Fertilidade
Às mães que aportam os ancoradouros divinos em seu ventre
E àquelas que aportam no seu coração
A mais pura admiração!
São férteis, ambas.
- amas do Deus, que confiam nelas parte de sua criação.
Fertilidade é retirar da própria essência a ambrosia e o néctar do Eterno.
É livrar-se do ermo, da inércia, do descontentamento
Para ver dentro si a cor do aprendizado, muito além do sofrimento.
Mais que ver germinar em terra adubada, é ter esperança de planta na aridez do sertão.
Ser fértil é ter a capacidade de emergir das tempestades de emoções
Para ir bem dentro do coração, e encontrar refúgio no melhor da alma
Descobrir as soluções, caminhar além das paixões, aprender com as algas...
- que se entranham nas entranhas do mar, possuindo leveza e firmeza para continuar...
Férteis são as sementes, que mesmo àquelas cujos frutos não virão, guardam dentro delas toda a possibilidade de criar.
Não extirpam o seu sonho de gerar, porém compreendem que são as guardiãs do segredo da planta;
Tendo em si o júbilo de Ser. Não querendo ser mais nada além do que é.
Tal como são férteis as Virtudes pelos Homens conquistadas
Prismas que reluzem para o alto
Fortalecendo o primeiro ato criador.
Relembrando-nos do que realmente somos
Enlaçando-nos novamente aos cosmos
Fertilizando as terras ardilosas da ignorância.
Temperança é a irmã da fertilidade
Não nasce no que se esbanja a timidez da raridade.
É preciso comedir, instruir, lapidar
Para tornar a alma fértil, para que, tudo tanto quanto for puro possa brotar.
Transitar entre as cores que matizam o Divino.
Entender que o menino esperado não vem somente no ventre
Que ele já brinca como brisa lânguida no melhor da nossa mente.
Entender que a fertilidade não está só na chuva que cai fortalecendo a terra
Mas na constância da plantação e na fé que depositamos nela.
Entender que não há um único quintal que não possa dar flores
E um único ser que não possa carregar amores.
Entender que não é preciso entender a poesia
- mas sentir a sua energia
Já é adubar o coração
Para receber docemente a fecundidade da Criação.
Mandala de Simone Bichara – Texto de Daniella Paula Oliveira