CEMITÉRIOS ENQUANTO ESPAÇOS MÚLTIPLOS

Cemitérios são espaços aos quais nos dirigimos quando da partida de um familiar ou de um amigo. São lugares que nos permitem pensar sobre a brevidade da vida e acerca daquilo que efetivamente importa a cada um de nós. E, por fim, são também localidades que funcionam enquanto gatilhos de histórias e de memórias de ordem política, econômica, urbana, cultural e religiosa; essas vinculadas a um município, região ou país. Do ponto de vista político, esses são espaços que permitem pensarmos sobre a atuação social de agentes oficiais, pioneiros e outros personagens citadinos. Do ponto de vista econômico, os campos sacros possibilitam uma averiguação do quanto as diferenças sociais também se expressam no mundo dos mortos, sendo que essas são manifestas na volumetria, nos revestimentos, na arquitetura e nas obras de arte que adornam uma sepultura. Do ponto de vista religioso, os cemitérios possibilitam compreensões sobre a natureza múltipla do Sagrado, bem como, acerca das tantas representações sobre a vida e a morte. 

CEMITÉRIOS ENQUANTO PATRIMÔNIOS CULTURAIS E LUGARES TURÍSTICOS

O fato dos campos santos funcionarem enquanto evocadores de histórias individuais e sociais faz com que esses sejam vistos e definidos enquanto patrimônios culturais materiais de ordem sacra. No Brasil, um primeiro cemitério a ser tombado é o “dos Heróis do Jenipapo”. Localizado no estado do Piauí e portando os restos mortais de soldados que atuaram enquanto combatentes das tropas portuguesas que não aceitaram o processo da independência proclamado por conta do “Grito do Ipiranga”, tal cemitério foi tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) no ano de 1938. Outro exemplo é o “Cemitério dos Imigrantes” em Joinville, SC. Um local que referencia a história migratória brasileira. Enquanto cemitérios famosos e que integram a rota turística religiosa temos o “Cemitério da Consolação” (SP) e o “Cemitério São João Batista” (RJ). A nível internacional podemos citar o “Cemitério de Recoleta (Buenos Aires, Argentina) e Cemitério Nacional de Arlington (Washington, EUA), ambos famosos pelos sepultados e em razão da exuberância arquitetônica das sepulturas e do valor estético das obras de arte. 

HISTÓRIA DO CEMITÉRIO MUNICIPAL DE MARINGÁ

Tendo um número de aproximadamente 80.000 sepultados, a história do nosso campo sacro data de meados da década de 1940. No ano de 1945, o arquiteto e urbanista Jorge de Macedo Vieira, ao projetar o município de Maringá, definiu também uma área para a constituição de um cemitério. Esse seria logo às margens da atual avenida Juscelino Kubitschek. Em 10/05/1947, a Maringá oficial, ainda pertencente a Apucarana, é lançada. Neste momento algumas medidas foram adotadas para a execução desse espaço público, isso era urgente porque os sepultamentos dos maringaenses ocorriam em Mandaguari, Marialva, Apucarana, Campo Mourão e Cemitério dos Caboclos, em Paiçandu. Entretanto, apenas em 1953 é que ações mais decisivas foram adotadas para estruturar o espaço e a prestação de um serviço público de tal ordem. Tal fato se deu com a decisão do prefeito Inocente Villanova Junior (1953-1956) de contratar alguns poucos servidores para trabalharem no cemitério. Novas intervenções com vistas a tornar o espaço mais funcional foram realizadas na gestão do prefeito João Paulino (1961-1964), no caso, um arruamento foi realizado. Vale dizer que tais ações foram criticadas pelo fato de que demandaram a remoção de certas sepulturas. No governo do prefeito Luiz Moreira de Carvalho (1965-1968), contratou-se o arquiteto paulista José Augusto Bellucci com vistas a que novas melhorias fossem feitas. Daquilo que o referido arquiteto propôs, executou-se a construção do atual portal do cemitério e o projeto paisagístico.