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Castro Alves

Terceira Geração do Romantismo

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Introdução

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A canção do africano

  • Lá na úmida senzala,�Sentado na estreita sala,�Junto ao braseiro, no chão,�Entoa o escravo o seu canto,�E ao cantar correm-lhe em pranto�Saudades do seu torrão ...��De um lado, uma negra escrava�Os olhos no filho crava,�Que tem no colo a embalar...�E à meia voz lá responde�Ao canto, e o filhinho esconde,�Talvez pra não o escutar!��"Minha terra é lá bem longe,�Das bandas de onde o sol vem;�Esta terra é mais bonita,�Mas à outra eu quero bem!��"0 sol faz lá tudo em fogo,�Faz em brasa toda a areia;�Ninguém sabe como é belo�Ver de tarde a papa-ceia!��"Aquelas terras tão grandes,�Tão compridas como o mar,�Com suas poucas palmeiras�Dão vontade de pensar ...��

"Lá todos vivem felizes,�Todos dançam no terreiro;�A gente lá não se vende�Como aqui, só por dinheiro".��O escravo calou a fala,�Porque na úmida sala�O fogo estava a apagar;�E a escrava acabou seu canto,�Pra não acordar com o pranto�O seu filhinho a sonhar!���............................���O escravo então foi deitar-se,�Pois tinha de levantar-se�Bem antes do sol nascer,�E se tardasse, coitado,�Teria de ser surrado,�Pois bastava escravo ser.��E a cativa desgraçada�Deita seu filho, calada,�E põe-se triste a beijá-lo,�Talvez temendo que o dono�Não viesse, em meio do sono,�De seus braços arrancá-lo!

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Três Amores

Minha alma é como a fronte sonhadora�Do louco bardo, que Ferrara chora...�Sou Tasso!... a primavera de teus risos�De minha vida as solidões enflora...�Longe de ti eu bebo os teus perfumes,�Sigo na terra de teu passo os lumes...�— Tu és Eleonora...���Meu coração desmaia pensativo,�Cismando em tua rosa predileta.�Sou teu pálido amante vaporoso,�Sou teu Romeu... teu lânguido poeta!...�Sonho-te às vezes virgem... seminua...�Roubo-te um casto beijo à luz da lua...�— E tu és Julieta...��

�Na volúpia das noites andaluzas�O sangue ardente em minhas veias rola...�Sou D. Juan!... Donzelas amorosas,�Vós conheceis-me os trenós na viola!�Sobre o leito do amor teu seio brilha...�Eu morro, se desfaço-te a mantilha...�Tu és — Júlia, a Espanhola!...

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As três irmãs do poeta

É Noite! as sombras correm nebulosas.�Vão três pálidas virgens silenciosas�Através da procela irrequieta.�Vão três pálidas virgens... vão sombrias�Rindo colar num beijo as bocas frias...���Na fronte cismadora do Poeta:�"Saúde, irmão! Eu sou a Indiferença.�Sou eu quem te sepulta a ideia imensa,�Quem no teu nome a escuridão projeta...�Fui eu que te vesti do meu sudário...�Que vais fazer tão triste e solitário?..."

- “ Eu lutarei!" - responde-lhe o Poeta.�"Saúde, meu irmão! Eu sou a Fome.�Sou eu quem o teu negro pão consome...�O teu mísero pão, mísero atleta!�Hoje, amanhã, depois... depois (qu'importa?)�Virei sempre sentar-me à tua porta..."���-"Eu sofrerei"-responde-lhe o Poeta.�"Saúde, meu irmão! Eu sou a Morte.�Suspende em meio o hino augusto e forte.�Marquei-te a fronte, mísero profeta!�Volve ao nada! Não sentes neste enleio�Teu cântico gelar-se no meu seio?!"�-"Eu cantarei no céu" - diz-lhe o Poeta!

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Os Escravos

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Biografia

Castro Alves (1847-1871) foi um poeta brasileiro. O último grande poeta da terceira geração romântica no Brasil. Expressou em suas poesias a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo. Denunciou a crueldade da escravidão e clamou pela liberdade, dando ao romantismo um sentido social e revolucionário que o aproxima do realismo. Foi também o poeta do amor, sua poesia amorosa descreve a beleza e a sedução do corpo da mulher.

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PARTICIPANTES DO GRUPO�AUGUSTO, ALEXANDRE, MARCELO E LEONARDO