Todo apoio à luta pela terra dos posseiros do Engenho Barro Branco! Solidariedade total aos camponeses e à estudante de Pedagogia da UFPE baleados pelo Movimento bolsonarista “invasão zero”!
O Engenho Barro Branco fica localizado nas terras da falida Usina Frei Caneca, no município de Jaqueira, Zona da Mata de Pernambuco. Mais de 500 famílias, cerca de 1.500 pessoas, vivem e trabalham há décadas naquelas terras. A Usina faliu deixando uma enorme dívida com o governo do estado, com o governo federal e, principalmente, com a enorme massa de trabalhadores que não receberam nenhum centavo de seus direitos trabalhistas. No lugar de desapropriar as terras da Usina, para entregar os lotes aos moradores e trabalhadores, o governo do estado em 2018 apoiou a manobra dos latifundiários de arrendar as terras da usina para o reacionário grupo latifundiário “Agropecuária Mata Sul”, pertencente ao ladrão de terras reacionário Guilherme Maranhão. Assim que as terras da Usina Frei Caneca foram arrendadas, iniciou-se uma guerra não declarada da “Agropecuária Mata Sul” contra os camponeses posseiros daquelas terras. Ataques sistemáticos passaram a ser feitos contra as massas: destruição de sítios, invasão de domicílios por grupos de pistoleiros de Guilherme Maranhão, envenenamento de cacimbas d’água, demolição e soterramento de casas das famílias camponesas, que há mais de 100 anos vivem e trabalham naquelas terras.
O município de Jaqueira ocupa o sétimo lugar do país em número de conflitos no campo, conforme o Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), referente ao ano de 2023. No dia 18 de setembro, uma agente pastoral da CPT, foi sequestrada, agredida e ameaçada de morte no município de Tamandaré/PE. Em 2022, no município de Barreiros, o menino Jonatas, de 9 anos, filho de uma liderança camponesa, foi assassinado dentro de sua casa, invadida por pistoleiros. São inúmeras as denúncias de violações de direitos das famílias camponesas na região.
Cansados de tantos ataques do latifúndio os posseiros do Engenho Barro Branco, desde o ano passado, começaram a se organizar na Liga dos Camponeses Pobres (LCP). De lá para cá, cada ataque do latifúndio passou a ser respondido pelos camponeses, que passaram a se mobilizar, ir para as ruas de Jaqueira e Recife, realizar audiências públicas e lutas combativas como único meio de arrancar os seus direitos. A luta ativa dos posseiros do Engenho Barro Branco tem provocado grande solidariedade entre estudantes, professores e democratas em Recife, Pernambuco e em todo o Brasil.
No último sábado, dia 28 de setembro, estava marcada mais uma Missão de Solidariedade, vinda de Recife para produzir materiais de divulgação daquela luta, bem como levar materiais necessários à produção e manutenção dos camponeses. Como tentativa desesperada de impedir mais esta ação de solidariedade, o grupo latifundiário “Agropecuária Mata Sul” em conjunto com o movimento bolsonarista “invasão zero” organizaram um ataque violento contra o Engenho Barro Branco.
Assim como tem feito em outras regiões do país, este movimento da extrema-direita, mobilizou 50 pistoleiros e latifundiários armados, em 14 caminhonetes e 3 retroescavadeiras com o objetivo de destruir a sede da Associação do Engenho Barro Branco, as casas dos camponeses e suas produções. Assim como ocorreu no assassinato da companheira Nega Pataxó, na Bahia, em janeiro deste ano, também em Jaqueira, um contingente de 50 PMs deu cobertura para o ataque da horda bolsonarista. Camponeses identificaram alguns pistoleiros como Policiais Militares reformados e da ativa da região.
O ataque durou toda a manhã de sábado, mas foi completamente derrotado pela heroica resistência camponesa, que contou com o destemido apoio dos estudantes e professores da Missão de Solidariedade. Os camponeses organizaram duas barricadas e conseguiram impedir o avanço das retroescavadeiras. Os pistoleiros dispararam mais de 100 tiros contra as famílias posseiras. Uma camponesa foi atingida no ombro, um camponês foi alvejado na barriga e na perna, outro camponês sofreu queimaduras e a estudante de pedagogia da UFPE, companheira Ana Cecília, foi atingida por um tiro no pé. Apesar desses ataques covardes, os resistentes não abandonaram as barricadas e num combate que durou mais de seis horas, com muitas pedras, foices e paus, conseguiram fazer retroceder as duas retroescavadeiras e o bando de pistoleiros. Dois dos pistoleiros criminosos também foram baleados. Apesar do forte armamento do latifúndio, o povo conseguiu vencer esta luta e obrigou os pistoleiros a recuarem.
Ao mesmo tempo, esteve presente durante todo o ataque dos para-militares da extrema-direita, um contingente de mais de 8 viaturas e dezenas de policiais militares fortemente armados, e com o reforço do Batalhão Especializado de Policiamento do Interior, e ficaram apenas assistindo e dando cobertura à ação criminosa e covarde da pistolagem do latifúndio. Logo após o ataque dos pistoleiros e da heroica resistência camponesa, a Polícia Civil de Pernambuco passou a intimidar e perseguir os posseiros de Barro Branco, as lideranças da Associação e da LCP. Seis camponeses foram intimados para prestar depoimento em um interrogatório abertamente político e ilegal, com o objetivo de identificar e localizar suas lideranças, coisa que não conseguiram. Como de costume, as autoridades deste falido e velho Estado criminalizam os lutadores do povo, acusam as vítimas e sempre concedem a impunidade ao latifúndio e seus agentes. Como o caso do assassino confesso de Nega Pataxó, que já está em liberdade.
Nós abaixo-assinados, estudantes, professores, intelectuais, artistas, advogados e democratas em geral, entidades e organizações democráticas e populares, expressamos nossa mais viva e ampla solidariedade aos posseiros do Engenho Barro Branco. Condenamos veementemente a cumplicidade da Polícia Militar com o Movimento bolsonarista “invasão zero” e denunciamos a inadmissível tentativa de criminalização da Associação de Posseiros e da Liga dos Camponeses Pobres. Quem deve ser investigada e punida é a empresa criminosa “Agropecuária Mata Sul”, quem deve ser responsabilizado é o latifundiário ladrão de terras Guilherme Maranhão e o líder do Movimento bolsonarista “invasão zero” em Pernambuco, José Antônio Fonseca de Mello, e toda sua corja de bandidos paramilitares, responsáveis dentre outros crimes pelo vil e covarde assassinato do menino Jonatas, de apenas 9 anos, em 2022.
Exigimos da governadora Raquel Lira um basta à conivência e cobertura dada pela Polícia Militar do estado aos ataques terroristas da extrema-direita contra os posseiros e estudantes em Barro Branco, bem como o fim da perseguição e tentativas de criminalização dos camponeses e suas lideranças por parte da Polícia Civil. Exigimos do governo de Luís Inácio a desapropriação imediata das terras da falida Usina Frei Caneca e que destine todas as suas terras, que totalizam mais de 5 mil hectares, para os camponeses posseiros que nela vivem e trabalham e para os trabalhadores que foram demitidos sem o pagamento de qualquer direito trabalhista. Exigimos que o reitor da UFPE, professor Alfredo Gomes, cobre dos órgãos competentes a punição contra a tentativa de assassinato sofrida pela estudante do curso de Pedagogia, e preste o devido apoio aos estudantes e camponeses ameaçados.
Reiteramos nossa solidariedade aos camponeses e à estudante feridos na heroica e vitoriosa resistência de Barro Branco. E nos comprometemos a mantermos todo nosso apoio à sagrada luta pela terra dos camponeses, indígenas e quilombolas.
COMITÊ DE APOIO À LUTA DOS POSSEIROS DE BARRO BRANCO
Subscrevem esta nota:
- Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO)
- Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta (ABRAPO)
- Coletivo Mangue Vermelho (MV)
- Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR)
- Associação dos Docentes Universidade Federal do Amazonas (ADUA)
- Associação Pernambucana de Anistiados Políticos (APAP)
- União Democrática dos artistas digitais (UNIDAD)
- Sindicato dos Trabalhadores da educação do Mato Grosso (Sintep-MT)
- Associação dos docentes da Universidade Federal de Rondônia (ADUNIR -SSIND-ANDES-SN)
- Associação Docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Asduerj)
- ECOFAM - associação de agroecologia familiar
- Simsed- Sindicato Municipal dos Trabalhadores da Educação de Goiânia.
- Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Maranhão
- Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Pe. Josimo
- Centro de Estudos e Ação Social Rural (CEAS RURAL)
- Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas ao Setor Público (CEPASP-UFG)
- Núcleo Autônomo de Estatística Computacional José Carlos Mariátegui
- Núcleo de Estudos Urbanos Regionais e Agrários da UFT (NURBA)
- Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe)
- Executiva Estadual de Estudantes de Pedagogia de São Paulo - EEEPE-SP
- Grêmio Livre Breno Roberto - IFPE Campus Recife
- IFPE - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco
- Diretório Acadêmico de Filosofia da UFPE
- Diretório Acadêmico de Design (DADe) da UFPE
- Diretório Acadêmico de Comunicação Social da UFMA - Gestão Lima Barreto
- Diretório Acadêmico de Cinema e Audiovisual (DACINE) da UFPE
- Diretório Acadêmico de Medicina do Agreste Guimarães Rosa (DAMAGRO)
- Diretório Acadêmico de Medicina Umberto Câmara Neto (DAMUC) da UFPE
- Centro Acadêmico de Ciências Contábeis (CACIC) da UFPE
- Diretório Academia de Serviço Social Flávia Clemente (DASS) da UFPE
- Diretório Acadêmico de Ciências Biológicas - Bacharelado
da UFPE
- Diretório Acadêmico de Turismo (DATur) UFPE
- Centro Acadêmico de Pedagogia José Maria Galhasi - Unir
- Centro Acadêmico de Psicologia da UFPR (CAP-UFPR)
- Centro Académico de Geografia Estrabão (CAGEO - IFSP)
- Centro Acadêmico de Pedagogia Cecília Meireles - Unifesp
- Centro Estudantil da Pedagogia - CEPed da USP de Ribeirão Preto
- Diretório Acadêmico XIV de Março - Unifesp Osasco
- Coletivo Carcará
- Coletivo Remís Carla
- Coletivo de Base - Honestino Guimarães
- Movimento João de Barro
- Frente Estudantil Combativa do CEP (FECCEP)
- Frente Independente de Luta contra o Novo Ensino Médio (FIL - SP)
- Partido da Causa Operária (PCO)
- Revolução Brasileira (RB)
- Partido dos Trabalhadores (PT)
- NYC Revolutionary Youth
- Portland Revolutionary Student Union (PDX RSU)
- Portland Revolutionary Study Group
- Brigadas Populares
- Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem Teto (MUST)
- Movimento Popular Terra Livre
- Associação de Educação, Arte, Cultura e Agroecologia Sítio Ágatha
- Fórum de Mulheres de Imperatriz e Região Tocantina do Maranhão
- Instituto Miroslav Milovic
- Coletivo KDQ?
- Grupo Libertação Popular (GLP)
- Resistência Popular Pernambuco (RP-PE)
- Unidade Vermelha - Liga da Juventude Revolucionária
- Alvorada do Povo
- Comitê Baiano de Apoio à Luta pela Terra (CBALT)
- Comitê de Boicote à farsa eleitoral - Rio de janeiro
- Comitê Popular de Lutas em Defesa do Socialismo
- Comitê de Defesa Popular de Campina Grande
- Comitê de Apoio ao Acampamento Mãe Bernadete
- Comitê de Apoio ao jornal AND do Rio de Janeiro
- Comitê de Apoio ao jornal AND de Macatuba
- Pré-Comitê de Apoio ao Jornal A Nova Democracia - São Lourenço (MG)
- Coletivo Cultural A Nova Democracia - Rio de Janeiro
- IncendiArte
- Ameaça Vermelha
- Banda Find the Roots - PE
- Nação Rebolation 69 (NR69), coletivo de artistas musicais do funk
- Coletivo Akamanto
- HQ Uni-Vos
- Grupo de Estudos Marxismo e Educação no Brasil
- Grupo de Estudos Vale dos Pomares
- Grupo de Pesquisa Educação Popular e Movimentos Sociais do Campo
- Grupo de Estudos Interdisciplinar Pobreza, Trabalho e Lutas Sociais - POPULUS (NEEPD-UFPE)
- Grupo de Pesquisa em Educação Popular e Movimentos Sociais Camponeses (CNPQ) UFPB
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