Published using Google Docs
CA_UNID3_APRENDIZAGEM_SINAIS_E_ATOS.doc
Updated automatically every 5 minutes

Aprendizagensde sinais e de Atos

   MARIA APARECIDA MAMEDE-NEVES

Atualmente, usa-se o termo aprendizagem de sinais para caracterizar o condicionamento clássico e aprendizagem de atos para o condicionamento operante, visto que o primeiro se centra realmente muito mais na associação de estímulos, independentemente da ação posterior do sujeito, e o segundo repousa na associação que se estabelece entre o agir do  sujeito  e  a  conseqüência  desse  agir.  Nesse  último,  há  uma  grande  ênfase  no reforçamento positivo ou negativo da aprendizagem.

A teoria que trata da aprendizagem de atos surgiu, principalmente, da contribuição de Thorndike, cujos estudos se deram com animais, pintos ou gatos, colocados em situações onde  deveriam aprender a realizar uma ação esperada. Através de experimentos com gatos  colocados  em  uma  gaiola  de  onde  deveriam  aprender  a  sair,  Thorndike  pode formular  as  "leis  da  aprendizagem"  que  o  tornaram  famoso  dentro  do  campo  da Psicologia:

•        lei da prontidão;

•        lei do exercício e da repetição e;

•        lei do efeito.

Thorndike  foi  fortemente  influenciado  pelos  pressupostos  da  psicologia  fisiológica, embora tivesse conservado algumas considerações do Associacionismo de Herbart.  Sua teoria é  chamada  de Conexionismo ou de Teoria de ligação S-R (estímulo – resposta) porque pressupõe que o condicionamento é o resultado da ligação ou conexão resultante de uma mudança biológica no sistema nervoso. Considerava que o animal, para sair da gaiola, realizava diversos ensaios e erros ao acaso, até chegar à resposta correta e que, progressivamente,  através  de  repetições  sucessivas,  ia  eliminando  as  respostas  não corretas.  Daí  ter  sido  o  responsável  pela  popularização  do  termo  aprendizagem  por ensaio-erro, tão comum no cenário pedagógico.

Um  outro   autor   que   teve   enorme  influência   no   cenário   pedagógico,   dentre  os associacionistas,  é,  sem  dúvida  nenhuma,  Skinner,  considerado  o  principal  entre  os chamados  neo-behavioristas.  Seu  interesse  está  muito  mais  centrado  na  análise  do comportamento  em  si  (ou  das  modificações  das  respostas)  do  que  no  mecanismo neurológico que subjaz a ele, não dando, portanto, maior ênfase às operações do sistema nervoso, como o fez Thorndike.

O condicionamento operante é o processo de aprendizagem no qual uma resposta torna- se  mais  provável  ou  mais  freqüente;  as  respostas  operantes  se  tornam  fortalecidas, reforçadas, pela repetição da relação que se estabelece entre a ação e as conseqüências por ela geradas. Skinner  acha que todo o comportamento humano é um resultante do reforçamento operante.

"No condicionamento operante, o efeito do reforçamento sempre é aumentar a probabilidade de resposta. A extinção é o inverso de reforçamento. Quando um estímulo reforçador não mais ocorre depois de uma resposta, a resposta torna-se menos e menos freqüente; isto é extinção operante. O condicionamento estabelece uma predisposição para a resposta - uma reserva - que a extinção faz desaparecer. Quando temos um estímulo cuja apresentação ou remoção aumenta a probabilidade de uma resposta, é um reforçador. Conseqüentemente, há dois tipos de reforçadores - positivo e negativo. Um reforçador positivo é qualquer estímulo cuja apresentação fortalece o comportamento de que depende; um reforçador negativo é qualquer estímulo cuja remoção fortalece aquele comportamento. Já que em ambos os casos as respostas são fortalecidas, está ocorrendo reforçamento. Um reforçamento positivo consiste na apresentação de um estímulo, no acréscimo de algo – comida, água ou um sorriso de professor – ao meio de um organismo. Um reforçamento negativo consiste na remoção de algo da situação, um ruído alto, um choque elétrico ou um olhar de censura do professor. Em ambos os casos, a probabilidade de que a resposta ocorra novamente é aumentada. Embora no uso corrente, tanto o reforçador positivo como o negativo são "recompensas", Skinner adverte para não se definir um reforçador positivo como agradável e satisfatório e o negativo como

incômodo." 1

Chegamos  assim  a  um  ponto  muito  importante  dentro  das  teorias  behavioristas:  a diferença  entre  reforçamento  e  punição.  Atenção:  reforço  negativo  não  é  punição! Vejamos por que.

REFORÇO É TUDO AQUILO QUE AUMENTA A PROBABILIDADE DE UMA AÇÃO.

1  BIGGE, M. Teorias da aprendizagem para professores, São Paulo: EPU, 1977 p140

"Punição é um processo basicamente diferente do reforçamento. Enquanto que o reforço envolve apresentação de um reforçador positivo ou remoção de um negativo, a punição consiste na apresentação de um estímulo negativo ou na remoção de um positivo. Enquanto que o reforçamento é definido em termos de fortalecimento de uma resposta, a punição é supostamente um processo que enfraquece a resposta. Resumindo, quando um estímulo é apresentado para fortalecer a resposta há reforçamento; quando um estímulo é apresentado ou tirado numa tentativa de enfraquecer a resposta, é castigo.

Os resultados de experimentos indicam que a punição não reduz permanentemente a tendência de responder. Experimentos de Thorndike com seres humanos indicaram que uma recompensa fortaleceu o comportamento que a precedeu, mas que a punição não o enfraqueceu. Pela recompensa, o comportamento é gravado, mas não é verdade que, pelo castigo, se consiga anular um comportamento. ...O processo apropriado para quebrar hábitos é a extinção –  permitindo que um comportamento desapareça pelo seu não-reforçamento – e

não a punição." 2

2  BIGGE, M. Teorias da aprendizagem para professores, São Paulo: EPU, 1977 p141