É extremamente preocupante e ameaçadora a situação de apreensão que
atinge hoje os Editores de periódicos científicos no país, com a
descontinuidade do edital de apoio à editoração, a partir de 2023. Sem qualquer
informação sobre a continuidade do financiamento por parte das agências
federais de fomento, um volume significativo de publicações alocadas em
instituições científicas, de ensino e de pesquisa, vê-se sob a pressão de um
horizonte sem recursos para o seu funcionamento e continuidade de seus mais
caros compromissos com a difusão de conhecimento de qualidade.
Não são poucas as pressões que esse segmento da atividade científica
sofre. Ao lado das imposições das plataformas sobre o acesso aberto, demandas
por internacionalização e das pressões pela adoção de cobranças, apresentam-se
as renovadas exigências de qualidade nas distintas áreas de conhecimento,
acompanhada da escassez de recursos. Amputar da dinâmica de publicação científica
o financiamento público significa, a curto prazo, comprometer os patamares da
excelência conquistada nas últimas décadas.
O periodismo especializado não exerce a divulgação do conhecimento
científico para si. Dependem da comunicação científica de qualidade o sucesso
do Sistema Nacional de Pós-Graduação, a ampliação dos patamares de inovação e
desenvolvimento, a construção e consolidação de redes nacionais e
internacionais de pesquisa, bem como a socialização de resultados que levam ao
avanço da ciência e do pensamento na sociedade contemporânea. Para tanto, a
existência e sustentação de uma malha robusta de
revistas especializadas se constitui em uma condição necessária.
É mister que o CNPq e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação,
assim como o Ministério da Educação e a CAPES reconheçam o papel desse segmento
para o avanço da ciência produzida no país e reapresentem os aportes
financeiros consistentes para esse segmento por meio do Edital de Auxílio
Editoração, de modo a atender todas as áreas de conhecimento.
Ressaltamos que boa parte das revistas científicas do país dependem
exclusivamente do apoio das agências federais de fomento. Muitas delas estão a
ponto de ter de suspender suas atividades por falta de verbas, o que
representará um enorme prejuízo, não somente para os periódicos, mas para a
comunidade acadêmica como um todo, uma vez que terão o acesso à publicação dos
resultados de suas pesquisas e ao conhecimento produzido pelos distintos campos
de estudos enormemente afetado.
Por este motivo, nós, editores dos principais
periódicos especializados em diferentes campos do saber, solicitamos a
abertura, com urgência, de um edital de apoio aos periódicos científicos. Ao
mesmo tempo, solicitamos retomada do debate com as/os editoras/es para pensar
políticas de fomento de Estado, de modo a assegurar a sustentabilidade da
divulgação qualificada da ciência no Brasil.