Borboleta
Num dia de sol, minha alma cantará reluzente
Tal como num dia de temporais.
Ela será como o ouro – incorruptível.
Nada, além do que vem do mais profundo interior, poderá abalar a sua canção.
As sutilezas do meu mundo onírico viverão em meu sonho real.
E o meu ideal de Beleza e Justiça se reforçará nas passarelas do tempo.
E a eternidade de seios quente fará ressurgir em mim o Eterno.
E o ermo ficará além das montanhas.
As cores serão múltiplas, como serão múltiplos os encantos dos meus olhos.
O mundo será visto do alto e eu poderei contemplá-lo na sua arte mais perfeita.
A ceia será breve, porém delicada.
E a alma arraigada na liberdade de Ser, compreenderá que esta está na responsabilidade de se livrar do casulo e construir suas próprias asas.
Minha frágil crisálida se abrirá, e a minha mais sublime e latente virtude viverá.
Descobrirei que não será mais preciso rastejar, pois será tempo de voar.
E assim, doce e sutilmente, a borboleta que há mim alçará os seus vôos diurnos
E descansará majestosa na imensa plenitude noturna.
Despertará além do existir
Para a amplitude da Existência.
Mandala de Simone Bichara – Texto de Daniella Paula Oliveira