José Carlos Guape Gutierrez é imigrante venezuelano, trabalhador, morador da cidade de São Paulo e não fala bem português. Por razões xenofóbicas, homofóbicas e transfóbicas, em foi preso em maio de 2021.

Policiais invadiram a casa onde estavam José e sua parceira,  Valery Gomez, mulher trans, também venezuelana, com quem vive há 2 anos. Na ocasião, os agentes foram transfóbicos, homofóbicos, xenófobos e racistas, fatos que são comprovados por provas testemunhais.

Desde então, o Estado brasileiro tem mantido José preso. José não possui nenhum antecedente criminal, e, ainda assim, lhe foi negado o direito de responder seu processo em liberdade em 2 instâncias.

Trata-se, portanto, de uma prisão autoritária que ocorre na esteira do crescimento das manifestações violentas de intolerância que têm ocorrido no Brasil. O crescimento da xenofobia, do racismo, da homofobia e da transfobia tem sido largamente sustentada por discriminações praticadas por agentes de Estado, e a prisão de José é mais uma expressão do encarceramento em massa daqueles considerados indesejáveis pela sociedade brasileira. Além disso, tem sido comum associar migrantes à criminalidade, tornando o contexto ainda mais hostil.

Sua companheira, Valery Gomez, perdeu suas fontes de renda após a prisão de José, além de ter passado a sofrer ameaças de morte constantes. Valery tem recebido em suas redes sociais fotos de corpos dilacerados com legendas dizendo que o mesmo vai acontecer a ela, além de diversos outras ofensas transfóbicas, homofóbicas e xenofóbicas.

Recentemente, tivemos o exemplo da prisão da refugiada togolesa Falilatou Estelle Sarouna, solta após ampla campanha de atores da sociedade civil, demonstrando que a força das mobilizações é fundamental para reverter injustiças que, sem a devida atenção, tornam-se práticas corriqueiras por parte de agentes do Estado. Só assim é possível frear a sanha fascista.

Essa campanha se insere em um contexto mais amplo que almeja justiça, reparação, igualdade e garantia de direitos não apenas a José e Valery enquanto indivíduos, mas também a todos os migrantes que têm sofrido constantes violações de direitos que, via de regra, permanecem invisíveis.

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