Ao longo da história, a humanidade cometeu atos cruéis que nos envergonham. Atos que nos desumanizaram e mostram a face mais cruel da espécie humana. Foram vários genocídios, que é a forma de extermínio deliberado de um povo por razões étnicas, militares, religiosas ou culturais. As duas guerras mundiais e o genocídio do povo judeu, armênio, africano e eslavo, são alguns maus e tristes exemplos. Do apartheid na África do Sul ao extermínio dos povos indígenas, o homem provou sua crueldade moral e cultural.
Atualmente, também novas formas de crimes bárbaros vêm sendo praticados.Os crimes cibernéticos, provocados por um tipo de escória que despreza o semelhante e leva, por sadismo ou interesses espúrios, jovens ao suicídio. Hátambém crimes ambientais que exprimem o individualismo, a ganância e o desrespeito a todas as diferentes formas de vida, a ponto de comprometernosso futuro como espécie e a nossa casa comum, o planeta terra.
Isso já seria o suficiente para mostrar que não aprendemos o suficiente com a história. Mas, ao contrário, a estupidez, insanidade e a crueldade parecem não ter limites. Eis que pessoas aqui em nosso Estado reivindicam identidades sanguinárias para, através de métodos conhecidos, ameaçarem e praticaremviolência racial, política, religiosa, cultural e étnica. Uma violência que, favorecida pela política do atual governo federal de venda de armas, incentiva que se matam mulheres, pretos, pobres da periferia e de pessoas que brigam por divergências políticas.
O incentivo à violência permite que pessoas, ainda não identificadas, enviem um e-mail para a Fundação de Cultura de Itajaí-SC contra uma amostra da cultura haitiana. No texto onde ameaçam invadir o local para "matar todo mundo que a gente pudermos (sic) alcançar". Eles se dizem defensores da raça branca e afirmam que Santa Catarina é "terra de brancos e para brancos". E, continuam, "O lugar desses negros nojentos, dos índios fedorentos, dos nordestinos cabeças chatas, dos ratos judeus e da escória LGBT é longe de nossa terra europeia", diz o texto. "Não brancos, aqui não é o lugar de vocês. Vão embora de Santa Catarina e dos estados-irmãos Rio Grande do Sul e Paraná".
É uma clara demonstração de orientação genocida, do desejo à destruição e da eliminação do diferente. São ameaças, por si só repugnantes, que exprimem o apreço ao nazismo e ao fascismo, por suas ideias e métodos. Essas pessoas mostram o desprezo pelo diverso, pelo pobre, negro, comunistas, petistas e todos aqueles que não lhes agradam. São manifestações pela manutenção de privilégios e contra a expansão de direitos e de inclusão social. Essas pessoas se unem aos que defendem uma pseudoliberdade, que em
nome da liberdade de expressão, mentem e atacam as instituições democráticas para justamente destruir a democracia e implementar a ditadura. São pessoas que violentam e violam o Estado Democrático de Direito
ao tentarem impedir que prevaleça a vontade da maioria do povo. São, na verdade, criminosos.
Por isso estamos aqui, não por prazer, mas por necessidade, para defender algo que seria natural, mais não o é. Estamos aqui para clamar e buscar garantir que a sociedade catarinense se humanize diante da barbárie que quer se instalar em nosso Estado. Somos indivíduos, instituições, movimentos sociais, profissionais liberais de várias áreas, que se unem para dizer que frente ao acirramento da violência, do agravamento do clima de ódio, dos ataques à democracia, bem como da ascensão de práticas e organizações fascistas, é imperioso uma ampla e forte reação da sociedade, que se materializa e se expressa no MOVIMENTO
HUMANIZA SANTA CATARINA.
Um Movimento onde todos e todas são convidados/as a atuarem no combate a todas as formas de violência, de discriminação, preconceito, intolerância motivada por questões étnicas, credo religioso, racial, cor da pele, orientação sexual, identidade de gênero e convicções políticas. Mas precisamos lembrar, o tempo todo, que o mal não se veste de mal. Vamos derrotar o fascismo e o nazismo. Vamos mobilizar a sociedade catarinense na promoção e respeito à dignidade da pessoa humana, em defesa da paz e do respeito à diversidade.
Florianópolis, 22 de novembro de 2022.