Era uma vez um sapateiro tão pobre, tão pobre, que só lhe restava couro para um único par de sapatos. Certa noite, quando ia começar a fazê-lo, sentiu-se cansado. Apenas recortou uma tira de couro e deixou para terminar o serviço no dia seguinte. De manhã, quando voltou para a mesa de sua oficina, encontrou o par de sapatos prontinho. Apanhou cada um dos sapatos e examinou-os, tentando descobrir quem os havia confeccionado, mas não conseguiu: era um verdadeiro mistério. Intrigava-o ainda mais o fato de que aquele par de sapatos era o mais perfeito que ela já tinha visto. O sapateiro ainda estava parado, pensando, com o par de sapatos na mão, quando um freguês entrou em sua oficina. O homem apaixonou-se pelos sapatos e fez questão de comprá-los imediatamente. Peter, o sapateiro, não desejava vendê-los; queria primeiro descobrir como haviam aparecido em sua mesa. Mas o freguês lhe ofereceu tanto dinheiro pelos sapatos que ele terminou concordando em vendê-los. Peter usou o dinheiro para comprar mais couro. À noite, cortou o material e foi se deitar. _ Precisamos descobrir o que está acontecendo! Em vez de ir dormir, vamos nos esconder atrás da porta e espiar. À meia-noite em ponto surgiram dois graciosos gnomos, completamente nus. Sentaram-se na mesa de Peter e trabalharam com tanta rapidez que ele e sua mulher não conseguiram enxergar os movimentos das mãos. Heidi ficou encantada com os pequenos gnomos:_ Eles nos ajudaram, agora estamos ricos! _ Disse. _ Mas os dois homenzinhos caminham pela noite nus, passando frio! Isso não é justo! Vou costurar roupinhas lindas e confortáveis para dar de presente a eles. Os homenzinhos dançaram e cantaram, felizes com o presente. A canção dizia mais ou menos isto: “Agora que somos elegantes e faceiros, para que sermos ainda sapateiros?”
(Contos dos irmãos Grimm. In: Duendes e gnomos. Heloísa Prieto. São Paulo, Cia. Das Letrinhas, 1994, p. 42-43). Vocabulário: lampeiros: vivos, atrevidos