pela propriedade alheia.

Um único consolo restou ao perplexo pai: aquele, pelo menos, não fizera estrago no café da manhã.

Moacyr Scliar. Revista Zero Hora, 26 abr. 1998.

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CLARINDA