1 of 35

Um bocadinho de Inverno

Paul Stewart

e

Chris Riddell

2 of 35

– Vou ter saudades de ti – disse o Coelho.

– Vais ter saudades de mim?

– Não – disse o Ouriço.�– Eu vou ter saudades de ti – disse o Coelho.�– Já sei – disse o Ouriço – ainda agora mo disseste.

3 of 35

– És esquecido – disse o Ouriço.�– Esquecido? – disse o Coelho.�– Se não fosses esquecido – disse o Ouriço -, lembravas-te de por que é que eu não vou ter saudades de ti.

4 of 35

– Lembra-me – disse o Coelho.�– Vou estar a dormir – disse o Ouriço. – Quando estamos a dormir não temos saudades dos amigos.

5 of 35

O Ouriço pegou numa pedra bicuda e foi até à árvore. O Coelho comeu uma ervinha verde, e depois uma florinha, e depois um trevo.

6 of 35

O Ouriço escreveu uma mensagem na casca.

7 of 35

– Coelho - disse o Ouriço - , quero que me faças uma coisa. Vai ser difícil para um animal que é tão esquecido. Foi por isso que escrevi uma mensagem: para te lembrar. Quero que me guardes um bocadinho de Inverno.

– Mas porquê? – perguntou o Coelho.

– Quero saber como é o Inverno – disse o Ouriço.

– O Inverno é duro e branco – disse o Coelho.

– O Inverno é frio.

– Mas frio como? – disse o Ouriço.

– Agora tenho frio. Frio e s-o-o-o-n-o.

E bocejou.

8 of 35

O Coelho abanou o amigo.

– Ai! – gritou ele.

9 of 35

– Coelho – disse o Ouriço.

– Está na hora de eu encontrar um sítio quente para passar o Inverno.

10 of 35

O Coelho chupou a pata.

– Vou ter saudades de ti – disse ele.

11 of 35

Nesse ano o Inverno foi rigoroso.

Caiu neve.

O lago gelou.

12 of 35

O Coelho estava quentinho na toca, mas tinha fome.

13 of 35

– Isto é que é aborrecido no Inverno – disse o Coelho, enquanto saltava para fora. – Quanto mais frio está, mais comida eu quero.�Olhou em volta.�– E quanto mais frio está, menos comida encontro.��Não havia erva verde.�Não havia trevos verdes.��O Coelho teve de se contentar com coisas castanhas.

14 of 35

Folhas castanhas.

15 of 35

Casca castanha.

16 of 35

Uma bolota castanha.

17 of 35

Quando o Coelho viu as palavras na árvore, ficou tão surpreendido que deixou cair a bolota.

18 of 35

A bolota rolou.

Juntou neve.

Transformou-se numa bolinha de neve.

19 of 35

O Coelho leu a mensagem.

– Ai a minha cabeça – disse ele. – Um bocadinho de quê?

Soprava um vento gelado. O Coelho olhou para a bola de neve e lembrou-se.

– Um bocadinho de Inverno – disse ele.

20 of 35

O Coelho rolou a bola de neve na neve.

A bola ficou cada vez maior.

21 of 35

O Coelho embrulhou a bola de neve com folhas.

– Não vão deixar entrar o calor. Não vão deixar sair o frio – disse o Coelho.

22 of 35

– Depois guardo-a debaixo do chão.

23 of 35

Chegou a Primavera. O Sol brilhava. A neve derreteu-se e o lago voltou a ser de água.

O Ouriço acordou.

24 of 35

– Ouriço! – disse o Coelho.

– Coelho! – disse o Ouriço.

25 of 35

– Oh, Coelho – disse o Ouriço -, comeste o Inverno.

26 of 35

– Não – disse o Coelho.

– Comi foi a casca. O Inverno está guardado.

– Está na minha toca.

– Vou buscá-lo.

27 of 35

O Coelho tocou na bola castanha e macia.

Disseste-me que o Inverno era duro e branco – disse ele.

– E frio.

– Espera – disse o Coelho.

28 of 35

Retirou as folhas, uma a uma.

29 of 35

O Ouriço olhou para a bola de neve.

Tinha o aspecto de Inverno.

30 of 35

O Ouriço cheirou a bola de neve.

Cheirava a Inverno.

31 of 35

O Ouriço agarrou na bola de neve com as patas.

32 of 35

– Ai – gritou ele.

– Ela mordeu-me.

33 of 35

– É assim que é o Inverno – disse o Coelho.

34 of 35

– Obrigado por te teres lembrado – disse o ouriço.

– Lembrei-me porque tive saudades de ti – disse o coelho.

– E tu, tiveste saudades de mim?

O Ouriço deu um suspiro.

– Oh, Coelho – disse ele.

35 of 35

P. B. – 2009/2010

Agrupamento de Escolas Gonçalo Sampaio