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Dom Wilson - Catequese-junto-a-pessoa-com-Deficiência.doc
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CAMINHADA DA CATEQUESE JUNTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

A PARTIR DOS SEMINÁRIOS NACIONAIS * 1998 - 2011

Durante a história a Igreja não se omitiu; sempre esteve próxima dos irmãos e irmãs com deficiência e resgatou sua dignidade de filhos de Deus e dignos do batismo. Entretanto, nem sempre a pessoa com deficiência foi levada em consideração ou atendida devidamente.

E isso é fruto da própria história da humanidade. Se olharmos para a Grécia, veremos que existia o costume de eliminar as pessoas com deficiência, e para eles isso não acarretava qualquer problema no campo da ética.

        Na cultura judaica a pessoa com deficiência não possuíam grandes privilégios, basta recorrermos entre tantos textos, o do livro do Deuteronômio, particularmente o capítulo 28, que entre outras coisas, coloca a deficiência como um castigo para aquele que desobedecesse a Deus.

Uma questão muito delicada diz respeito aos sacramentos, São Paulo ao dirigir-se a comunidade de Corinto fala da pureza no momento de receber qualquer sacramento, e essa idéia de pureza passou a gozar de um status que colocou a pessoa com deficiência fora da comunhão da comunidade. Já que considerava (e infelizmente muitos ainda consideram), a pessoa deficiente como um ser irracional, valoriza-se muito a capacidade intelectual, e acredita-se que a pessoa com deficiência não a possui.

Aqui surge uma questão: Será que o sacramento contempla uma dimensão puramente intelectual, ou é sinal da presença de Deus na vida da pessoa?

Em meio a uma tumultuada história, algumas pessoas, instituições religiosas resolveram atender essa parcela da população, embora nem sempre de maneira exemplar – porém temos que levar em consideração o momento histórico.

        No campo da Catequética a Catequese junto à pessoa com deficiência se destaca a presença da Igreja através de seus principais documentos catequéticos. A “Catechesi Tradendae” (1971) nº 41 nos relata: Trata-se antes de mais nada, das crianças e dos jovens deficientes físicos ou mentais. Eles têm o direito, como os outros seus coetâneos, de conhecer o “mistério da fé”. As dificuldades maiores que eles encontram tornam também mais meritórios os seus esforços e os dos seus educadores. É motivo de regozijo verificar que organismos católicos, que se dedicam especialmente aos jovens deficientes, quiserem trazer ao Sínodo vierem buscar um novo estímulo para melhor enfrentar este importante trabalho.”.

        Já o “Diretório Geral para a Catequese” no nº 149 “Toda a comunidade cristã considera como pessoas prediletas do Senhor aquelas que, particularmente entre as crianças, sofrem de qualquer tipo de deficiência física e mental e de outras formas de dificuldades. Uma maior consciência social e eclesial e os inegáveis progressos da pedagogia especial fazem com que a família e outros lugares de formação possam hoje oferecer, a essas pessoas, uma adequada catequese, à qual têm direito, como batizadas, e se não-batizadas, como chamadas à salvação. O amor do Pai para com estes filhos mais frágeis e a continua presença de Jesus com o seu Espírito nos dão a confiante certeza de que toda pessoa, por mais limitada que seja, é capaz de crescer em santidade. A educação na fé, que envolve antes de mais nada a família, requer itinerário adequados e personalizados, leva em consideração as indicações da pesquisa pedagógica, e é atuada proficuamente no contexto de uma global educação da pessoa. Por outro lado, deve-se evitar o risco de que uma catequese necessariamente especializada acabe por permanecer à margem da pastoral comunitária. Para que isso não ocorra, é preciso que a comunidade seja constantemente advertida e envolvida. As peculiares exigências desta catequese requerem, dos catequistas, uma específica competência e tornam ainda mais louvável o serviço dos mesmos”.

        No Brasil, a CNBB se pronunciou através do Documento nº 26, “Catequese Renovada” (1983), o qual aponta no número 142: “A presença de deficientes físicos ou mentais numa família e comunidade eclesial as interpela evangelicamente e exige delas uma real identificação com o Cristo sofredor nesses seus irmãos mais fracos. A família e a comunidade deverão colocar à disposição deles todos os recursos necessários para acolhê-los como membros plenos de sua comunhão, e para o possível conhecimento de Jesus Cristo. Os próprios deficientes, como os pobres, as crianças e os jovens, tornam-se por sua vez evangelizadores da própria comunidade que os acolhe”.

        Esses documentos procuram orientar os trabalhos pastorais, apontando para suas necessidades e apontando para a necessidade de colocar a disposição “os recursos necessários” a fim de realizar o processo catequético, como também, que sejam criadas condições para que essa parcela da população possa participar da vida em comunidade.

        É interessante perceber que o Diretório Geral para a Catequese (1995), aponta que a catequese é um “direito” de todo o ser humano, e não fruto da deliberação do responsável pela comunidade local.

        Embora seja necessário dar alguns passos, pois percebemos que nos referidos documentos, a Catequese junto à pessoa com deficiência é destinada particularmente a pessoas com deficiência física e mental, somente o Diretório Geral para a Catequese que aponta para “outras dificuldades”, como podemos perceber ao falar de deficiência estamos entrando em um campo complexo e cheio de especificidades que não se resume unicamente a essas duas modalidades de deficiência.

        Apontam como destinatários crianças e jovens, no entanto hoje essa visão deve ser ampliada, principalmente a partir da realização da 2º Semana Brasileira de Catequese, que aponta para a necessidade de catequizar os adultos, como aponta o próprio Diretório para a Catequese, pois sabemos que existem pessoas com deficiências que optam em fazer a experiência de fé na comunidade eclesial somente em idade adulta.

        Também deve ser superada a associação automática da pessoa com deficiência a imagem do Cristo Sofredor, temos muitas pessoas com deficiências que são felizes, e que o fato de terem nascido ou adquirido ao longo de sua vida uma determinada deficiência, não lhes tirou tal felicidade, não podemos deixar de associá-las ao Cristo Ressuscitado, ao Bom Pastor e outras imagens cristológicas comumente utilizadas.

        Se não superarmos a idéia de eternos sofredores, também não conseguiremos superar a concepção de que as pessoas que trabalham junto às pessoas com deficiência são dignas de nossos melhores reconhecimentos, como se catequizar ou trabalhar com essa população é algo exclusivamente ruim e penoso, ou seja, precisamos superar a noção de caridade-compensatória.

        Particularmente a partir do século XX em seus documentos catequéticos, a Igreja vê a necessidade de lhes dar a devida atenção e fazer esforços para superar todo tipo de discriminação. Nas comunidades, muitas pessoas se sentem chamadas para o trabalho junto às pessoas com deficiência; há inclusive catequistas e agentes de pastoral com algum tipo de deficiência (DNC nº 202).

        A catequese junto à pessoa com deficiência tem uma caminhada longa dentro da vida da Igreja em valorizar a dignidade humana. Com seus seminários, campanhas, atividades: regionais, diocesanas, paroquiais. Destacamos os Seminários e a Campanha da Fraternidade, visando atender as pessoas com deficiência e termos nestes eventos a oportunidade de conhecermos a realidade da vida da pessoa com deficiência com as suas superações, vencendo os preconceitos e os estigmas de nossa sociedade, e a Igreja tentando acolher a todos proporcionando informação e formação.

I. 1º Seminário Nacional de Catequese junto à pessoa com deficiência - 1998

        Realizado em 19 de setembro de 1998, no bairro da Glória – RJ, com o tema: “O portador de deficiência mental, a família, a sociedade e a Igreja: direitos e conquistas no limiar do 3º milênio”.

        A coordenação geral do evento ficou a cargo da Coordenação Diocesana de Catequese Especial e da equipe de Catequese Especial da Paróquia de Santo Afonso – Tijuca.

        Um número bastante significativo, mais de 250 pessoas, dos seguintes comunidades: Curitiba, Londrina (PR), São Paulo, Osasco (SP), Juiz de Fora, Itabirito, Belo Horizonte (MG), Niterói, São Gonçalo, Marica, Nova Friburgo e Rio de Janeiro (RJ) e a presença de Irmã Eliza, naquela época, assessora de Catequese da CNBB.

        Os trabalhos foram abertos com a presença e acolhida de Dom Romeu, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Em sintonia com a Campanha da Fraternidade daquele ano: “A serviço da Vida e da Esperança”, o Seminário buscou fundamentação na proposta do tema apresentado pela CNBB, demonstrando assim, a unidade e a eclesialidade do evento.

        Houve as seguintes palestras: “O portador de Deficiência Mental: novas idéias” pela professora Maria Therezinha de C. Machado; “O portador de deficiência mental na escola”, pela professora Maria Amélia de Carvalho; “A família e a sociedade na vida do portador de deficiência mental”, pela professora Maria Luiza Gomes Teixeira; “A igreja e suas contribuições para o portador de necessidades especiais”, pelo Padre José Marques.

        Proposta: ação conjunta e interdisciplinar para inserção do irmão diferente na comunidade e na sociedade.

Avanços do Seminário:

*Iniciativa em partilhar as experiências catequéticas com outras comunidades do Brasil;

*abertura em acolher as experiências;

*necessidade de conhecer, profundamente, no campo da ciência, das terapias e de todo processo de inclusão das pessoas portadoras de deficiências.

A ênfase neste seminário foi à deficiência mental, hoje já sendo usado o nome “deficiência intelectual”.

 

Participação na Segunda Semana Brasileira de Catequese

        A 2ª SBC realizou-se de 08 a 12 de outubro de 2001, em Itaici, Indaiatuba – São Paulo, com o tema: “Com Adultos, Catequese Adulta” e com o lema: “Crescer rumo à maturidade em Cristo” (Ef 4,13), lembrando aos participantes da importância e necessidade de olharmos para a catequese com os adultos com a pessoa com deficiência também adulta que precisa ser acolhida no processo catequético.

        E com o apoio de seu Bispo Assessor da Comissão da Animação Bíblico-Catequética, Dom Francisco Javier Hernandez Arnedo, OAR, formou-se um pequeno grupo de conversa sobre a catequese junto à pessoa com deficiência e propôs a idéia de promover um novo seminário nacional a onde deveria estar contempladas todas as deficiências.

II. 2º Seminário Nacional de Catequese junto a pessoa com deficiência - 2002

        Realizado nos dias 30 de agosto e 01 de setembro de 2002, em São Paulo, com o tema: Pessoas portadoras de deficiências: prediletas do Senhor com direito à catequese.

O 2º Seminário Nacional de Catequese Especial (2º SNCE) contou com aproximadamente 130 participantes dos regionais da CNBB e representantes das Igrejas: Batista, Metodista e de Confissão Luterana, como também a presença no 2º SNCE de movimentos e entidades como: Fé e Luz, FCD, APAEs.

O objetivo do 2º SNCE foi refletir a realidade dos portadores de necessidades especiais, no atual contexto sócio-politico-econômico-cultural-religioso e eclesial, à luz da fé cristã; partilhar e avaliar experiências no campo da ação catequética junto às pessoas portadoras de necessidades especiais; aprofundar critérios e traçar linhas de ação para a Catequese Especial; promover a articulação entre os regionais e em âmbito nacional.

Foram desenvolvidos os temas:

        Contamos com apresentações de experiências, com particular destaque ao trabalho da Vila Cotolengo, GO, (Deficiências sensoriais, deficiências mentais, deficiências físicas), a equipe de Brasília (Lucy e Ana), como também depoimentos dos participantes.

Durante esses três dias de trabalhos ficou claro que tanto a comunhão como o sonho de levarmos adiante o processo catequético é possível.

Sugestões de ações em nível Nacional

III. 3º - Seminário de Catequese Especial – 2004

Equipe de Coordenação neste período era composta dos seguintes membros: Pe. Vilson Dias de Oliveira (Assessor Nacional de Catequese da CNBB), Ir. Teresa Nascimento (Assessora Nacional de Catequese da CNBB), Francisco Maurício Araújo dos Santos (Osasco), Cícera Thadeu dos Santos (Mogi das Cruzes), Maria Paula Rodrigues (Osasco), Pe. José Marques (RJ); Margarete Caiasso e Vanilda A. Souza Silveira (Votuporanga, SP) do RP2.

Foram acrescentados outros membros: Jeová Toscano de Medeiros – Uberlândia – MG, Lílian Regina Barbosa de Souza - S. José dos Campos – SP, Antônio César Bacchim – Rio de Janeiro – RJ, Amélia Galan - SP (FCD); Ana Shirlei Pires – Brasília –DF, Lucy Ângela Cunha – Brasília – DF, Pe. Mauro Luiz da Silva – Belo Horizonte – MG, Terezinha de Melo Mesquita – Porto Velho – RO, Sandra Regina Gonzaga – Jacareí – SP, Adriano Garcez Pereira - Mogi das Cruzes – SP.

Equipe Nacional Executiva de Catequese Especial em 2004 - 01. Amélia Galan - FCD – São Paulo; 02. Ana Shirlei Pires - Taguatinga – DF; 03. Antônio César Bacchim - Rio de Janeiro – RJ; 04. Cícera Thadeu dos Santos - SP2 – Mogi das Cruzes; 05. Lucy Ângela Cunha -Taguatinga – DF; 06. Francisco Mauricio A. Santos - SP2 – Osasco; 07. Pe. José Marques -Rio Janeiro – RJ; 08. Margarete Caiasso - SP1 – R.E. Sé; 09. Adriano Garcez Pereira - SP2 – Mogi das Cruzes; 10. Pe. Vilson Dias de Oliveira, DC - Aparecida – Dioc. Caraguatatuba; 11. Pe. Jânison de Sá Santos - CNBB – DF; 12. Ir. Maria Aparecida Barboza - CNBB – DF e 13. Vanilda A. Souza Silveira, (Votuporanga, SP) do RP2.

        

Avanços do Seminário

*Participação de agentes de pastoral catequética que trabalham com outras áreas, além da Mental;

*percepção que nem todas as casas de retiros estão adaptadas ou preparadas adequadamente para receber as pessoas com deficiência;

*a participação de representantes de outras denominações cristãs com experiências ricas no campo das deficiências;

*criação da equipe executiva ampliada da catequese especial, com representantes das áreas da surdez, visão, física, mental: o objetivo é assessorar a equipe executiva da Catequese Especial em tudo que diz respeito a elaboração e execução de projetos e atividades promovidas pela Comissão da CNBB e dos seus Regionais.

*momentos fortes de celebração e de oração mostraram a força e a vitalidade que se busca e encontra numa Mística da Solidariedade e do amor ao próximo;

*o incentivo de participação de todos os envolvidos no processo de evangelização, catequese e inclusão das pessoas com deficiência e os desafios e as barreiras a enfrentar.

Terceiro Seminário Nacional de Catequese junto a pessoa com deficiência

        Relizado nos dias 12 a 15 de agosto de 2004, em São Paulo, com o tema: Pessoa com deficiência: conhecer para construir, e com o lema: Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

        A Equipe Executiva da Catequese junto a pessoa com deficiência: Pe. Jânison de Sá, Ir. Maria Aparecida Barbosa, Margareth Caiasso, Cesar Bacchim, Cícera Thadeu, Amélia Galan, Francisco Maurício, Pe. José Marques.

        A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética promoveu o 3º Seminário Nacional de Catequese Especial, que aconteceu de 12 a 15 de agosto, no Centro Pastoral Santa Fé, em São Paulo (SP). O Seminário abordou o tema "Pessoa com deficiência: conhecer para construir" e o lema "Jesus, Caminho, Verdade e Vida".

        Os objetivos foram: despertar e orientar, nas diversas áreas da deficiência, a formação básica e permanente no ministério catequético; construir novas relações, por meio de métodos adequados junto à pessoa com deficiência.

        O evento teve início com uma celebração, às 19h30, seguida da acolhida dos participantes, apresentação da equipe organizadora, dos objetivos, e com a saudação do presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, Dom Eugène Adrian Rixen.

        No segundo dia de encontro, o secretário-geral da CNBB, Dom Odilo Pedro Scherer, desejou boas-vindas aos participantes; em seguida, Francisco Maurício falou sobre a "História da Catequese: memória da Catequese Especial e Terminologia"; Therezinha Cruz abordou a espiritualidade bíblica; à tarde aconteceram as apresentações das crianças do Recanto Guanella, e da Pastoral dos Surdos.

        No mesmo dia, Pe. Jânison de Sá Santos e Ir. Maria Aparecida (Assessores da CNBB) falaram sobre o Diretório Nacional para a Catequese e os Projetos da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB.

        Durante a noite aconteceu relatos de experiências e lançamentos de livros. No sábado, realizou-se uma mesa redonda sobre os vários tipos de deficiências; à tarde, Romeu Sassaki fala sobre a formação do catequista, inclusão, panorama nacional e internacional.

        Pe. Dutra, um sacerdote brasileiro que veio dos Estados Unidos, abordou as múltiplas deficiências. No último dia do Seminário aconteceram: a avaliação e propostas de continuidade deste importante trabalho nas Dioceses e Paróquias e a celebração eucarística.

        Durante este encontro foi comunicado que, a Campanha da Fraternidade/2006, terá como pano de fundo as pessoas com deficiência. Pediu-se portanto o empenho de toas as dioceses e paróquias para o bom desenvolvimento e êxito da mesma.

Foram desenvolvidos os temas

        

Avanços do Seminário

*participação de outras áreas de deficiências, através de relatos de experiências.

* a presença dos bispos – membros da CNBB;

*espaço e escuta dos participantes, quanto a indicação do lema para a CF/2006. Dom Eugène Adrian Rixen levou diversas citações à Comissão da CF, depois de debates da assembléia;

* a elaboração dos subsídios e participação das pessoas com deficiências, neste momento histórico da Igreja no Brasil.

* Mudança de nomenclatura (aprovado em assembléia) para o 4º Seminário: de Catequese Especial para Catequese junto às Pessoas com Deficiência.

*Sugestões para trabalhar a CF, no ano seguinte, além das muitas sugestões indicadas pela assembléia ao Seminário Nacional de Catequese/2006.

APROVAÇÃO DO DIRETÓRIO NACIONAL DE CATEQUESE / AG - AGOSTO - 2005

3. Catequese na Diversidade

3.2. Pessoas com Deficiência

202. É grande em nosso país a quantidade de pessoas com deficiências. Elas têm o mesmo direito à catequese, à vida comunitária e sacramental. Particularmente a partir do século XX em seus documentos catequéticos, a Igreja vê a necessidade de lhes dar a devida atenção e fazer esforços para superar todo tipo de discriminação. Nas comunidades, muitas pessoas se sentem chamadas para o trabalho junto aos deficientes; há inclusive catequistas e agentes de pastoral com algum tipo de deficiência.

203. Toda pessoa tem necessidade, pois ninguém se basta a si mesmo. Mas, há algumas pessoas que têm necessidades específicas. Estas também precisam ser acolhidas na catequese. É preciso oferecer uma catequese apropriada em seus recursos e conteúdo sem reducionismo e o simplismo que apontem para um descrédito das capacidades da pessoa com deficiência. Também não se pode deixar de mencionar o número expressivo de irmãos que possuem necessidades educacionais especiais, sejam elas provisórias ou permanentes, causadas por algum distúrbio ou outras especificidades. A estes a catequese dispense a atenção necessária.

204. Aumenta a cada dia o número de voluntários para trabalhar com pessoas com deficiência. Há também consciência e organização sobre esta catequese. Há organismos e movimentos representativos na luta pelo reconhecimento de suas necessidades. Nota-se uma tendência de superação de idéias preconceituosas e de atitudes caridoso-assistencialistas que dificultam o protagonismo social e eclesial. Como membros da Igreja, também os deficientes mentais têm direito aos sacramentos: não é uma concessão, é um direito que precisa ser garantido. Eles fazem parte da comunidade e nela tem direito a serem ajudados a fazer a experiência do mistério de Deus na sua vida.

205. Nesse itinerário da fé, a família desempenha papel fundamental, pois é nela que ocorre a primeira experiência de comunidade e onde a pessoa deveria receber o primeiro anúncio do mistério da salvação. Por esse motivo a comunidade eclesial esteja atenta às suas necessidades, conflitos, desejos e aspirações. Toda comunidade cristã é convidada a assumir a responsabilidade de catequizar os deficientes, criando condições para sua plena participação comunitária e pastoral.

206. É importante que a participação das pessoas com deficiência na catequese seja feita em companhia dos demais catequizandos para que se evitem grupos separados ou confinados em locais sem a devida atenção e que não se perpetue a idéia de que todas as pessoas com deficiência necessitem de uma catequese puramente especializada. É necessário levar em consideração as descobertas e avanços das ciências humanas e pedagógicas e assumir a pedagogia do próprio Cristo, que privilegiou os cegos, mudos, surdos, coxos, aleijados (cf. Mt 15,30-31; Lc 7,22). Somos imagem de Cristo ressuscitado e participamos dos sofrimentos, da cruz, como também da alegria de ser chamados à vida testemunhando através dela a ação do próprio Deus. Os locais para a Catequese junto às pessoas com deficiência deverão ser adaptados, de acordo com a legislação vigente, facilitando o acolhimento e acesso aos mesmos nas comunidades.

207. A catequese junto às pessoas com deficiência, atinge todas as idades, em especial os adultos, pois muitos deles, por diferentes motivos, não tiveram a oportunidade de fazer a experiência da fé na comunidade eclesial em outras fases da vida, e agora manifestam esse desejo. É preciso perceber também o quanto essas pessoas podem ter a ensinar, com a sua própria experiência e com o modo como lidam com sua situação. Com elas, como com todos os catequizandos, há uma estrada de mão dupla onde o catequista também aprende e se enriquece.

208. Essa catequese supõe uma preparação específica dos catequistas, pois cada necessidade diferente exige uma pedagogia adequada. É bom contar com o apoio de profissionais, como médicos, fonoaudiólogos, professores, fisioterapeutas, psicólogos e intérpretes em língua de sinais sem que se perca o objetivo da catequese. Em todo esse processo a família desempenha um papel importante para o qual deve receber a devida ajuda.

Campanha da Fraternidade 2006

         Esta Campanha nos trouxe como tema de reflexão: “Fraternidade e pessoas com deficiência”, e com o lema: “Levanta-te vem para o meio!”

        A presença da Igreja no mundo, sempre se fez a partir da história de cada pessoa humana e nos seus contextos sociais.

        Por isso, o primeiro objetivo deste subsídio é de registrar, primeiramente à própria Igreja, o trabalho iniciado com as pessoas com deficiência ao longo desses anos.

        Providencialmente, o Seminário Nacional de Catequese ganha, neste ano, um destaque especial, pois é fortalecido e subsidiado com a Campanha da Fraternidade que abordou o tema da Pessoa com Deficiência no Brasil, no período quaresmal.

        O saudoso Papa João Paulo II, atento aos anseios da mulher e do homem modernos, faz-nos um apelo e nos lembra da necessidade para toda a Igreja de uma nova evangelização, novo ardor e novos métodos.

        E nesse sentido, a Igreja no Brasil esteve e está atenta para perceber essa necessidade de cumprir fielmente o mandato do Senhor: anunciar o Evangelho a toda criatura (cf. Mt 28,19). Disto decorre a elaboração dos Seminários nacionais promovida pela Comissão Bíblico-Catequética – CNBB.

        Essa unidade com a Igreja Católica (universal), adquiriu uma especificidade dentro da realidade brasileira a partir do Projeto Nacional de Evangelização: “queremos ver Jesus, Caminho, Verdade e vida”.

        A partir destas duas vertentes que todo trabalho realizado até então, teve como meta colocar em ação e em testemunho o Projeto de Deus, trazido e oferecido por Jesus Cristo.

Um novo olhar da Igreja, a partir da Pessoa com Deficiência

        Todo o cristão é chamado à santidade. Esse processo requer certos valores e atitudes imprescindíveis para atingirmos o Projeto do Pai: a conversão e o reconhecimento de nossa fragilidade humana.

         Com a rica e profunda proposta da CF/2006, fundamentada no lema: “levanta-te, vem para o meio” (cf. Mc 3,3), a Igreja renova-se e esforça-se em palavra e ação, nessa busca de ouvir, perceber, olhar o outro, nas suas diferenças e nas suas diversidades de viver e conviver na sociedade.

        A realidade do “Ver”, dentro da metodologia empregada para analisar e conhecer as realidades humanas nos ditou um forte apelo de despertar e de conhecer realmente as vivências humanas do outro diferente. Não basta apenas conhecer as realidades e as conjunturas sociais, políticas, culturais e econômicas da Pessoa. Ao abrir-se às novas visões e a novos conhecimentos, nos deparamos com o outro passo: o do “Agir”. Atitudes fraternas e solidárias com a pessoa com deficiência tendo  vista uma construção solidificada em políticas públicas na defesa dos diretos das pessoas com deferência são passos decisivos na concretização de sonho de um mundo melhor.

        Um agir humano e cristão, eclesial e fraterno, na perspectiva do Julgar, perpassa assim toda pedagogia de Jesus Cristo, ou seja, ações e atitudes com os pobres, os coxos, os surdos, os cegos, os que estão à beira do Caminho...

        O desejo maior do 1º Seminário Nacional de Catequese Especial foi sem sombra de dúvida, um chamado a todos aqueles que vivem ou estão á beira do Caminho. Um convite e uma convocação que nasce do coração de Jesus, que veio para servir e não para ser servido. Esta é, pois o sonho e o desafio dos Seminários Nacionais de Catequese da Pessoa com Deficiência.

IV. 4º Seminário Nacional de Catequese junto à pessoa com deficiência - 2006

Realizado nos dias 02 a 05 de novembro de 2006, com o tema: “Pessoa com deficiência, interlocutores na Catequese”, e com o lema: “Criados a Imagem e semelhança de Deus” (Gn I, 27).

        

Objetivo Geral

Reconhecer a dignidade da pessoa com deficiência a fim de que seja protagonista no processo do amadurecimento da fé.

Objetivos específicos

  1. Valorizar todas as potencialidades da pessoa com deficiência.
  2. Oportunizar meios-condicões para que sejam evangelizadores e testemunhas na construção do Reino.
  3. Sistematizar (recolher) a caminhada da Catequese da Pessoa com deficiência das comunidades.

Eixos temáticos

Esclarecer o conceito de interlocutores e sua implicação no contexto social, dando particular ênfase à questão da pessoa com deficiência em relação aos diferentes contextos (social, religioso, político e catequético).

Aprofundar a dimensão teológica do presente texto bíblico e suas implicações em relação à pessoa com deficiência.

Foram desenvolvidos os temas

Avanços do Seminário

*participação da experiência do Padre Jorge a deficiência mental na Argentina;

* a participação significativa dos regionais da CNBB;

* a presença dos bispos – membros da CNBB;

* o Diretório Nacional de Catequese onde a pessoa com deficiência é destaca como interlocutora da história;

* o compromisso da CNBB na produção de um subsídio oficial para a catequese junto à pessoa com deficiência.

Publicação do 4º Seminário Nacional de Catequese junto à pessoa com deficiência         

Fato importante neste período foi a Publicação do 4º. Seminário Nacional de Catequese junto à pessoa com deficiência, com o tema: “Pessoas com Deficiência Interlocutoras da Catequese”, Brasília – Edições CNBB – 2008.

Participação na Terceira Semana Brasileira de Catequese

A terceira Semana Brasileira de Catequese realizou-se de 06 a 11 de outubro de 2009, em Itaici, Indaiatuba, SP, com o tema: “Iniciação à Vida Cristã” e com o lema: “Nosso coração arde quando Ele fala, explica as Escrituras e parte o pão” (Lc 24, 32-35)

A catequese junto à pessoa com deficiência na 3ª SBC marcou sua presença no trabalho de oficina, onde apresentou a todos a importância da catequese junto a pessoa com deficiência e a distribuição de um Censo em âmbito nacional, para conhecermos os anseios dos catequistas que trabalha com a catequese junto a pessoa com deficiência.

V. 5º Seminário Nacional de Catequese junto à pessoa com deficiência - 2011

Este seminário acontece no período de 25 a 27 de março de 2011, em São Paulo, no Centro Pastoral Santa Fé, com o Tema: “Igreja e a Pessoa com Deficiência” e Lema: “Levanta-te e anda” (At 3,6). Neste temos o apoio de Dom Eugène A. Rixen e das Assessoras: Ir. Zélia Maria Batista, CF e Maria Cecília Rover, da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB.                                                                            

 

CONCLUSÃO:

        Queremos recordar o que nos diz o Diretório Geral da Catequese nº 189: “toda comunidade cristã considera como pessoas prediletas do Senhor aquelas que, particularmente entre as crianças, sofrem de qualquer tipo de deficiência física e mental e de outras formas de dificuldades. Uma maior consciência social e eclesial e os inegáveis progressos da pedagogia especial fazem com que a família e outros lugares de formação possam hoje oferecer, a essas pessoas, uma adequada catequese, à qual têm direito, como batizadas, e se não-batizadas, como chamadas à salvação. O amor do Pai para com estes filhos mais frágeis e a contínua presença de Jesus com o seu Espírito nos dão a confiante certeza de que toda pessoa, por mais limitada que seja, é capaz de crescer em santidade.” 

        Queremos sentir membros da Igreja de Cristo: e o grande trabalho da catequese especial é fazer com que o portador de necessidades especiais sinta-se Igreja. Para isso é preciso criar espaço para eles, oportunidades de participação efetiva nos trabalhos da comunidade. Confiar-lhes responsabilidades e exigir seus deveres cumpridos, para que possam ser colaboradores da caminhada eclesial. A comunidade especial deseja ardentemente ser incluída na vida de Igreja, pois segundo a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, “as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”[1].  

        A caminhada da Catequese Especial foi algo ímpar para a Igreja Católica no Brasil. São anos de caminhada e doação, de estudo e formação, de dedicação de tantas pessoas que ao longo dos anos puderam dar de si para ampliar os horizontes desta pastoral envolvendo a tontos irmãos e irmãs pelo Brasil.

        Neste período passamos por várias gestões da “Dimensão Bíblico-Catequética” e da “Comissão Bíblico-Catequética” da CNBB, por vários bispos e assessores(as). Mas podemos afirmar que não faltou apoio do campo Catequético da CNBB para a Catequese Especial. Sentimos apoiados e amparados nestes anos, e ainda mais levamos os anseios da Catequese Especial para os últimos documentos da CNBB.

        Queremos bendizer e louvar a Deus por tantos belos caminhos que pudemos trilhar em nível nacional a partir do ano 1998. Que Deus continue abençoando e fortalecendo a todas as pessoas envolvidas nesta importante pastoral de nossa Igreja, e ao mesmo tempo, iluminar este 5º Seminário de Catequese Especial (2011) que acontece nestes dias em Santa Fé, na grande metrópole paulistana.

Contribuiram para este texto:

Prof. Antonio Cesar Bachim,

Prof. Francisco Mauricio dos Santos,

Cícera Thadeu dos Santos e

Dom Vilson Dias de Oliveira, DC, Bispo de Limeira, SP.

BIBLIOGRAFIA DE CONSULTA

Na caminhada da catequese junto à pessoa com deficiência, após o segundo seminário nacional, conseguimos também algumas conquistas que farão parte da história com a publicação de livros e artigos como a reedição de alguns, conforme relação a seguir:

  1. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Manual: Campanha da Fraternidade 2006 – Fraternidade e Pessoa com Deficiência – São Paulo – Ed. Salesiana – 2005.
  2. Diretório Nacional de Catequese – Brasília – Edições CNBB – 2006.
  3. Pessoas com Deficiência Interlocutoras da Catequese – Brasília – Edições CNBB – 2008.
  4. Pastoral da Inclusão – pessoas com deficiência na comunidade cristã. Pe. Dutra. Editora Loyola – 2006.
  5. Catequese junto à pessoa com deficiência mental. Vinhal, Ana Shirlei P. e Freitas, Lucy Ângela C.; Editora Paulus, 2008.
  6. Pastoral dos Surdos – rompe desafios e abraça os sinais do Reino na Igreja do Brasil; Editora Paulinas, 2006.
  7. Dorina viu. Cotes, Claudia; Editora Paulinas, 2006.
  8. Meu Rei Arthur – A chegada de um filho com Síndrome de Down. Cyreno, Lúcia; Editora Paulinas, 2007.
  9. O pequeno Rei Arthur – convivendo com a Síndrome de Down. Cyreno, Lúcia; Editora Paulinas, 2007.
  10. ADAM – O amado de Deus. Nouwen, Henri J.M.; Editora Paulinas; 2000.
  11. Filhos Especiais para pessoas especiais – O milagre do dia-a-dia; Maria, Neusa; Editora Paulinas, 2006.
  12. Pessoas com deficiência: conhecer para incluir. CET (Companhia Engenharia de Trafego); Prefeitura da Cidade de São Paulo.
  13. Maravilhas a caminho – Acolher um deficiente, viver nossas deficiências; Miranda, Evaristo Eduardo; Editora Loyola, 2005.
  14. Capazes de Crer e Amar – a pessoa com deficiência mental na sociedade e na Igreja. Wargas, Sandra de Carvalho e Silva, Maria Carolina Marques; Editora Paulus, 2003.
  15. Criança Genial. Cotes, Claudia; Editora Paulinas, 2005.
  16. Ninguém é Perfeito. Gomboli, Mário; Editora Paulus, 2004.
  17. O menino que via com as mãos. Azevedo, Alexandre; Editora Paulinas, 2006.
  18. Primeira Comunhão Eucarística – Catequese Especial para Surdos. Livro do catequista e catequizando; Barbosa, Ir. Marta M. e Pimentel, Marta Casalecchi M.; Editora Canção Nova, 2007.
  19. Caminhando na Construção do Reino, volume 1 e 2. Equipe de Catequese de Votuporanga; Editora Salesiana; 2ª. Edição, 2008.

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[1] GS. nº1.