Nós, Analistas Judiciários, manifestamos, por meio desta, nosso compromisso inabalável com a unidade e a luta conjunta da categoria dos servidores do Poder Judiciário da União em prol de melhores condições de trabalho, elemento essencial para a dignificação de nossa profissão e a valorização do serviço público.
Cumpre-nos, entretanto, evidenciar que nossa categoria convive há quase 20 (vinte) anos sem a implementação de um novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS).
Desde então o cenário ficou cada vez mais complexo, com aumento das demandas sobre os servidores, em função do aperfeiçoamento dos órgãos de controle que tiveram se desdobrar para assumir novas atribuições e construir competências para enfrentar os desafios crescentes de qualificação e desempenho No entanto, os salários permaneceram estagnados e diversos benefícios e direitos nos foram retirados, enquanto a magistratura tem se apropriado de importantes parcelas do orçamento do Poder Judiciário, angariando uma série de benefícios e reajustes significativos ao longo dos anos.
Mas a situação atual se revela ainda mais grave. É motivo de espanto constatar que, neste governo, todas as demais carreiras da esfera federal já obtiveram reajustes salariais, com exceção dos servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público. Ainda, constata-se que os servidores dos Tribunais de Justiça dos mais variados Estados da federação têm sido contemplados com melhores ajustes e configurações de carreira, nos últimos anos.
Diante deste cenário, manifestamos nosso descontentamento com a atuação do SITRAEMG e, por extensão, da FENAJUFE, que - devido à inércia e ao direcionamento dos esforços e recursos da atuação sindical para pautas estritamente sectárias - têm se mostrado incapazes de avançar nas demandas de interesse geral de toda a categoria, resultando em uma atuação política que nos levou ao atual cenário de previsão de reajuste zero, acumulando perdas inflacionárias da ordem de 30% para toda a categoria.
Essa postura tem contribuído para o agravamento de um quadro que já se revela insustentável, desvirtuando o verdadeiro papel da representação sindical.
A situação se torna ainda mais preocupante diante da decisão da Diretoria do SITRAEMG de interferir na escolha dos palestrantes designados para o evento destinado aos Analistas Judiciários. Ressaltamos que tal medida, que restringe o debate e a livre expressão de ideias, não foi aplicada ao encontro dos Técnicos Judiciários, demonstrando um tratamento diferenciado e, por conseguinte, prejudicial à construção de um diálogo plural e inclusivo.
Essa interferência evidencia mais uma vez o sectarismo que, lamentavelmente, emana da própria visão da Diretoria do SITRAEMG e da FENAJUFE, que atuam em conjunto com associações de Técnicos Judiciários para promover pautas que favorecem interesses restritos enquanto visam obstaculizar a organização de frentes para discussão de temas de interesse geral e de outros setores da categoria. É justamente esse tipo de conduta e atitudes que vem fomentando iniciativas de fragmentação, como recentemente observado no que se refere a proposta de criação de representação sindical própria para os Oficiais de Justiça, o que tem causado prejuízos concretos para a unidade da categoria.
Diante de todo o exposto, torna-se urgente que a representação sindical se reconduza ao foco de suas atividades, priorizando o avanço das pautas que atendam aos interesses de toda a categoria.
O verdadeiro fosso salarial que ora enfrentamos é fruto do empobrecimento dos servidores do Poder Judiciário da União em comparação com outras carreiras análogas da administração pública federal.
Assim, é imperativo abandonar a atual política de “reajuste zero” e concentrar esforços para pleitear a imediata recomposição das perdas inflacionárias, já a ser implementada no ano de 2025, como forma de restaurar a dignidade e a valorização profissional que tanto nos são devidas, com posterior discussão e andamento das demais pautas de legítimo interesse da categoria.
Confiamos na sensibilidade e no compromisso do SITRAEMG para com os anseios de seus representados e esperamos, urgentemente, a mobilização e a reorientação das pautas de luta sindical para que possamos, juntos, construir um futuro mais justo e equitativo para todos os servidores do Poder Judiciário da União.
Atenciosamente, subscrevem a presente carta: