Manifesto: Lugar de trans é na universidade, sim!
Na última semana, Samuel Vivo, estudante e homem trans, foi expulso da Faculdade Cásper Líbero, depois de ter sido exposto por uma professora, xingado e humilhado pelos colegas de classes e coordenador de curso, e estar acusado, sem provas, de ter agredido um professor.
No Brasil - país que mais mata a população T no mundo - as pessoas transexuais e travestis possuem extrema dificuldade de inserção dentro da sociedade. Ainda é extremamente burocrático o processo judicial que garante o reconhecido legal da identidade de gênero. E não ter identidade legal significa sofrer desrespeito e constrangimento diariamente e em qualquer espaço: de hospitais a escolas, de casas noturnas a delegacias.
Em função dessa violência cotidiana, grande parte das pessoas travestis e transexuais abandonam ou são expulsas de seus locais de estudo. Onde, ao invés de incluí-las, serve como ambiente que causará uma série de violências contra essas pessoas: verbal, psicológica, física, institucional. Professores, gestores escolares e colegas de classe grande parte das vezes farão questão de desrespeitar nossos nomes sociais ou nos negar o acesso ao banheiro de acordo com o gênero que identificamos como nossos.
O caso Samuel mostra que as universidades ainda não tem uma política para as poucas pessoas trans que conseguem entrar no ensino superior. É inadmissível que se deixe chegar a esse ponto, e que a única pessoa trans da faculdade tenha recebido esse tratamento. Somos expulsos de casa, da escola, somos silenciados, invisibilizados, jogados para a marginalidade e, por fim, mortos. Os poucos e poucas que conseguem fugir desse destino, que conseguem traçar uma história diferente, precisam enfrentar um mundo inteiro que tenta incessantemente os “corrigir”, ou colocá-los de volta no lugar onde eles e elas “deveriam estar”. Nosso lugar não é no gueto.
Queremos mostrar que lugar de trans é onde quisermos. Precisamos lutar para quebrar as fronteiras que impedem que as LGBT sejam felizes! Nosso lugar é na escola, nas universidades, em empregos dignos. E nós não iremos desistir ou abaixar nossas cabeças. Estamos começando uma campanha de solidariedade a Samuel e chamamos todas e todos para assinar este manifesto e se mobilizar contra a expulsão dele e contra a transfobia dentro e fora da universidade!