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A FLORESTA ENCANTADA

Sávio de Oliveira

Era uma vez, dois amigos Paulo e Yuri que gostavam muito de brincar juntos. Todas as tardes ao saírem da escola, ia um para casa do outro para andar de bicicleta.

Todos os finais de semanas lá iam os dois de bicicleta até o sítio do avô de Paulo, que ficava não muito longe da cidade em que residiam.

No sítio eles se divertiam muito andando a cavalo pelos campos, nadando num riacho onde costumavam passar a maior parte do tempo.

Havia próximo ao sítio, uma floresta muito grande que o avô de Paulo sempre dizia para nunca entrarem nela. Paulo perguntava qual era o perigo? mas seu avô apenas dizia ser proibido se aproximar daquela mata.

Paulo sempre perguntava qual era o perigo em entrar naquela mata, mas seu avô apenas dizia que estavam proibidos porque existia muitas histórias misteriosas sobre ela e todos que nela entravam, não saiam mais.

Um domingo, levantaram bem ceco e foram andar pelos campos, passando próximo a floresta, Yuri disse – você acredita nessas histórias que seu avô contou sobre esta mata, Paulo?

- Claro que acredito, se meu avô disse é verdade – Confirmou Paulo

- Eu não acredito – disse Yuri – é uma mata como outra qualquer. Acho que seu avô tem medo da gente se perder nela, por isso inventa essas histórias para nos colocar medo.

- Pode ser, toda vez que saímos, ele já vem com essa história de não entrar na mata. Será que tem algum riacho com cachoeira nela?

- Com certeza tem – disse Yuri – todas as matas tem cachoeiras. Eu tenho coragem de entrar. E você?

- Claro que também tenho, não sou medroso - Afirmou Paulo

- Então vamos – disse Yuri – a gente só entra um pouco e logo sairemos, seu avô nem vai saber.

- Mas e se ele descobrir? – Disse Paulo

- Só se você contar a ele.

- Tudo bem, então vamos – Disse Paulo, decidido.

- Vamos andar sempre juntos – falou Yuri e entraram.

E assim, desobedecendo às ordens do seu avô, Paulo e Yuri entram na floresta. Após andar alguns minutos, Yuri disse – não te falei que não tem nada demais, é uma mata igual às outras, apenas temos que tomar cuidado com cobra e outros animais selvagens que pode ter aqui.

- Que tipo de animal tem aqui? Quis saber Paulo.

- Alguma onça por exemplo – Disse Yuri.

- Acho bom voltarmos então, já andamos o bastante – Sugeriu Paulo.

- Você está com medo Paulo, mas tudo bem, vamos voltar.

Resolveram então voltar, acontece que andaram, andaram e nada de encontrar a saída.

- Acho que estamos perdidos – Falou Paulo

- Que nada, vamos continuar que já estamos chegando – Disse Yuri.

E assim continuaram andando e nada de encontrar a saída até que Paulo, refletindo sobre a situação, concluiu.

- Para entrar, andamos menos que vinte minutos e já faz uma hora que estamos tentando sair, claro que estamos perdidos. E por culpa sua. Não devíamos ter desobedecido meu avô – Disse Paulo preocupado.

- Não se preocupe que vamos achar a saída Paulo, estou acostumado a andar no mato.

- Que mato que você está acostumado a andar? – Perguntou Paulo com ares de deboche.

- Não se preocupe, já disse que vamos sair.

Continuaram a andar mas agora com a certeza de que estavam perdidos pois fazia horas que estavam andando e parecia que aquela floresta não tinha fim.

- É, acho que estamos perdidos mesmo – Concordou Yuri. E agora?

- E agora, não sei – disse Paulo – mas que estamos perdidos já sei há muito tempo, só você não tinha percebido. Se não conseguirmos sair daqui, meu avô vai descobrir e teremos um grande problema.

- O avô é seu, se vire – Disse Yuri

- Tudo bem, mas vou dizer que você que me convenceu a entrar na mata – falou Paulo –não pense que vai escapar dessa.

Convencidos então que estavam perdidos resolveram continuar andando e assim o tempo foi passando, passando e embora não tinham percebido, estavam cada vez mais no meio da floresta.

Yuri então disse a Paulo – já está tarde e vai escurecer logo, acho melhor procurar um lugar para passar a noite.

- Eu não vou dormir no chão, aqui deve ter onça e muitas cobras - Falou Paulo.

- Olhe aquela árvore imensa, que tal subirmos nela, seus galhos são jeitosos para dormir – Sugeriu Yuri.

- Legal, então vamos subir logo – Falou Paulo.

E assim fizeram, subiram na árvore e se ajeitaram em alguns galhos numa altura que consideravam seguro e a noite caiu.

O que eles não sabiam é que as noites numa floresta como aquela era muito diferente que na cidade. Alem da preocupação com o avô que segundo Paulo, deveria estar procurando-os, começou a acontecer outros inconvenientes.

Não muito longe dali, ouviram algumas vozes de homens.

- Será que é meu avô que está nos procurando? Quis saber Paulo.

- Vamos ficar em silêncio que estão vindo para cá – Falou Yuri.

Pouco tempo depois apareceram três homens fortemente armados e pararam próximo a árvore que estavam.

Ao perceberem que eram desconhecidos e estavam armados, ficaram apavorados, mas em silêncio.

Ouvindo a conversa deles descobriram que eram caçadores e que já haviam aprisionado muitos animais e que estavam voltando para o acampamento depois de preparar pela mata, várias armadilhas.

Conversaram durante algum tempo e seguiram para o acampamento sem perceber a presença dos meninos, o que os deixou aliviados.

- Yuri disse: Paulo  você ouviu? São caçadores e pelo jeito já prenderam vários animais.

- Ouvi sim – disse Yuri – amanhã vamos seguir na direção que foram e descobriremos o acampamento.

- Você está doido cara, esses homens são perigosos, se nos pegam, estamos mortos – Contestou Paulo.

- Que nada, a gente descobre e monta um plano – Disse Yuri.

- Um plano para quê? – Perguntou Paulo.

- Ora, para soltar os animais, não podemos deixar esses caçadores prender os animais. Já ouvi na televisão que os animais são pegos para depois serem contrabandeados para outros países.

 - É, você tem razão. Mas que tal a gente contar para meu avô e ele denuncia para a polícia.

- Você esqueceu que estamos perdidos aqui. Como vamos contar para seu avô?

- Cara, é mesmo, então vamos tomar muito cuidado. Acho que vou tentar dormir embora este galho seja muito duro – Falou Paulo.

- Vai ser difícil dormir, tem barulho demais – Falou Yuri – parece que a floresta soltou todos os seus monstros. Está ouvindo?

- Estou ouvindo e também tremendo de medo.

Ficaram em silêncio e a cada minuto que passava, aumentava os sons da floresta. Na verdade eles não sabiam, mas eram corujas, macacos bugios e outros animais noturnos, mas era realmente assustador, principalmente para os dois garotos que desconheciam tudo isso.

Depois de algumas horas mal acomodados, começaram a ouvir vozes novamente, agora para todos os lados. Parecia que eram várias pessoas chamando outras.e o pior é que essas vozes estavam cada vez mais perto deles, até que em dado momento já estavam sob a árvore.

Eles, embora apavorados, não conseguiam ver ninguém, só ouviam, pois a escuridão era imensa.

De repente começou a aparecer vaga-lumes de todos os lados, eram milhares delas que foram assentando no tronco da mesma árvore em que estavam e em pouco tempo ficou tudo iluminado., o que os deixou ainda mais perplexos, nunca imaginaram que o que estavam vendo poderia ser verdade.

- Yuri – disse Paulo baixinho, devo estar sonhando cara, isso não existe, são animais que estão falando. Olhe quantos estão chegando. E agora o que vamos fazer? Estão todos parados bem debaixo de nós.

- Eu também não consigo acreditar – confirmou Yuri – é bom não fazer barulho. Parece que estes bichos estão se reunindo por algum motivo. Se nos descobrir, estamos fritos cara. Tem até onça, nunca tinha visto uma assim tão de perto.

Ficaram em silêncio quase que sem respirar para não serem descobertos, afinal estavam ali mais de cinqüenta animais.

Quando parecia que já tinha chegado todos os animais, ouviu-se a voz da onça.

- Amigos, nesse momento devemos esquecer qualquer desavença e nos unirmos. Por isso, convoquei todos os animais que trabalham à noite para esta reunião. Já conversei também com todos os animais diurnos e todos concordamos numa coisa, devemos expulsar esses caçadores de nossa floresta como sempre fizemos com quem entra aqui. Há muito tempo estávamos em paz e agora mais uma vez fomos invadidos por esses homens maus que nos matam e prendem.

- Dona onça – falou o lobo guará – estou para o que der e vier, mas o que podemos fazer contra tantos caçadores?

- É isso mesmo – disse um macaco – eles são muitos e estão armados, já prenderam muitos companheiros nosso que estão todos enjaulados. Sempre saem três homens e ficam três no acampamento.

- Precisamos de um plano – Disse a coruja.

- A senhora já possui algum plano dona onça? Perguntou o tatu.

- Claro que tenho um plano, amigos – Disse a onça.

Nisso os meninos estavam atentos e mal acreditavam no que estavam ouvindo.

- Que plano é esse dona onça? - Quis saber a raposa.

- Vou explicar a todos, silêncio – pediu a onça – não tenho na verdade, um plano formulado, mas nos meus planos entra dois humanos.

- Dois humanos – Estranhou a coruja.

- Sim, dois humanos, isso é, dois meninos.

- E quem são esses meninos? Quis saber a raposa.

- Um é neto de um sitiante  próximo, um senhor já idoso e muito bom, um amigo dos animais, pois já nos ajudou muito. O outro é um amigo dele que estão sempre juntos.

Nisso  Paulo e Yuri estavam apavorados com o rumo da conversa da onça.

- Onde estão esses meninos? - Perguntou o lobo.

- Hoje eles desobedeceram ao seu avô e entraram na floresta e ficaram perdidos –Ddisse a onça.

- Mas onde estão eles agora? – Perguntou o tatu.

- Foi proposital que marquei esta reunião sob esta grande figueira. Eles estão ali nos galhos, é só olharem para o alto.

Nisso Paulo e Yuri, que tinham ouvido toda conversa, estavam ainda mais apavorados.

Disse a onça então – vocês poderiam descer um pouco para conversarmos melhor?

- Paulo olhou para Yuri e disse – e agora, o que vamos fazer?

- Ora, vamos descer, não vão nos fazer mal, apenas querem nossa ajuda - Falou Yuri.

- É, realmente nada pode acontecer porque nada disso está acontecendo. Estou na minha cama, dormindo e tendo um sonho meio louco, só isso – Disse Paulo.

Desceram cautelosos e com medo e logo estavam entre os animais.

- Não se preocupem – disse a onça – estão entre amigos. Ouviram nossa conversa e sabem que precisamos de sua ajuda – falou a onça.

- Sim, ouvimos – disse Paulo – mas eu jamais acreditaria se me dissesse que uma onça ou outro animal fala.

- Isso porque vocês humanos não acreditam nos animais. Para vocês somos apenas animais selvagens e devemos ser dizimados por isso. – Falou o lobo guará.

- Eu não penso assim – disse Yuri – tanto que já tínhamos combinado de procurar o acampamento dos caçadores e soltar os animais presos. Os caçadores passaram por aqui hoje e ouvimos toda a conversa deles.

- Então vocês estão dispostos a nos ajudar? - Quis saber a onça.

- Claro que estamos, mas precisamos de um favor de vocês depois disso – Comentou Paulo.

- Que favor é esse? - Perguntou a onça.

- Mostrar o caminho de volta para nós – confirmou Paulo.

- Sim, levaremos vocês até a saída, mas precisam nos prometer uma coisa...

- Nem precisa terminar dona onça – falou Paulo, rapidamente – nunca mais entraremos nesta floresta.

- Muito bem – disse a onça – é bom vocês subirem novamente na árvore que ao amanhecer buscaremos vocês para juntos decidirmos como agir.

Então, subiram novamente na árvore, os vaga-lumes foram apagando suas luzes e os bichos desapareceram na escuridão.

- Yuri – disse Paulo – temos que combinar uma coisa.

- Combinar o quê?

- Nunca contar a ninguém o que está acontecendo, principalmente na escola – Falou Paulo.

- Nem precisa falar – Concordou Yuri.

A noite passou sem mais surpresas, mas só conseguiram dormir já de manhãzinha. Mal haviam pregado os olhos vencidos pelo cansaço, foram acordados por um macaco.

- Hei seus dorminhocos, acordem que está na hora. Vamos, senão eu derrubo vocês desta árvore – Disse o macaco.

- Acordando assustado Paulo disse: – nada disso seu macaco chato, estou com sono e vou dormir mais.

- Nani na não seus preguiçosos, aqui se levanta cedo, vamos logo, antes que eu derrubo vocês, já disse. Ah! e chato é a vovozinha – Disse o macaco caindo na gargalhada.

- Quem é você para me derrubar seu macaco bocó – Disse Yuri.

- Quem somos, você quer saber. Olhem para os lados. Falou o macaco.

- Caramba! nunca vi tantos macacos juntos. Vocês são uns chatos seus macacos – Disse Paulo, revoltado.

- Chato é a vovozinha – Disseram os macacos juntos.

Resolveram então descer e acompanhar os macacos que iam através das árvores. Depois de alguns minutos encontraram a onça e aos poucos outros animais foram se juntando ao grupo.

Andaram durante quase uma hora até que a onça disse para pararem, pois o acampamento já estava próximo.

Os macacos receberam ordem de se aproximar mais da cabana dos caçadores e cuidar para saber quantos ficariam no acampamento.

Algum tempo depois eles voltaram confirmando que três homens saíram e três ficaram.

- Muito bem dona onça – disse Yuri –a senhora disse que tinha um plano, mas eu também tenho um.

- Eu não disse que tinha um plano mas que discutiríamos juntos para descobrir. Mas diga, qual é seu plano menino Yuri?

- Primeiro, alguns macacos seguem os caçadores que saíram para descobrir onde estão as armadilhas para depois destruirmos.

- Acontece menino que os caçadores verificam as armadilhas no período da manhã e novamente à tarde, voltando só à noite.

- Nesse caso vamos preparar uma armadilha para quando voltarem.

- Isso, vamos passar o maior susto neles – Disse Paulo.

- Mas antes precisamos dar um jeito de prender os três que estão na cabana e soltar os animais – Falou Yuri.

- Como podemos fazer isso? – quis saber a raposa.

- É simples, um macaco sobe até a janela e vê o que eles estão fazendo, está muito quieto lá dentro, depois decidiremos.

Assim foi feito, uma macaco bem pequeno subiu na janela da cabana e voltou dizendo que eles estavam dormindo.

- Então – disse Yuri – alguns macacos entram em silêncio na cabana e pegam todas as armas deles. Conseguem fazer isso?

- Claro, vai ser a maior moleza – Disse os macacos e foram.

Entraram sorrateiramente e retiraram as armas dos caçadores. Paulo e Yuri esconderam todas num lugar próximo e decidiram que todos os animais ferozes ficariam cercando a cabana por todos os lados, Assim então fizeram, o lobo que chamou outros lobos, a onça que chamou outras onças, cercaram a cabana. Os meninos aproveitaram para soltar todos os animais que estavam num galpão ao lado, que saíram felizes e na maior gritaria. Os homens acordaram assustados com tantos barulhos e logo perceberam que haviam levado as armas. Apavorados, abriram a porta e deram de cara com uma onça e vários lobos. Sem entender o que estava acontecendo, foram para a porta dos fundos e a mesma coisa.

Nesse momento Yuri disse a eles – se querem se salvar saiam de mãos para cima.

Um dos caçadores disse – como vamos sair se existe onça e lobo por todo lado?

- Se saírem de mãos para cima eles não atacarão – Disse Paulo.

- Então vamos sair, segurem essas feras – Disse um homem.

Ao saírem, os meninos pediram para deitarem no chão de costas para cima e encontrando algumas cordas amarrou suas mãos e prende-os numa árvore afastada da cabana para que os companheiros ao chegar não percebam.

- A primeira parte do plano deu certo, agora faltam quatro caçadores que já devem estar voltando – falou a onça.

- Não se preocupem que meus amigos estão vigiando e avisarão quando chegarem – disse um macaco.

- Tive uma idéia genial – Falou Paulo.

- Qual a sua idéia? – Perguntou Yuri.

- Os caçadores podem ouvir vocês falando? Perguntou Paulo aos animais.

- Sim – disse a onça – todos os animais desta floresta falam e podem ser ouvidos se quisermos.

- Espere aí, você disse desta floresta, e os animais de outros lugares também podem falar? - Perguntou Paulo.

- Claro que falam, mas infelizmente vocês humanos não conseguem ouvi-los – Disse um lobo.

- Paulo – disse Yuri – você está fugindo do assunto. Qual a idéia?

- Eu só estava curiosa para saber se meu cachorrinho também fala.

- Vamos logo, qual a idéia? - insistiu um macaco.

- É simples, ficaremos todos escondidos no mato em volta da cabana. Quando eles chegarem nós pedimos para colocarem as armas no chão que somos policiais e estão presos.

- Isso não vai dar certo – disse um macaco - sua idéia não colou.

- É claro que cola, se eles não obedecerem, diremos que estão cercados por muitos policiais e todos começam a gritar para largarem as armas. Eles pensarão que estamos em muito e obedecerão, tenho certeza.

- Acho que tem razão, vai dar certo. O que vocês acham? – Perguntou a todos.

Todos concordaram e foram se esconder e apenas uma onça ficou cuidando dos três que estavam amarrados na árvore.

Passando algum tempo os macacos vieram avisar que eles estavam chegando e assim que apareceram, colocaram em prática o plano.

No início os caçadores não quiseram obedecer, mas ao ouvirem muitas vozes por todos os lados, resolveram se entregar. Os macacos  rapidamente pegaram as armas e os caçadores foram amarrados pelos meninos.

Ao perceberem o que tinha acontecido, não se conformaram e discutiam entre si.

- Eu não acredito no que está acontecendo. Fomos pegos por dois pirralhos e um bando de animais que falam – disse um deles - Acho que estou ficando louco, onde já se viu um animal conversar – disse outro.

- Eu avisei vocês que não era uma boa caçar nessa mata. Já tinham me falado que ela é encantada e perigosa – Disse um terceiro.

- Agora chega de conversa – disse Paulo, autoritário – estão presos e vamos entregar vocês à polícia. Alguns animais vão cuidar de vocês enquanto vamos destruir suas armadilhas.

Assim fizeram, acompanhando os macacos que sabiam onde se encontrava todas as armadilhas, foram destruindo uma a uma e ao terminar voltaram para o acampamento.

- E agora o que vamos fazer com eles? - Quis saber Paulo.

- Vamos acompanhar vocês até a saída como prometemos e irão entregar os caçadores à polícia.

- Cara, agora que me lembrei, meu avô deve estar uma fera – Disse Paulo.

Chi! é mesmo, estamos enrolados – concordou Yuri.

Resolveram então ir embora levando os seis caçadores amarrados um no outro e sempre bem vigiados pelos animais.

Já era tarde quando chegaram ao final da floresta e o avô de Paulo juntamente com alguns peões que procuravam os meninos passavam  exatamente no mesmo local em que saíram.

Paulo ao vê-lo disse – ai! ai! ai! olhe meu avô, se prepare para a bronca – Disse para Yuri.

Seu avô quando viu os meninos disse zangado – Paulo, onde vocês estavam? Estamos procurando vocês desde ontem. Pelo que vejo, me desobedeceram e entraram na floresta. Afinal, quem são este homens e porque estão amarrados?

- Calma vô, eu explico. Estes homens são caçadores e nós os pegamos na mata, eles tinham um acampamento cheio de animais presos, aí nós soltamos todos, destruímos as armadilhas e trouxemos para entregar à polícia.

- Mas como vocês dois fizeram isso? Não dá para acreditar – Disse o avô desconfiado.

- Calma vô, não foi só nós dois, vários animais nos ajudaram.

- Que animais Paulo? Não estou entendendo nada - Falou seu avô já irritado.

- Olhe vô, estes animais aqui...  cadê os animais que estavam aqui Yuri?

- Sei lá Paulo, estavam todos aqui agora mesmo.

É verdade vô, vou contar toda história...

- Não é preciso filho – disse seu avô – vocês me desobedeceram, entraram na floresta, se perderam, passaram uma noite assustadora sobre uma árvore, encontraram um bando de animais que falam e que no final tiraram vocês da floresta.

- Como o senhor sabe de tudo o que aconteceu? – Perguntou Paulo.

- Eu só não sabia que existia caçadores nessa história - Disse o avô.

- Então o senhor acredita na gente?

- Sim filho, acredito mas não quero que me desobedeçam mais.

- Vô, como o senhor sabe que os animais conversam?

- Eu disse que esta floresta é encantada. Não disse?

- Disse sim – Confirmou Paulo.

- Então meu neto, eu também já entrei nela uma vez e também fiquei perdido. Acho que vivemos a mesma história ou quase porque na minha não tinha caçadores, mas me serviu de lição. A partir desse dia mudei meu comportamento em relação aos animais e espero que vocês também tenham aprendido alguma coisa com tudo isso.

- Com certeza vô, a primeira coisa que aprendi é que nunca mais entro nessa mata. A segunda é que nunca mais caio na conversa do Yuri e a terceira é que passei a conhecer melhor os animais e a respeitá-los.

- Tudo bem meninos, vamos que ainda temos que chamar a polícia para levar estes homens para a cadeia.

- Sabe vô, acho que eles nunca mais vão querer caçar na vida. Devem ter aprendido uma boa lição também. Ser apanhado por um bando de bichos – Disse Paulo rindo.

Todos deram risadas e seguiram para a casa do sítio.

Paulo ainda olhou para trás na esperança de ver os animais e avistou alguns macacos nos galhos de uma árvore. Fez um sinal de adeus para eles, continuou andando e pensando que não poderiam contar essa aventura para nenhum de seus amigos da escola.

FIM

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