ASSINE O MANIFESTO EM DEFESA DA CASA CAROLINA
Na manhã do dia 25 de Julho, data em que comemora-se o Dia da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, dezenas de mulheres trabalhadoras, organizadas pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, ocuparam um imóvel abandonado há quase 20 anos na cidade de Santo André.
Decidimos homenagear a grande mulher negra, lutadora e escritora, Carolina Maria de Jesus. Desde então, trabalhamos para transformar o espaço em uma Casa de Passagem Regional, política pública que, apesar da enorme luta das mulheres há mais de 20 anos, não existia na região até o último dia 25.
A Casa Carolina surge pela necessidade da defesa da vida das mulheres. O Brasil é o 5º país do mundo em que mais assassina mulheres. Só no último ano, uma em cada 4 mulheres foi vítima de violência em nosso país. Durante a pandemia, 8 mulheres foram agredidas por minuto, a maioria por parceiros ou ex-parceiros. Em 2018 e 2019, uma média de 4 mulheres foram mortas por dia. A cada hora, 4 meninas menores de 13 anos são estupradas. Somente no primeiro semestre de 2021, 631 mulheres foram vítimas de feminicídio. A maior parte eram mulheres negras.
No ABC Paulista a violência também aumentou. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a cada 3 horas uma mulher precisa de medida protetiva de urgência pois corre risco de morte ou à integridade física. Além disso, cresceu em 73% o número de abusos e estupros de vulneráveis.
Enquanto a violência cresce, os equipamentos públicos sofrem com falta de investimento. Nacional e regionalmente, as políticas existentes para o enfrentamento da violência contra as mulheres são insuficientes.
O Brasil possui 5568 municípios e apenas 2,4% destes municípios contam com casas-abrigo e apenas 417 possuem delegacias especializadas em crimes contra as mulheres (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher - DEAM) e a maioria das delegacias não funcionam no período noturno nem aos finais de semana. Nos últimos anos tem sido visto um sucateamento dessas poucas políticas existentes, cortes de verbas, promessas não cumpridas, extinção de secretarias municipais de mulheres, entre outros.
Juntas podemos ser livres. Organizadas, nós mulheres somos capazes de lutar e conquistar uma sociedade justa, que não nos violente e nos mate todos os dias. A conquista desta Casa de Passagem é uma vitória na luta de todas as mulheres da região por esta sociedade sem opressão de gênero. A luta das mulheres é a única forma possível de sua libertação. Enquanto houver violência contra a mulher, haverá luta.
A Casa Carolina é uma política pública que salva vidas. O movimento de mulheres e a Casa Carolina hoje estão cumprindo uma função que vem sendo negligenciada há muito tempo pelo poder público regional. É muito simbólico que a inauguração deste espaço tenha sido realizada no dia da mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, um dia marcado pela luta das mulheres na região do ABC nos últimos anos.
A Casa Regional de Passagem Carolina Maria de Jesus nasce para salvar a vida das mulheres do ABC Paulista e reivindicar que a gestão pública regional fortaleça a rede de proteção à mulher. É urgente que se aumente o financiamento dos equipamentos públicos que atendem às mulheres. É fundamental que a Casa de Passagem Carolina Maria de Jesus seja reconhecida como um equipamento público e que integre e fortaleça essa rede.
Contra a violência às mulheres!
Pela vida das mulheres!