As monarquias absolutas introduziram os exércitos permanentes, uma burocracia a serviço do Estado, um sistema de arrecadação de impostos em escala nacional, a organização de códigos de leis válidos em todo o país e o princípio de produção e distribuição de mercadorias, também em escala nacional, mercado unificado, sem as antigas limitações impostas pelos senhores feudais. As alterações nas formas de exploração feudal, substituição da renda em produtos ou trabalho pela renda em dinheiro, ocorridas ao longo do século XIV são bastante significativas. Na verdade, foram precisamente essas mudanças que modificaram as formas do Estado. Fundamentalmente o absolutismo era apenas isso: um novo Estado reforçado destinado a manter a dominação feudal. Organizado para submeter as massas camponesas e mantê-las na sua posição social tradicional, apesar dos benefícios que os camponeses tinham conquistado com as alterações ocorridas nas formas de exploração feudal. O Estado absolutista nunca foi um árbitro entre a aristocracia e a burguesia e menos ainda um instrumento da burguesia nascente contra aristocracia: ele era o novo disfarce político de uma nobreza atemorizada.
(ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliense, 1995.)


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