As figuras de linguagem são recursos estilísticos usados na escrita ou na fala para realçar a mensagem, tornando-a mais expressiva. Ao identificar as figuras de linguagem, a compreensão do texto torna-se mais fácil, ampliando os horizontes do leitor e do ouvinte.
Comparação e metáfora
Figuras muito recorrentes nos textos literários, a comparação e a metáfora fazem parte do grupo das figuras de palavras, também conhecidas como tropo – emprego figurado de palavra ou expressão.
A comparação e a metáfora são muito parecidas. Ambas empregam as palavras fora do seu sentido normal, por analogia. A diferença entre elas está no uso de termos comparativos.
A comparação usa alguns termos de conexão para comparar características entre dois ou mais elementos. Por exemplo: Os olhos dela eram como duas jabuticabas.
A metáfora é um tipo de comparação implícita, sem termo comparativo, estabelecendo uma relação de semelhança, usando termos com significados diferentes do habitual. Por exemplo: A menina é um doce!
Nos exemplos, olhos e jabuticabas são comparados por analogia: as jabuticabas são redondas e escuras como os olhos da pessoa em questão. No caso do exemplo de metáfora, a menina é comparada a um doce por ser meiga, gentil, prestativa. Ou seja, doce, aqui, ganha significado diferente do habitual.
POESIA COMENTADA
Desencanto - Manuel Bandeira
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue.
Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
Observe o primeiro verso do poema: “Eu faço versos como quem chora”. Neste verso, há uma comparação. O uso de como marca a relação de comparação entre o ato de fazer versos e o ato de chorar.
A segunda estrofe começa com o verso “Meu verso é sangue. Volúpia ardente...”. Aqui, a comparação entre verso e sangue acontece de maneira implícita, sem o uso de termos conectores. É, portanto, uma metáfora. E as metáforas continuam nas expressões volúpia ardente, tristeza esparsa, remorso vão. Todas se remetem à forma como o verso se apresenta para o eu lírico.
O poema termina com uma comparação: “Eu faço versos como quem morre”.
Fonte:
http://educacao.globo.com/portugues/assunto/figuras-de-linguagem/comparacao-e-metafora.html