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Mudança na sociedade portuguesa

Na economia como nas almas o país está irreconhecível

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Portugal mudou mais tarde, mas mais rapidamente

Nenhum outro país conseguiu liquidar o campesinato, reduzir a taxa de fecundidade, mudar os padrões de consumo, diminuir a mortalidade infantil, acelerar o envelhecimento (docentes), instaurar o sufrágio universal, separar a Igreja do Estado, criar uma classe média, abrir as fronteiras a pessoas, bens e capitais, escolarizar a população, (Ensino Superior por níveis etários) criar um serviço nacional de saúde (Despesa em % PIB/UE; Médicos/100 mil habitantes), liquidar um Império à velocidade a que Portugal o fez. Na economia como nas almas o país está irreconhecível. As mudanças em Portugal entre 1974 e 2024 são abrangentes e tocam todos os aspectos da vida social, política e económica do país.

Dimensão política

Transição da ditadura para a democracia: A Revolução dos Cravos de 1974 derrubou o regime autoritário do Estado Novo e deu início a uma democracia parlamentar.
Pluralismo político: O fim do sistema unipartidário permitiu a criação de diversos partidos políticos e a participação de diferentes correntes ideológicas na vida política.
Integração na União Europeia: 10 anos após pedir a adesão, em 1986 Portugal passou a Estado-Membro da então Comunidade Económica Europeia, o que teve um impacto profundo na sua economia e sociedade.

Dimensão social

Melhoria dos indicadores sociais: A esperança média de vida, o nível de educação e o acesso a serviços básicos como saúde e habitação melhoraram significativamente.
Emancipação das mulheres: As mulheres conquistaram direitos iguais aos homens em áreas como a educação, o trabalho e a participação política.
Maior abertura cultural: A liberdade de expressão e de associação permitiram o florescimento de uma cultura mais diversa e plural.
Alternância no fluxo das migrações: País de partida de emigrantes até 1973, o saldo migratório tem trocado o seu sentido frequentemente. Actualmente, a população cresce porque o fluxo de imigração compensa o saldo fisiológico negativo.

Dimensão económica 1/2

Crescimento económico: (tcv) O PIB per capita de Portugal correspondia a 36% da média da UE em 1974, atingindo os 75% em 2000, convergindo com a União Europeia. Posteriormente foi ultrapassado por 8 novos EM, num processo de divergência sem fim à vista.

Mudança na estrutura da economia: O país passou de uma economia rural para uma economia de serviços, com o turismo barato assumindo um papel importante, representando 9,5% do PIB em 2023.
Aumento do nível de vida: A população portuguesa tem hoje um nível de vida mais elevado do que em 1974, com maior acesso a bens e serviços, mas em 2017 o salário mínimo real valia menos que em 1975. A inflação constituía o maior desafio económico, que colocava em risco a adesão ao Euro. Hoje, a desigualdade na repartição do rendimento e da riqueza constituem o maior constrangimento no acesso aos bens.

Dimensão económica 2/2

Dívida externa: O financiamento de sucessivos défices da Balança Corrente têm levado ao agravamento da dívida externa, resultante do défice estrutural da Balança de Bens.
Elevada dívida pública: (1953/2024) A necessidade de reduzir a dívida pública para menos de 60% do PIB, ao ritmo imposto pelo Tratado Orçamental, reduziu a política económica à política orçamental. Não sendo possível aumentar as despesas correntes nem reduzir os impostos, as propostas dos partidos do arco da governação são semelhantes, justificando o desinteresse pela política.

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Outros aspectos

Descentralização do poder: A administração pública foi descentralizada, com a criação de regiões autónomas e municípios com maior autonomia.
Modernização das infraestruturas: O país investiu na modernização das suas infraestruturas, como estradas, portos e aeroportos.
Maior abertura ao mundo: Portugal tornou-se um país mais aberto ao mundo, com uma maior participação em organizações internacionais e uma maior interação com outras culturas.
Nem todas as mudanças foram positivas. Além da desigualdade social e da dívida pública, o país surge apenas na posição 34/180 no índice de percepções da corrupção, indicando que a generalidade das economias com que nos comparamos, possuem sistemas de prestação de contas mais eficazes, facilitando o seu desenvolvimento.

Bibliografia

Mudança Social em Portugal, 1960/2000, António Barreto, ICS, Lisboa