LUIZ ROMERO
LÍNGUA PORTUGUESA: LITERATURA
ROMANTISMO BRASILEIRO
INTELECÇÃO DE TEXTOS
CASTRO ALVES
05/05/2022
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GERAÇÃO | DENOMINAÇÃO | COMPONENTES | MODELOS POÉTICOS | TEMAS |
1.ª | Nacionalista/ Indianista | • Gonçalves de Magalhães e • Gonçalves Dias | Chateaubriand e Lamartine | – O ÍNDIO – A SAUDADE DA PÁTRIA – A NATUREZA – A RELIGIOSIDADE – O AMOR IMPOSSÍVEL |
2.ª | Byroniana / Subjetivista / Ultrarromantismo | • Álvares de Azevedo • Casimiro de Abreu • Fagundes Varela | Byron e Mussett | – O PESSIMISMO – O TÉDIO / A ORGIA – A DÚVIDA / A MORTE – A INFÂNCIA – O MEDO DO AMOR – O SOFRIMENTO – SATANISMO / GÓTICO |
3.ª | Liberal / Social / Condoreira |
| Vitor Hugo | – DEFESA DE CAUSAS HUMANITÁRIAS – DENÚNCIA DA ESCRAVIDÃO – AMOR ERÓTICO |
GERAÇÕES – POESIA
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Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
O POETA ÉPICO: “O NAVIO NEGREIRO” (4ª PARTE)
Castro Alves
(1847 – 1871)
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E ri-se a orquestra irônica, estridente.
E da ronda fantástica a serpente
Faz doidas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
Arte de Marcílio Godói
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No entanto o capitão manda a manobra...
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz, do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar.”
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam
E ri-se Satanás!
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01. Um navio negreiro se destinava a
02. A palavra tetas, na segunda estrofe,
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03. “Era um sonho dantesco....” Ao associar a um sonho as cenas que o poeta vai descrever, o eu lírico prenuncia que
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04. O adjetivo dantesco – derivado do nome de Dante Alighieri, poeta italiano autor da Divina Comédia (escrita entre 1306/21 – Inferno, Purgatório e Paraíso), apresenta passagens marcantes que tornaram conhecido o adjetivo dantesco – relacionado com a loucura das cenas, o eu lírico evoca a ideia de algo
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05. A descrição do tombadilho (parte elevada do navio) com suas luzernas imediatamente nos leva a associar
06. Por diversas vezes o poeta emprega metaforicamente o verbo dançar. Pelo contexto, esse dançar se refere a movimentos
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07. A escolha do tema social, humanitário, histórico, o gosto da eloquência, da oratória justificam o texto como sendo da poesia romântica da Terceira Geração, cujo autor Castro Alves é
a) um defensor de causas sociais.
b) um revolucionário incontido.
c) um poeta pessimista e nocivo.
d) subjetivo, individualista e satânico.
e) misógino, irônico e depressivo.
08. O texto lido é típico da Geração Condoreira, isto é, da Terceira Geração do Romantismo Brasileiro e apresenta temática mais evidente:
a) a poesia nacionalista e indianista;
b) a poesia social e urbana;
c) a poesia liberal e social;
d) o romance urbano e regionalista;
e) o teatro sentimental e trágico.
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09. Com a expressão “turbilhão de espectros”, o poeta põe em evidência
10. “Outro, que de martírios embrutece, / Cantando geme e ri !” O verbo embrutece, neste verso, dá ideia de
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11. Ainda em relação ao verso destacado na questão anterior, a antítese “Cantando geme e ri” reforça a ideia de
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12. “E ri-se Satanás!” Este verso pode nos dar a impressão sonora do estourar (soar / espocar) de uma gargalhada zombeteira. Essa impressão sonora é propiciada sobretudo pela presença
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13. O fragmento do “Navio Negreiro” aqui apresentado é formado por estrofes de seis versos, numa sequência constante de dois versos de dez sílabas métricas e um de seis sílabas métricas. Tanto pela leitura como pelo próprio aspecto visual, temos a impressão de um ritmo
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14. A resposta da questão anterior oferece, pelo aspecto visual e conhecimentos de estudos de Teoria da Literatura sobre o poema, justificativa pela ideia de