Apoio ao movimento pacífico de ocupação de escolas pela Greve Climática Estudantil

Move-nos um imperativo de solidariedade. Somos um grupo independente de professoras e professores, de investigadoras e investigadores, que se constituiu para declarar apoio ao movimento pacífico de ocupação de escolas da Greve Climática Estudantil pelo “fim ao fóssil”.

Segundo o último relatório do IPCC (Painel Inter-Governamental sobre Mudanças Climáticas), metade da população humana será exposta a perigo de vida devido ao aumento do calor e da humidade, num prazo cujo limite da reversibilidade é 2030. É urgente eliminar as emissões resultantes de combustíveis fósseis para não ultrapassarmos a meta limiar de aumento da temperatura global de 1,5ºC estabelecida por esta entidade.

A mudança não resultará de práticas individuais isoladas ou de hipotéticos expedientes tecnológicos, mas sim de decisões políticas firmes, que esperamos dos nossos governos. Isso não acontecerá enquanto esses governos, sobretudo os mais responsáveis, atual e historicamente, pela poluição e utilização insustentável de comunidades e territórios inteiros, continuarem aliados aos interesses das petrolíferas e das grandes empresas extrativas.

É tempo de deixarmos de secundarizar as ameaças de extinção da nossa espécie, de ver a perda irreversível de outras espécies e a redução da biodiversidade como males menores, os elementos do planeta como recursos inesgotáveis, de tomar como normal que o consumo de luxo e lazer de uma minoria privilegiada se faça à custa da destruição da maioria de nós neste planeta. É tempo de deixarmos de nos guiar pelas narrativas da civilização industrial do Norte Global que enviesam o modo como olhamos o mundo e nele vivemos as nossas vidas.

Assustando-se com o futuro que vão herdar, os/as estudantes têm vindo a reclamar, desde 2018, a implementação de políticas de defesa dum mundo habitável. Faltaram massivamente às aulas, lembrando que não existe planeta B, sublinhando a contradição do ensinamento científico e da educação cidadã com a destruição consciente e negligente do planeta. De que vale aprender na escola aquilo que valoriza a vida se as próprias condições de vida não estão asseguradas?

Aplaudimos. Juntámo-nos às suas mobilizações, mas fomo-nos retirando de cena, com o desnorte da pandemia, do espectro de um conflito à escala mundial, de mais uma crise financeira. E porque nos pediram efetivamente contas. E nós não temos justificações para nos refugiarmos numa melancolia indolente, para não nos expormos às asperezas da luta. Enquanto isso, elas e eles, estupefacta/os com a nossa inércia, dispõem-se a travar com os corpos o avanço da engrenagem de extinção, com riscos de grande tensão emocional e prejuízos para a saúde mental.

É tempo de deixarmos o isolamento, mesmo que nos atarefemos para tapar as brechas de outras ameaças à proteção e saúde, que a todo o momento nos parecem mais variadas e imediatas. Enquanto isso, derretem as possibilidades de se controlar um processo letal para os humanos. 

Mais uma vez, a juventude mobiliza-se, com a esperança de que façamos o que a democracia nos pede. Desta feita, ocupando o espaço onde sempre dissemos que eles e elas deviam estar para preparar o seu futuro: as escolas, as universidades, os politécnicos. 

Nós, que gostaríamos de realizar as nossas vocações num ambiente de colaboração tranquila, sabemos bem, por outro lado, que as nossas escolas são o palco histórico de reivindicações contra a opressão imposta pelo privilégio de alguns e o sacrifício do comum. 

Aliamo-nos, pois, à causa estudantil por um plano de governo concreto, exequível, para a neutralidade carbónica até 2030, salvaguardando a equidade de trabalho (e a transição justa para empregos para o clima), bens e garantias. Não é só isso que é necessário para harmonizar a nossa casa comum. Tencionamos continuar a fazer o nosso trabalho. Vamos estar com as/os estudantes o mais possível e manifestamos a nossa disponibilidade para:

– Fazer aulas que contem com elas e eles e tratem dos problemas do clima e da justiça ambiental: das soluções de energia renovável; do incremento da biodiversidade; de alternativas políticas e ativistas; das histórias, geografias e políticas coloniais; do racismo ambiental; das desigualdades de género no trabalho de sustentação e cuidados; da imaginação poética para as relações entre seres, etc.;

– Intervir com as nossas aptidões e conhecimentos a nível científico, crítico, criativo e pedagógico;

– Discutir e (re)construir um desenho curricular que permita trabalhar sobre estas questões; 

– Nos organizarmos para debater as nossas insuficiências a nível ambiental e social em cada uma das nossas instituições; 

– Elencar e reivindicar as medidas específicas mais prementes para a mudança em cada escola; 

– Participar em ações, construtivas e não coercivas, de alerta, alegria, debate e protesto, aliando estudantes e trabalhadores, com vista à mudança que urge implementar em prol da justiça ambiental e social.

Apelamos a que demais pessoas da comunidade escolar e civil participem, quer subscrevendo este documento neste formulário, quer apresentando sugestões e ações conjuntas no mesmo.
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