ESTADO DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO-UNEMAT
LICENCIATURA PLENA EM EDUCAÇÃO BÁSICA 1ª A 4 ª SÉRIE- DEAD
POLO NOVA XAVANTINA-SUB-POLO DE ÁGUA BOA-MT
IDEALIZADORES: CLAUDINEI, MARISA E SOLANGE
TÍTULO: Aspecto Hitórico e Geográfico do Bairro Nila Nova
OBJETIVO: Proporcionar ao educando interação histórica geográfica como instrumento essencial parao cohecimento de mundo e formação do cidadão para assumir seu papel de agente transformador da sociedade, na qual está inserido.
METODOLOGIA: Para alcançar os objetivos foi necessário pesquisar em diferentes bibliografias entrevistar pessoas e moradores do bairro, leitura de paisagem local , sistematização dos conteúdos econstrução da maquete.
RESUMO: Ao desenvolver este trabalho tivesmo como objetivo trabalhar com nossos alunos aspectos históricos e geográficos , de forma que ele pudesse perceber que faz parte do processo histórico do qual esta inserido , ou seja , que também faz história e que pode ser agente transformador da sociedade em que vive .
Para isso levamos nossos alunos a conhecre seu bairro Vila Nova Visitaram todas as casas do bairro, entrevistaram moradores antigos e coheceramtodos os serviços públicos existente no bairro, bem como , todas as ruas e seus respectivos nomes .
Depois de todo este trabalho, juntos construimos uma maquete contendo todas as ruas ,.residencias,casas comerciais,igrejas,posto de saúde, escola e as chácaras vizinhas .A construção desta maquete demostrou na prática vários conceitos principalmente o de localização.
Nossos alunos agora tem um novo olhar sobre sua comunidade, conheceram bem de perto todo processo hitórico de sua ocupação e organização, são capazes de diferenciar os aspectos hitóricos e geográficos em qualquer situação ou lugar, pois vivenciaram tudo isso e tomaram consciência que são fazedores de história e agente transformadores da sociedade em que vivem , e como diz LACOSTE ‘’é necessário saber pensar o espaço para saber nele se organizar e nele combater”,conheceram o espaço do bairro Vila Nova que já estava organizado,agora são capazes de pensá-lo e combaté-lo,pois “conheceram e entenderam as estruturas dos fenômenos e as leis que os regem e quando se adquire instrumentos básicos para compreender a realidade percebe-se o primordial,ou seja, elabora-se conceito”,diz SANTOS & PANUTI (2002).
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Rosângela Doin de & Passini Yasuko Elza O espaço geográfico: Ensino e representação. 7ª edição. Editora Contexto, SP. 1999.
SCHWANTES, Norberto Uma cruz em terra nova. Scritta Oficina Editorial . Saõ Paulo. 1989 SP.
QUEIROZ, Tânia Dias. Apostila Proposta prática de construção do conhecimento de 1ª à 4ª série. S. Paulo. 1999.
MOREIRA, Ruy O que é geografia – 14ª edição SP Editora Brasiliense,1994.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – volume 5 História e geografia Brasília Mec/Sef.1997.
PANUTTI, Regina – História: Fascículo I Cuiabá, EdUFMT, 2002.
MENEZES, Mindé & Ramos, Wilsa Maria – Coleção magistério v.07- módulo II. MEC/ Fundescola – Brasília. 1998.
REVISTA NOVA ESCOLA Nº 161 páginas 19; 39-41 e 45-49.
MORAES, A.C.R. Geografia - Pequena História Crítica. São `Paulo; Hucitec, 1983.
VYGOSTKI, L.S.A – A Formação Social da Mente. Editora Martins Fontes, São Paulo. 1988.
MAGNOLI, Demétrio, Geografia Espaço Cultural e Cidadania. Ensino Fundamental, 1ª edição. Editora Moderna SP. 19
Introdução
1.0- Homem no Tempo e no Espaço
1.1 – História e Geografia
1.2 - A Linguagem dos Mapas
1.3 - Leitura de Paisagem
1.4 – A Comunidade do Bairro Vila Nova de Água Boa-MT
2.0 – Eu no Tempo e no Espaço
2.1 – Eu – Agente – Historiador
2.2- Medindo Meu Espaço
2.3 – Leitura Visual
2.4 – Representação de Imagens do Bairro Vila Nova no Munictpio de Água Boa
3.0 – Analise de Novos Conceitos de História e Geografia
Conclusão
Bibliografia
Anexos
INTRODUÇÃO
Ao visitar um lugar, ter contato com a paisagem ou olhar fotografias estamos fazendo leitura visual, que permite abordarmos diversos aspectos históricos, geográficos e culturais do meio que se está visualizando.
Essas informações são instrumentos essenciais para compreensão e intervenção na realidade social, podemos assim adquirir consciência de maiores vínculos afetivos e de identidades, relacionando lugares, tempo, espaço e perceber marcas do passado em nosso presente. (PCNs)
Diante disso entendemos que a geografia e a história propõe um trabalho pedagógico que nos permitem observar, conhecer, comparar, explicar e representar características do lugar que vivemos, como o de diferentes lugares e paisagens do universo.
Nesta perspectiva propomos conhecer a história e a geografia do Bairro Vila Nova, levando os alunos da 4ª série A da Escola Vila Nova de Água Boa-MT a ter conhecimento de si e dos fenômenos histórico geográficos e culturais do meio onde se elabora uma cultura, bem como, assumir como postura de vida a revisão constante de todos os fatos e situações, reconhecendo-se como ser integrante no tempo e no espaço e parte da história onde estamos inseridos. Valorizando a história de grupos humanos que aqui passaram ou fixaram-se intervindo na natureza, modificando o espaço natural, transformando-o em espaço cultural, fazendo assim uma organização social, econômica e política que hoje é usufruida, direta ou indiretamente por todos os Águaboenses.
Para tanto, os alunos desenvolveram empíricamente, noções cartográficas. Conheceram fatos ocorridos relacionando-os com fatos contemporâneos, através de testemunhos oculares.
Com isso esperamos desenvolver consciência crítica e uma nova visão de mundo onde possam estabelecer identidades individuais, sociais, coletivas e culturais relacionando o particular e o geral e a partir dai tomar postura crítica de transformação respeitando a diversidade das culturas preservando a convivência harmoniosa.
Por meio de seu trabalho o homem introduz modificações no espaço. Desde os tempos remotos ele procurava aproveitar a natureza para garantir sua sobrevivência.
No princípio o homem apenas caçava, pescava e coletava vegetais, atividades que não marcava a natureza. Com a evolução humana e o surgimento de técnicas agrícolas houve mudanças sensíveis na paisagem geral. O homem passou a substituí-la, derrubou grande parte das florestas e matas para instalar seu cultivo, o homem começou a organizar o seu espaço no tempo. Isso significa que as diversas sociedades criam espaços geográficos diferentes.
O surgimento das cidades provou que o homem é um ser dotado de inteligência, capaz de desenvolver técnicas e aprimorá-las. Intervindo e interagindo no tempo e no espaço próximo e distante. Os homens produzem o espaço geográfico, mas este não é criado e estruturado por homens que vivem em sociedade.
“A organização do espaço é um espelho onde se reflete as características da sociedade que as produziu” (Magnoli 1998 / 169).
Segundo Heller-1993 “O ser humano é tempo é espaço, ele reconhece o tempo em relação a um outro ser humano, ou reconhece a existência de quem existiu ou existirá. E nesta existência que o homem reconhece a sua própria existência no tempo e no espaço”.
1.1. HISTÓRIA E GEOGRAFIA
Desde os anos 80 o estudo sobre história e geografia vem sendo repensado e questionado, o que se argumenta é a questão de decorar datas, nomes e dados geográficos porque era de interesse da classe dominante, ações que impossibilitavam o desenvolvimento e compreensão da realidade, bem como, reduzir a sociedade em meros receptadores e repetidores de fórmulas ultrapassadas de conduta, impedindo a elaboração de ações transformadoras . (PCNs- 97).
O estudo de história e geografia é muito mais que isso, para Santos & Panutti o principal objetivo do estudo de história é situar o indivíduo na realidade em que se vive observando a natureza das relações que permeiam a sociedade, percebendo que o contexto atual é fruto de um processo histórico e dinâmico.
Em geografia o objetivo é a compreensão do espaço produzido pela sociedade na qual vivem suas desigualdades, contradições e as relações de produção que nele se desenvolvem, e a apropriação que a sociedade faz da natureza.
Graças a essas mudanças tivemos a evolução escolar, com um forma de público culturalmente diversificado aumentando o acesso a informação e uma nova visão de homem e natureza.Tanto a história como a geografia exigem a observação, comparação e descrição, procedimentos fundamentais para a compreensão do tempo e espaço.
De acordo com (PCNs 1997) “A paisagem reconstruída pelo homem, não é experimental e sim visual”. Desta forma o reconhecimento de imagens são recursos fundamentais para o homem elaborar conceitos do cotidiano e posicionar se de forma transformadora da realidade social.
1.2. A LINGUAGEM DOS MAPAS
A história dos mapas é tão grande e antiga quanto a história das civilização. Os povos antigos precisavam fixar os caminhos e lugares por onde passavam. Precisavam reconhecer e demarcar os espaços. Os mapas foram instrumentos necessários para a vida da sociedade burguesa. Isso significa que as diversas sociedades criam espaços históricos - geográficos diferentes.
Desta forma o estudo do meio, o trabalho com imagens e a representação dos lugares são recursos interessantes na construção e reconstrução, de maneira que cada vez mais amplie e estruture as imagens e as percepções da paisagem local. Além disso podemos estabelecer comparações das múltiplas relações entre sociedade e natureza de um determinado lugar, tanto na passado como no presente (PCNs-1997).
Quando um aluno desenha ou representa imagens ela está fazendo uso de linguagem cartográfica.
A compreensão do sistema de representação ocorre quando há sucessivas aproximações entre o ler e o fazer mapas, até que o aluno consiga apropriar-se do funcionamento da linguagem cartográfica ( com projeções, proporcionalidade, símbolos, direção, legendas).
Esse trabalho com a construção da linguagem cartográfica deve ser realizado considerando as referências que cada ser utiliza para localizar-se e orientar-se no espaço conhecido por ele.
1.3. LEITURA DE PAISAGEM
Conhecer uma paisagem é reconhecer seus elementos sociais, culturais, naturais e a interação existente entre eles; é também conhecer como ela está em permanente processo de transformação. A leitura da paisagem pode ocorrer de duas formas a direta que é a visita ao local e a indireta através dos fotos livros e outras fontes. Esta leitura deve-se iniciar com uma conversação prévia até chegar a formulação de hipótese e investigações mais aprofundadas.
Neste trabalho vale levar em conta as capacidades e habilidades da pessoa ao observar um objeto de diferentes formas ou ângulos e das várias interpretações do mesmo. Pois, um objeto pode ter definições diferentes para cada pessoa inserida numa mesma sociedade (PCNs – 1997)
1.4. A COMUNIDADE DO BAIRRO VILA NOVA DE ÁGUA BOA MT.
Água Boa nasceu de um projeto de colonização da Cooperativa de Colonização 31 de Março LTDA- “Coopercol” partir de 1975. Pode se usar o termo nasceu, porque seus primeiros moradores chegaram aqui no dia 09 de julho de um mil novecentos e setenta e cinco sabendo que encontrariam só cerrado e com um mapa nas mãos iniciariam a construção de uma cidade, a qual já estava demarcada no “Projeto Água Boa I” Seus construtores todos sulistas, agricultores que aqui se fixaram para expandir seu ramo de atividade.
Mas o seu desenvolvimento dependeu da força do trabalho de muitas pessoas que hoje estão esquecidas dentro da história, por esta não estar escrita e ser divulgada em versões diferentes. Os registros existentes aparecem de forma resumida dando relevância a atos políticos importante da época.
O Projeto de colonização visava transformar as áreas “vazias” de cerrado em terras produtivas , através da agricultura, com o plantio de arroz de sequeira e para transformar a paisagem natural em grandes colheitas agrícolas precisou-se de muitas horas de trabalho e da ação de muitos homens e mulheres. Porém, não havia nenhuma infra estrutura para receber as pessoas que aqui chegavam em Comboios de Mudanças do Sul (parte do projeto), em grupos contratados por empreiteiros, caravanas autônomas, ou individualmente de ônibus regular.
Enfim, ninguém tinha onde alojar-se ao chegar aqui. E sujeitavam-se a redes nas árvores e barracos improvisados de lona. Buscar água de balde nos riachos e a iluminação era feita com velas ou bateria do trator “Lâmpada pendente”. Precisaram aprender a conviver com a estação das seca ( a chuva no ano de 75, caiu pela primeira vez em 26/10).
As atividades eram intensas: derrubar cerrado, enleirar, cortar a machado e recolher os galhos que o trator deixou, queimar a madeira, arar e nivelar a terra, plantar, matar formigas, cortar as brotações do cerrado, construir cercas, casas, galpões, pontes, estradas, escolas, igrejas, ruas, hotéis, armazéns, bares, açougues, mercados, correio, ponto de ônibus, pista de pouso, tudo, tudo precisava ser construído e rápido porque a colheita exigia certa infra estrutura para poder ser comercializada. E os agricultores decidiram fundar uma cooperativa, para melhor comercializar o arroz e comprar insumos agrícolas. Fundaram a “Cooperativa Agropecuária Mista Canarana LTDA” - Coopercana.
“A maior cooperativa de Mato Grosso nasceu em uma reunião de poucas pessoas , no dia 07 de julho de 1975, na cidade de Não Me Toque, RS. Seus fundadores foramos futuros moradores de Água Boa,que já dispunham de uma boa cooperativa e queriam ter este mesmo sistema de apoio à produção, quando se mudassem para Água Boa”.( Schawantes, N. Uma Cruz em Terra Nova 1989 p. 127). Imediatamente após a fundação os cooperados decidiram fazer projetos de financiamento para construir silos e armazéns para o arroz plantado e futuras plantações. Uma vez que haviam incentivos governamentais para as colonizadoras, cooperativas, enfim havia crédito fundiário “Proterra” com juros de 7% ao ano, com dois anos de carência sem correção monetária. E as terras e as próprias máquinas serviam de garantias.
E surgiu a necessidade de mão de obra diversificada e fluxo migratório dentro da região Centro Oeste e da Nordeste para Água Boa, foi muito grande. E o “Projeto Água Boa I” concretizou-se, tornando-se rapidamente uma colonização viável, ao ponto de em apenas quatro anos de sua fundação, conquistar sua emancipação política- administrativa. Sequer Água Boa chegou a ser distrito do município de Barra do Garças, do qual desmembrou-se em 26 de dezembro de 1979.
Nestes quatro anos o crescimento populacional foi grande e não havia uma liderança local, tudo esperava-se da Coopercana, que fazia o papel de cooperativa agrícola e indiretamente de prefeitura. E a cooperativa 31 de março, mentora do projeto Àgua Boa foi extinta, recaindo sobre a Coopercana a função de resolver os compromissos da colonizadora. Consequentemente, a ocupação do espaço destinado no projeto para área urbana não teve mais acompanhamento direto de um só responsável e deixando -se assim de seguir a planta inicial da cidade. A cidade é circulada por pequenas nascentes de água que formam o braço direito do afluente do Rio do Vau. As margens destas nascentes são de solo argilo-arenoso, conhecidos como terras de varjão. Estas terras são utilizadas na fábrica de tijolos para construções, em Água Boa desde 1977, quando o Senhor “ Leobino-Oleiro” começou escavações manuais e usou fôrmas improvisadas para fazer tijolos e construir sua própria casa, logo vieram as encomendas e a olaria ampliou os fornos e contratou pessoas e fabricou tijolos na beira do córrego por muito tempo. E neste mesmo córrego o senhor João Caranha, instalou uma draga para retirar areia. Ela trabalhou desde 1978 até 1987. Quando o rio secou devido ao assoreamento de suas margens. O que deu origem a voçoroca existente entre a rua 19 e a rua Baru. O lugar da nascente era ao lado do prédio do “ Recanto do Som” (hoje) na época o prédio era do senhor José da Rosa.
Visitando este lugar percebe-se quanto a paisagem é modificada com a ação antrópica. A medida que Água Boa evolui, mudou o fluxo de seus habitantes e consequentemente mudou o ritmo das áreas que a margeiam.
Esta mudança iniciou-se nos anos de 83/84, com o surgimento de uma vila onde residiam os operários das lavouras e armazéns, chamada de VILA OPERÁRIO, que mais tarde subdividiu-se em VILA OPERÁRIO e VILA NOVA, esta última, popularmente chamada de GÓ-GÓ da EMA, devido a forma física do terreno assemelhar-se ao bico e pescoço de ema, também era grande a quantidade de emas no local. Por se tratar de uma área de voluta houve invasão dos operários para conquistar um terreno e para construir suas moradias o que ocasionou a desigualdade nas medidas e áreas ocupadas, bem como a falta de infra-estrutura.
A comunidade do bairro mobilizou-se fazendo várias reuniões traçando metas e buscando estratégias para resolver os problemas que que iam surgindo.Muitas das nessecidades que era considerada básicas para esta população foram concretizasdas no ano de 1984-1985, com verbas decorrente de empréstimos do FUNDEC.
Graças a esse projeto o BAIRRO VILA NOVA obteve um novo visual,os barracos sem estrura foramsubstituidos por casas de placas para mais conforto da comunidade .foi construido innstalações de água potável, uma lavanderia comunitária,que até então não existia melhorando assim a saúde da população,criando laços de interação entre os moradores,fortalecendo a vida social dessa comunidade.
A partir daí o bairro foi crescendo possessivamente recebendo novos moradores e muitos dos antigos mudando-se para outros bairros do municipio. Hoje o BAIRRO VILA NOVA apresenta-se com uma infra-estrutura um pouco melhor,dispondo de centro saúde com médicos, enfermeiros, agente de saúde,e consultório odontológico,cuidando assim da saúde da população do bairro.
As crianças não precisa de locomover para outros bairro para estudar pois conta com uma escola que atende desde educação infantil até quarta série do Ensino Fundamental.
Salão comunitário, igreja católica e envangélica, tambem são encontradas na vila atendendo as diverças crenças de seus moradores.Lanchonetes,bares e mercados a serviço da população.
Vila Nova embora sendo um dos bairros de população mais carente do município, procura atender as necessidades básicas de sua comunidade. A lavanderia comunitária criada no início da ocupação da Vila foi desativada com a chegada da água encanada em cada casa e com a rede de energia que serve todos os moradores.
A organização do espaço é um espelho onde se reflete as característica da sociedade que as produziu,segundo Magnoli, concordamos com ele quando vemos que o homem por meio de seu trabalho introduz modificações no espaço desde os tempos mais remotos aproveitando a natureza para garantir sua sobrevivência.
Em qualquer tempo ou espaço o homem está sempre fazendo, interdependente de cor, raça, crença ou localização geográfica.
O tempo e o espaço são componentes indispesáveis para a formação e compreensão do espaço geográfico.
Observando os alunos da quarta série da Escola Municipal Vila Nova percebemos que ao trabalhar com geografia a ênfase maior era para descrição de paisagem e narrativas heróicas sem levar os alunos a uma análise crítica e compreensão do espaço do qual esta inserido.
No desenvolvimento deste trabalho procuramos trabalhar o espaço geográfico na prática, levando os alunos a conhecer como se deu a ocupação do Bairro Vila Nova e escrever a história desta vida, tendo como referêncial o Eu agente- historiador, pois fazem parte dessa comunidade como os alunos e moradores.
Com isso nossos alunos perceberam que o contexto atual da Vila é fruto de um processo histórico e ndinãmico e que este espaço produzido por esta sociedade apresenta desigualdadese cntradições mas procura viver em harmonia e respeito mútuo.
2.1. EU- AGENTE- HISTORIADOR
O reconhecimento de imagens são recursos fundamentais para o homem elaborar conceitos do cotidiano e posicionar-se de forma transformadora da realidade social e peceber que a paisagem recontruida pelo homem não é experimental e visual.
A patir dessa probematização vimos que não há resgitros históricas do Bairro Vila Nova, diante disto levamos os alunos a serem ecritores desta história. Propomos registrar passo a passo os dados históricos e geográficos que conseguirmos resgatar, seja de algum documento ou fonte empírica.
Iniciamos a construção do projeto pelo conhecer-se a si mesmo, através da brincadeira do espelho na caixa para traçarem o auto- retrato. A seguir fizemos pesquisa da história de cada aluno, com as informações do registro de nascimento, preenchendo a ficha de identificação pessoal. E conversamos para saber quem faz o registro, para que ele serve. Onde ele foi feito. E construímos um gráfico de barras para registrar as quantidades de alunos nascidas neste município, na região e os de outro estado.
Com estas informações montamos uma linha do tempo com três momentos de nossas vidas: Com eu era /onde vivia (passado) Como eu sou /onde vivo (presente) Como serei / onde viverei (futuro).
Ao final os alunos perceberam que não conheciam sua história de vida e que para ser cidadão de fato é preciso saber quem somos e de onde viemos. E ter um objetivo claro sobre onde queremos ir.
2.2. MEDINDO MEU ESPAÇO
De acordo com Fernando Hernández “Estudos sobre uma cultura mostram que as imagens presentes em nosso cotidiano são fundamentais na formação de uma cultura crítica nas crianças e nos jovens”.( in Nova Escola-2003).
Partindo de sua história (tempo ) e de seu lugar (espaço) iniciamos a coleta de dados do bairro Vila Nova. Tendo como referencial a Escola Municipal Vila Nova, para dali conhecermos melhor a sociedade e interpretar a cultura de hoje, tendo contato com a cultura vivenciada ontem, através dos moradores mais antigos da Vila Nova.
Primeiramente, fomos explorar o espaços da escola. Divididos em pequenos grupos os alunos mediram o prédio da escola, observaram as diferenças na construção dos blocos e, ainda servindo-se de barbante mediram os muros da escola.
Identificaram a posição relativa da escola, baseando-se nos pontos cardeais, localizaram - na a Sudoeste da cidade.
Tudo foi sendo registrado, passo a passo: Números, formas geométricas, materiais usados, distâncias entre os blocos, quantidade de salas de aula e salas administrativas. Tipos de plantas, espaço para recreação, área coberta e área livre entre outros dados.
Ao final cada grupo sistematizou as anotações em gráficos usando como código a letra inicial de referência. Tiveram dificuldades para transferir e somar as medidas fracionadas.
2.3. LEITURA VISUAL
Segundo Nélio Bizzo, professor de metodologia,“É importante contemplar toda a realidade sócio- econômica-cultural que envolve o lugar que vamos pesquisar e nada melhor do que fazer isto, através da leitura de paisagem”.(in Nova Escola – 2003)
Após termos feito a leitura do espaço escolar, saímos para fora dos muros, a princípio foi uma caminhada de reconhecimento do bairro, focalizando um ponto de referência em cada rua e ou travessa. Anotamos os dados, de acordo com códigos que havíamos criado em sala de aula.
No outro dia formamos grupos de três alunos e iniciamos a caminhada fazendo a leitura detalhada e anotando os tipos de plantas, tipos de construções, ruas pavimentadas ou não, casas comerciais, igrejas, prédios públicos, relevo, chácaras, rios, praças, tamanho dos terrenos, meios de locomação, identificação das ruas e travessas. Com fita métrica medimos o tamanho das travessas.
Arquivamos estas informações e elaboramos entrevista para ser feita com os moradores (anexo). Sorteamos os grupos e cada grupo foi à uma rua ou travessa, conversar com os moradores e coletar dados para a construção da história do bairro. Em sala reunimos as informações fragmentadas e montamos um gráfico totalizando quantidades de ruas e travessas.
Como objetivo de levá-los a conhecer a estruturação cartográfica criamos símbolos e códigos simples baseando os na afirmação deVygostki: “ O uso de signos conduz os seres humanos a uma estrututra específica de comportamento que se desloca do desenvolvimento biológico e cria novas formas de processos psicológicos enraizados na cultura”.
Retomamos as primeiras tabelas de dados com as localidades onde nasceram os alunos e pesquisamos sobre as cidades onde nasceram a maioria dos moradores. Localizando as regiões de onde vieram os moradores da Vila Nova e.qual a maior região de predominância na migração.
Fizemos agrupamento e a totalização por região, iniciando o uso de códigos coloridos, que posteriormente serão as legendas. Os alunos demonstraram interesse em construir os conceitos sobre região. Compreenderam que regiões são espaços em que existe sociedade que a dirige e organiza, baseando-se na vida e acontecimentos diários de seus habitantes. Perceberam também, a interligação entre as regiões, elas não são auto- suficientes.
Os alunos demonstraram alguma dificuldades para trabalhar em grupos e comentaram a forma gentil como foram recebidos pelos moradores do bairro.
Eles detectaram que não existem placas indicativas dos nomes das ruas, travessas, praça, enfim nenhum apoio para a localização. Viram que não sabiam ler e localizar-se através do mapa da cidade que está na parede.
De acordo com Passini & Almeida ( 1999:33) “A localização geográfica constrói-se a medida que o sujeito se torna capaz de estabelecer relações de vizinhança, de ordem, envolvimento e continuidade entre os elementos a serem localizados. Por isso é dificil para um aluno, mesmo de séries mais adiantadas, realizar um estudo geográfico de áreas isoladas, descontextualizadas”.
E partindo da atividade de leitura de paisagem, organização dos dados coletados no tempo e no espaço no qual estamos inseridos, os alunos perceberam a necessidade de realizar pesquisas sobre o ontem do bairro.
Na busca de dados depararam com a falta de registros escritos. Decidimos procurar os primeiros moradores da Vila Nova e entrevistá-los ( em anexo). Também entrevistamos pessoas com lideranças sócio–política na época. Sistematizaram as entrevistas iniciando a construção do texto “ História da Vila Nova”
De acordo com a pesquisa os alunos detectaram que o bairro Vila Nova, cresceu muito nos seus vinte e três anos. Hoje o bairro tem seis travessas ( Pequi; Jambo; Pêra; Abacaxi; Manga e Caju) e quatro ruas (Ipê; Buriti, Baru e Jatobá) semi-circuladas por chácaras. 305 casas e aproximadamente 1500 habitantes. Quatro comunidades religiosas, com denominações distintas: Príncipe da Paz, Comunidade Católica, Congregação Cristã, Chama Divina. Um posto de saúde, uma escola Municipal com 230 alunos. Uma praça, diversos bares noturnos, alguns mercados, uma loja de confecções e dois salões de beleza. Um ponto de moto –táxi.( vide maquete).
A maioria dos moradores são pessoas de baixa renda esta oriunda de subempregos originados de diárias em trabalhos domésticos, na agricultura, pecuária e carga e descargas comerciais. Porém estes trabalhos não se realizam no próprio bairro.
2.4 REPRESENTAÇÃO DE IMAGENS DA VILA NOVA DE ÁGUA BOA.
Segundo a pedagoga Tânia Dias Queiroz: “É preciso fazer do aluno um ser participativo, elevando-o à condição de agente- de- mudança, nesse mundo ainda tão extremamente conservador e elitista no qual ele habita, mas não atua. A consciência construída e conquistada fará de qualquer aprendiz um ser capaz de desenvolver todas as suas múltiplas habilidades”.
Buscando a efetiva participação dos alunos na construção da história da Vila Nova, organizamos a construção de uma maquete que servirá de base para a projeção do espaço vivido e lido na caminhada para o espaço representado cartograficamente. As relações espaciais topológicas dos objetos em função de um ponto de referência, desses objetos entre si, e dos mesmos em relação aos sujeitos da história. Os alunos puderam assim, a partir da localização dos pontos fixos, partir para os pontos de deslocamento.
Citando Passini & Almeida (1999: 75) “A legenda nasce de forma natural como a operação de reversibilidade da codificação. Os signos são escolhidos de forma democrática, por convenção (combinação) entre os próprios alunos, e a legenda desta nova listagem deve ser colocada no mapa elaborado pela classe... Após as experiências em que o aluno vive um papel ativo na elaboração de seu conhecimento, pode haver um relatório ou apenas uma redação”.
Inicialmente, havíamos combinado construir a maquete só com os pontos de referência, ruas e travessas. Mas ao visualizarem os ícones e compreender sua representação, os alunos solicitaram que fossem representadas as residências. Definiram as cores para identificar as casas (marrom), prédios públicos (vermelho), ), mercados ( verde), as três igrejas ( cores reais).Solicitaram que se fixasse tabuletas com os nomes das ruas e travessas. Modelaram árvores, em formatos e tamanhos diferentes, com massa de modelar. Pintaram de preto a representação da rua Ipê e parte da rua Jatobá, por ser asfaltada. E de marrom, as não pavimentadas.
Ao final da construção da maquete os alunos ampliaram suas noções à nível de divisão do espaço de forma organizada e perceberam a importância da construção da maquete como algo visualmente compreensível. Por eles estarem lendo uma planta confeccionada com seus significantes e traduzida para o seu significado histórico geográfico.
3.0 CONSTRUINDO NOVOS CONCEITOS DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
Certamente, a espécie humana é a que tem maior poder transformador no universo. O homem imagina o futuro sempre associando-o com evolução biológica, tecnológica, ampliação de espaço, enfim um dinamismo incessante por vezes, até incontrolável e ou inconsequente.
De acordo com Moreira (1994) no final do século XIX a história foi marcada com o fim do imperialismo e inicio do capitalismo e aconteceram grandes mudanças políticas e econômicas. Os estudiosos perceberam que todo o conhecimento registrado em cartas marítimas, mapas, indicações territoriais traziam só benefícios as classes dominantes. Por meio de conferências e organizações a geografia também passou por grandes transformações os historiadores e geógrafos começaram a investigar e registrar todas as descobertas do tempo e espaço geográfico.
Lacoste (1983) defende a tese de que: “ A história e a geografia devem nos levar a um questionamento e ao compromisso social, que exija de nós uma renovação. Para ele o cidadão conhece sua vivência cotidiana de forma parcial e o estado tem uma visão integrada do espaço e isto é o que causa a transformação e a dominação.
...Lacoste argumenta que é necessário construir uma visão integrada de espaço, numa perspectiva popular e socializar o saber, por ser de fundamental valor estratégico nos embates políticos. É necessário saber pensar o espaço, para saber nele se organizar, para saber nele combater”.(apud in Moraes –1983).
O indivíduo precisa elaborar uma teoria sobre as questões sociais que acontecem dentro das dimensões de espaço e de tempo.
Conforme Panutti (2002) O conhecimento histórico organiza estudos e pesquisas a partir de um fim. Esse fim, esse “porque” colher dados e estudar uma situação é determinado por um interesse presente de um indivíduo ou de um grupo. Assim, o conhecimento histórico constitui-se no presente, quando as questões são colocadas. Documentos, relatos, testemunhos, ou situações vividas pelos indivíduos fazem com que o interesse seja despertado e as questões comecem a ser elaboradas. Deste modo o passado está contido no presente. É preciso que algum aspecto da situação passada esteja relacionado com o indivíduo para que este, identificando-se com ela, estabeleça um vínculo.
...O primeiro passo para elaboração do conhecimento histórico é a situação presente que possibilita ao indivídiuo o reconhecimento de vestígios e mensagens do passado”.
Diante desse contexto os alunos tiveram oportunidade para observar seu bairro e compará-lo com os demais bairros da cidade, e perceberem as diferentes caracteristicasna sua estrutura e organização, bem como a in fluência que o poder aquisitivo exerce sobre o mesmo.
O BAIRRO VILA NOVA foi resultado de uma invasão pessoas do próprio municipio e de outras localidades como Campinápolis, Nova- Xavantina,Jatai,Goias entre outras, em busca de abrigo e melhoria de vida, essa ocupação não foi organizada cada um que chegava se fixava sem uma determinada ordem e sem planejamento mais tarde a prefeitura transformou a área em loteamento, como o povo já estava instalado nos terrenos, com seus barracos e quintais não foi possível uma reorganização por isso os terrenos são pequenos, as casas próximas umas das outras, ruas estreitas em forma de travessas. Sómente a avenida principal que dá acesso a toda a vila encontra-se asfaltada.
Percebe a grande diversidade e diferença nas moradias quanto ao tamanho e o tipo do material usado na construção.
As casas são pequenas com um número grande de pessoas morando, as famílias são pobres e de baixa renda.
O bairro Vila Nova localiza-se ao lado sudoeste da cidadde com mais ou menos 1500 moradores, bastante carentes.
Na busca de levar os alunos a desenvolverem competências e percepções históricas e geográficas, vimos o quanto foi importante levá-los a observar o seu próprio contexto cotidiano para nele poderem interagir de forma crítica e ativa, com uma proposta humanista, que contraponha interesses de classes e possa ser instrumento de libertação humana, formando consciência de que isso não pode ser ação isolada, de poucos indivíduos, nossos alunos tiveram a oportunidade de conhecer sua história e o início da formação de sua comunidade.
“Se são homens que fazem geografia e história, podem fazê-las, mas para os homens... viverem melhor sem destruir o meio em que vive. ” ( pensamento do grupo).
3.1 DEPOIMENTOS DE QUEM ACOMPANHOU O PROCESSO DE OCUPAÇÃO DA VILA NOVA
Na entrevista concedida por Juvenal Mariano da silva ,antigo morador do Bairro Vila Nova, ele nos relatou que chegou em Água Boa no ano de 1985, proveniente de Aragarças.
Enfluenciado por um amigo comprou um terreno onde construiu o primeiro mercado do bairro conhecido por Nossa Frutaria. Também contou-nos que a invasão da área da vila foi em 1989 – 1990 e as dificuldades sofrida pelos moradores. Hoje o Sr. Juvenal Mariano da Silva reside com sua esposa na rua 16 esquina 15 nº 894 Bairro Guarujá.
Segundo relatos do Sr. Sebastião Pedro Fabiano (Zé Palito), ele nos disse que veio da região de Goias em 1979 para trabalhar na Coopercana, morou no alojamento junto com os demais funcionários e viu o início da invasão e construção do Bairro Vila Nova, bem como as dificuldades encontradas pelos moradores como falta de água e outros recursos, Sr. Sebastião ainda reside na vila rua Baru, local onde deu início ao bairro.
Clarinda Acácio falou sobre a primeira sala de aula, na qual ela foi uma das professoras, a sala era de tábua e a primeira turma iniciou com 8(oito) alunos, essa escola mais tarde foi oficializada com o nome de Cantinho da Alegria, sob decreto nº 299 em 1993.
Segundo relato de Adelar Fusinato, hoje secretário de Desenvolvimento e infra estrutura, ele reside em Água Boa desde dezembro de 1976, e o bairro Vila Nova iniciou a ocupação em 1983, o nome foi escolhido pelos moradores, da mesma forma o nome das ruas e trasvessas.
Tendo realizado este projeto, passo a passo com os alunos da quarta série A da Escola Municipal Vila Nova em Água Boa MT, afirmamos que é possível uma evolução nas práticas pedagógicas escolares, especialmente nas aulas de história e geografia, ministradas tanto por área quanto de forma multidisciplinar ou interdicsciplinar. Para isso basta olhar ao redor e veremos que o nosso mundo tem um conteúdo histórico e que todo o espaço geográfico é a própria sociedade. Que se nos apresenta numa infinidade de riquezas e assuntos a serem trabalhados: o processo de trabalho/época. As contradições de classes/ lugares. A correlação força/ mais valia. Dignidade humana / favela. Produção agrícola / êxodo rural. Bairro / município. País mundo.
O espaço é o tempo histórico, não o tempo-data. O conteúdo do espaço é o conteúdo da própria sociedade, constituindo o espaço de existência dos homens e mulheres que são e fazem a história. Porque história e geografia é uma realidade objetiva.
A realidade que vivemos acontece em um cenário que denominamos paisagem, composta de signos e simbolos com uma linguagem visual que pode ser lida parcial ou totalmente, dependendo da nossa visão de mundo, que sendo crítica será capaz de transformar o que está ao nosso redor e defender a vida.
Na prática pedagógica, levar os alunos a fazer leitura de paisagem é prazeroso e facilita o trabalho porque oferece temas que poderão ser geradores interdisciplinares. Como aconteceu neste projeto “História da Vila Nova”.
Oferecemos condições aos educandos para se posicionarem criticamente a partir de observações do cotidiano, sobre como o bairro é organizado. Quais os trajetos que percorremos dentro do bairro. Quem são os moradores do bairro. Como vivem. Quais as diferenças e semelhanças entre este bairro e outros. Qual o espaço do bairro dentro do contexto municipal.
Levar os alunos a conhecer a história e geografia do lugar onde moram é habilitá-los para interferir de forma consciente e positiva no espaço e nas relações do homem e da natureza e o mesmo tempo fazer leitura do passado e do presente e compreender as transformações sentindo-se agente transformador e que também contribuiu para formação da comunidade bem como a sociedade da qual está inserido.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Rosângela Doin de & Passini Yasuko Elza O espaço geográfico: Ensino e representação. 7ª edição. Editora Contexto, SP. 1999.
SCHWANTES, Norberto Uma cruz em terra nova. Scritta Oficina Editorial . Saõ Paulo. 1989 SP.
QUEIROZ, Tânia Dias. Apostila Proposta prática de construção do conhecimento de 1ª à 4ª série. S. Paulo. 1999.
MOREIRA, Ruy O que é geografia – 14ª edição SP Editora Brasiliense,1994.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – volume 5 História e geografia Brasília Mec/Sef.1997.
PANUTTI, Regina – História: Fascículo I Cuiabá, EdUFMT, 2002.
MENEZES, Mindé & Ramos, Wilsa Maria – Coleção magistério v.07- módulo II. MEC/ Fundescola – Brasília. 1998.
REVISTA NOVA ESCOLA Nº 161 páginas 19; 39-41 e 45-49.
MORAES, A.C.R. Geografia - Pequena História Crítica. São `Paulo; Hucitec, 1983.
VYGOSTKI, L.S.A – A Formação Social da Mente. Editora Martins Fontes, São Paulo. 1988.
MAGNOLI, Demétrio, Geografia Espaço Cultural e Cidadania. Ensino Fundamental, 1ª edição. Editora Moderna SP. 19
Entrevista 1
Nome dos entrevistados: Sebastião Pedro Fabiano e D. Sebastiana.
Apelido: Zé Palito
Endereço : Rua Barú nº 27
1- Em que ano e de que lugar o senhor veio para Água Boa?
Mudei-me para Água Boa em 1979, morava em Jataí -Go e lá o emprego tava pouco, e o “ Santa Helena” convidou para trabalha com ele numa cidade nova de Mato Grosso. Disse que a gente ia ganhar bem. Eu e uns companheiros aceitamos e viemos ser saqueiro.
2- Como era o trabalho, quem os pagava?
O trabalho era pesado, carga e descarga de arroz ensacado, tudo nas costas. Não tinha nenhuma máquina. Empilhava arroz no pátio em blocos de mil sacas, era alto tinha fazer força para empilhar lá em cima. Ganhava pouco por saco, mas como era muito arroz no fim do dia dava dinheirinho bom. Quem pagava era o empreiteiro, ele recebia da Coopercana e pagava os saqueiros.
3- Onde vocês moravam?
Nos primeiros tempos morávamos nos fundo do armazém. Mas logo começou a encher de arroz e não tínhamos onde morar, então a Coopercana cedeu um alojamento que era destinado aos engenheiros, aos “dotô”. Fica ali na rua 13 esquina com a rua 4. Depois que os saqueiros mudaram, a Coopercana reformou o prédio e fizeram o primeiro hospital de Água Boa.
4- Os “saqueiros” mudaram para outro alojamento?
Não. Cada um deu um jeito de fazer seu barraco. Nós íamos no córrego todos os dias,
para tomar banho e lavar roupas. E decidimos fazer nossas moradas do outro lado do córrego, porque as terras não tinham dono. A gente usava o caminho da olaria, onde hoje é a chácara do senhor Mundiquim, pai do soldado Arizon.
5- O senhor disse que o caminho era pela rua 4 mas não chega no córrego, pela rua 4.
Era tudo diferente. Não haviam essas mesmas ruas. A rua 2 foi aberta até o córrego. E lá é que tirava o barro para a olaria. Depois que desmoronou os barrancos e a outra parte do rio com a draga é que foi preciso mudar, os caminhos. Deve ter sido lá por 1984 mais ou menos, não lembro bem.
6- E a sua família,veio junto em 1979?
Não. Em 79 o “Santa Helena” só trazia os homens para o trabalho. Depois que nós decidimos “tirar um cantinho de terra” então, fizemos e as famílias vieram. Veio a minha , a do meu irmão “Baru”, por isso que a rua tem este nome. A família do Aldo e a do Cearense, mas quando chegou a família do Cearense ele havia mudado de Água Boa fazia duas semanas. Ela tirou terras para ela e os meninos e depois foi procurar por ele. Encontrou ele lá no São Félix, mas não deu mais certo. E ela ficou morando aqui, na chácara dela.
7- Dona Sebastiana a senhora pode nos contar um pouco da história da Vila Nova?
Posso sim. Vou começar dizendo que não gosto de Mato Grosso. Aqui é muito calor e chove menos do que em Jataí. Tenho muita saudade de lá. Arrependo de ter vindo. ( silencia)
8- O que a senhora lembra sobre a paisagem, quando chegou aqui?
O zé fez um barraco de lona, no meio do cerrado, derrubou de machado o cerrado e fez a cerca, era um pedaço de terra bem maior do que temos hoje. Eram uns quatro sítio destes. Havia um pé de Pequi, bem na porta. Água era no córrego, ele era raso mas tinha sucuri, não dava para mandar menino buscar água, tudo tinha que ser feito pelos adultos. Luz , só do sol e a noite era lamparina de petróleo. Diversão era olhar as crianças jogar bola. Tinha um campinho de
futebol, eles fizeram um time, era perto do “Cantinho da Alegria” não sei explicar onde era. Mas não tinha a escolinha ainda. Depois neste lugar começou com um centro comunitário.
Depois foi creche. Eu não sei contar muito, eu não saia de casa só quando tinha reza, ou visitar os doentes. Senão só ficava cuidando dos filhos.
Entrevista 2
Nome dos entrevistados: Juvenal Mariano da Silva e esposa
Srª Tereza Maria Komatzuda da Silva.
Endereço: Rua 16 nº 894, esquina com a rua 15.
1- Em que ano o senhor veio para Água Boa e de onde veio?
Nós chegamos em Água Boa no dia 07/07/ 85. Viemos de Aragarças -Go. A teresa, eu e o nosso filho Fabio Mariano da Silva.
2- Qual era o seu objetivo ao mudar para Água Boa? Veio para trabalhar em quê?
Nós conhecíamos o João Caranha, o “Caranha da draga”. Ele esteve lá em casa e disse que esta cidade nova era boa para morar, que precisava de comerciantes e que eu deveria vir trabalhar aqui. Nós carregamos a mudança e viemos. Ele indicou um lote perto da casa dele para eu comprar e comecei um mercado o primeiro da Vila Nova, chamava-se “Nossa Frutaria”, hoje o lugar é rua 21, quase esquina com rua 6. Na época a rua fazia a curva ali. E não tinha as ruas igual a hoje, tinha as chácaras maiores e a frente delas era na trilha que leva até o córrego, que hoje está represado.O lugar exato desta trilha é entre as ruas Baru e Ipê.
Eu comprei o lote, mas só consegui os documentos muito tempo depois. Primeiro saiu o direito em nome da Coopercana e depois passavam para os moradores. Foi assim também quando fizeram uma invasão e veio gente de toda parte e fizeram barracos lá no fim da vila.
3- Em que ano foi esta invasão? Após a emancipação?
A invasão que formou as cinco travessas foi mais ou menos no ano de 89- 90. Começou do córrego da atual represa para cima até nesta trilha, por isso tem a travessa Caju. Que levava a
rua 6. Era só trilha, o povo andava a pé. Já havia prefeitura. E os vereadores fizeram um projeto para construir casas de placas de cimento, que foram vendidas por mil cruzeiros aos
moradores, que tiveram um prazo grande para pagar os lotes com as casas. Lá mesmo,onde tinham invadido.
4- E a “Nossa Frutaria” ainda existe?
Não eu fechei a frutaria e mercado em 1994. Mudamos para Campo Verde. Lá os negócios não deram certo e decidimos voltar.
5- O que o senhor gostaria de falar, ainda sobre a história da Vila Nova? Qual é oespaço, que houve mais transformação?
As mudanças na paisagem foram muitas. Por exemplo. A represa no fim da final, era um lago natural , bem pequeno. foi represado em 85/86 para construir uma lavanderia comunitária.,
porque na Vila Nova, não havia encanamento de água. Foi útil mas o povo não cuidou e não tinha zelador.
Lembro também, que onde é o ginásio de esporte, por muito tempo foi o lixão da cidade. E o lixo era recolhido com trator e carreta e depositado a céu aberto.
6- E dos moradores, de quem o senhor lembra mais?
São muitos, mas lembro que alguns, não tenho mais visto. Não sei se ainda moram em Água Boa. O senhor Panta- Aloir - D. Maria José - O Barbicha – Baru - Zé Palito – Senhor Auro - Ataíde Schneider – Rai- o – Vac. Também não tenho encontrado mais o Dr. Luiz Schuster e o seu Bibelo.
Entrevista 3
Nome do entrevistado: Clarinda Acácio
Endereço: Rua 17 esq. C/ 8
1 – Em que ano a senhora chegou em Água Boa?
Em 1984
2– Qual foi seu 1º endereço?
Rua 8 s/nº próximo ao atual
Sim era uma pequena sala de tábuas tinha uma privada e uma cozinha.
– Quantos alunos havia na turma? E quais foram os primeiros professores?
Pelo que eu sei iniciou com apenas oito alunos . A primeira professora foi a Leopoldina, a segunda foi a Sueli, sogra do Davi (bigode), depos a Claci e eu Clarinda.
Todos os alunos da primeira turma moravam no bairro depois foi misturando com alunos de outros bairros. E seus pais eram estivadores praticamente todos
Foi em 1993 pelo Decreto nº 299 pelo Prefeito Germano Zandoná.
A vida desses moradores foi muito sofrida, moravam em barracos de tábuas ou casca de pau, cobertos com lona ou folhas de zinco, sem água encanada e sem energia elétrica. Era uma comunidade muito carente e bastante discriminada mas era gente boa e trabalhadora.
Entrevista 4
1 – Porque o nome da cidade é Água Boa?
Porque no período da abertura da BR 158 que corta a região um senhor chamado Manoel que morava próximo de nossa cidade no sentido Canarana tinha uma chácara o mesmo desviou o curso do rio deixando a água mais próxima de sua residência, sendo uma água limpa e bonita os viajantes utilizavam desse local para beber água e descansar. Mais tarde com o surgimento de nossa vila os viajantes começaram a chamar de Água Boa a nossa localidade.
2 – Quantos anos o senhor mora em Água Boa?
Desde dezembro de 1976
3 – Porque o nome Vila Nova e não outro?
Porque até aquele momento só existia o perímetro da futura cidade que hoje é Água Boa, por um bairro que inicialmente não estava projetada pelos colonizadores que fizeram o mapa da cidade por ser um bairro novo levou o nome Vila Nova.
4 – Em que ano começou a Vila Nova?
Iniciou-se a ocupação da Vila Nova no fim de 1983 e início de 1984.
5 – Em que ano a escola Vila Nova foi construída?
Início do ano de 1995
6 – Em que ano foi construída a praça?
Em 1999.
7 – O senhor já morou no bairro Vila |Nova?
Não, mas acompanhei o seu desenvolvimento.
8 – Quem inventou o nome Vila Nova?
Através de uma assossiação na qual fazia parte a maioria dos moradores e decidiram colocar o nome de Vila Nova.
9 – Quem inventou o nome das travessas?
Foi da mesma forma que o nome do bairro foi escolhido.
10– Quem foi o primeiro morador do bairro Vila Nova?
Foi seu Benicío que morava numa chácara que fazia fundo com uma olaria que ficava próximo ao local onde hoje é a rua Baru, e os moradores foram Sebastião ( Zé Palito) Dolorinto Pedro Fabiano (Baru o qual originou o nome da rua) e o seu irmão Leonides e na outra etapa, foram muitois moradores destacando-se Olivio Pires da Silva com seus familiares e outras pessoas oriundas de Campinápolis Nova Xavantina e outros municípios.
Era carente dependendo de toda a infra-estrutura básica e a administração municipal juntamente com a população do bairro foi implantando toda a infra estrutura que existe hoje.
Em 1989
Por opção dos moradores.
Pelo bairro já ter o nome Vila Nova, foi criado através da Lei nº 355/95 de 26/06/95 denominando assim o nome da escola.
Se não me falha a memória foi a igreja católica através das irmãs e com apoio da dona Iracema | Garcia e demais católicos, isso possivelmente no ano de 1983 e 1984.
Foi construída para ser um local de lazer pela população desse bairro, inclusive foram construída piscinas que hoje estão desativadas, isso tudo no ano de 1983 e 1984.
Foi aberta pois ao lado esquerda da mesma localizavam-se as chácaras e a direita local de moradia de novos moradores desse bairro.
Porque a identificação das ruas da cidade é com número, e a rua 31 no final dela, existem as chácaras que dão início perto dessa escola e o final na avenida Roncador, portanto permanece como nome em toda a sua extensão de rua 31.
Comentário
Criou-se a Vila Nova um local com terrenos com preços mais acessíveis onde foi feito um projeto de construção de casas com pagamentos em prestação e mão de obra em sistema mutirão ( antigas casas de placas), a partir desse momento o bairro foi crescendo constantemente recebendo novos moradores e muitos dos antigos mudaram-se para outros bairros mantendo-se uma estreita ligação com familiares e amigos desses moradores que ainda permanecem morando no bairro. Esse bairro que hoje tem toda a estrutura necessária para o seu desenvolvimento: escola, asfalto, igrejas, quadras de esporte, posto de saúde, depende de todos nós para que ele seja cada vez melhor.