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DAYANE E OS SETE GIGANTES

 Sávio de Oliveira

Esta história começa na sala de aula de uma escola onde estudava André, um menino de quatorze anos.

Durante as primeiras aulas daquele dia, André sentia-se cansado e com muito sono o que não conseguia compreender porque motivo. Num determinado momento, ele mal conseguia abrir os olhos até que adormeceu. A professora embora tenha notado, preferiu não interferir considerando que já estava próximo do recreio. Pouco tempo depois ouviu-se a sirene e todos saíram para o recreio e André ficou dormindo.

Durante o sono, André sonhou que estava no pátio da escola à procura de sua namorada, uma menina que estudava na sala ao lado da sua. Continuando então à procura de Dayane, ele chegou até os fundos da escola e nesse momento tudo mudou, ou seja, ela já não estava mais na escola e sim num lugar horrível e estranho. As árvores estavam queimadas e contorcidas, não existia verde, parecia que ele era a única vida naquele lugar.

- Que lugar é este? - pensou ele - eu estava na escola e de repente estou neste lugar horrível. Será que estou sonhando? espero que sim. Onde foi parar a cidade? as pessoas? a escola? Será que estou ficando louco?

André resolveu então andar e procurar alguém que pudesse explicar o que estava acontecendo e, após caminhar por algum tempo encontrou uma estrada e por ela continuou a andar.

- Preciso encontrar alguém - pensou ele – onde será que está a Dayane?

Continuou a andar sem encontrar ninguém então parou na sombra de uma árvore seca para descansar um pouco.

Já descansado, começou a caminhar novamente, e já era tarde quando avistou uma espécie de povoado composto por algumas casas imensas e completamente diferentes.

- Caramba! – pensou – nunca vi casas tão altas e estranhas como estas. Que lugar será este?

Chegando a frente da primeira casa, chamou, mas ninguém atendeu, então resolveu entrar e com muito cuidado foi entrando devagar e admirando o tamanho dos cômodos e dos móveis. Na verdade tudo em tamanho exagerado. Saindo da sala, entrou num local que imaginou ser um quarto. De repente avistou uma cama imensa e não pode acreditar no que via, pois deitado nela estava um gigante. Virou rápido para sair em disparada quando ouviu:

- Não sai, por favor.

André parou assustado e o gigante disse – aproxime-se, não tenha medo.

Desconfiado, André se aproximou lentamente até chegar perto da cama do gigante.

- Quem é você e que lugar é este? - Perguntou André ainda trêmulo.

- Como você não sabe? Estamos te esperando há sete anos. Até que enfim você chegou – Disse o gigante.

- Não estou entendendo nada. Me esperando? Nem sei onde estou – Disse André.

- Você está na terra dos sete gigantes.

- Terra dos gigantes? Como vim parar aqui? Eu estava procurando minha namorada Dayane e de repente vim parar aqui.

- Então senta aí, que vou te contar tudo – Disse o gigante.

- Há sete anos, nós vivíamos felizes nesta terra, eu, minha família e todo o reino. Aqui a vida era bela, as florestas eram verdes e com muita vida, animais, pássaros, flores, enfim, era um paraíso de beleza e harmonia. Num certo dia apareceu, não sei de onde, um feiticeiro muito poderoso e malvado que quis casar com nossa princesa. O rei que já havia prometido a mão de sua filha ao príncipe André de um reinado próximo, não aceitou a proposta do feiticeiro e este então ficou furioso e com um feitiço, transformou todos em estatuas de pedra.

- A princesa também era gigante? – Quis saber André.

- Não, somente meu pai, minha mãe e meus seis irmãos, o restante do povo do reino era do tamanho normal - Disse o gigante.

- E onde estão todos? - Perguntou André.

- Calma, vou continuar a história. Com o feitiço, todos viraram pedra, meu pai e minha mãe são hoje duas estátuas que estão na entrada do castelo do reino. O rei e todos os moradores também viraram estátuas.

- A princesa Dayane, eu e meus irmãos são os únicos que continuaram vivos. Ela está presa no castelo, onde mora hoje, o feiticeiro. Segundo a sua profecia, a cada ano que passasse, um de nós, eu e meus irmãos, ficaria triste, muito triste. A partir do sétimo ano. a cada ano que passar, um de nós iria morrer, eu serei o último, porque sou o mais velho.

- Não entendi ainda – Disse André.

- É simples, no final do primeiro ano, após essa tragédia, meu irmão mais novo que mora lá na última casa, ficou triste, tão triste, que nem consegue levantar da cama. No final do segundo ano, aconteceu com o outro irmão e assim, passaram já sete anos e agora eu é que fiquei muito triste que mal posso levantar desta cama. Durante os próximos sete anos, morreremos um por ano. Entendeu agora o nosso grande problema?

- Entendi – disse André – mas o que posso fazer para ajudar?

- Você é o único que pode nos salvar. Há tempo estamos esperando o príncipe André, noivo da princesa Dayane. Agora você chegou então peço que nos salve.

- Espere aí seu gigante, sou André, mas não sou príncipe, o senhor está enganado.

- Não estou enganado, você é o príncipe André e veio para salvar a princesa e todo o seu reino.

- Ai  ai, acho que me meti numa confusão – Pensou André.

- O que tenho que fazer para ajudar vocês? Perguntou ele.

- Você deve ir até o castelo onde a princesa está presa...

- Já sei - disse André - dou um beijo nela e está salva - já conheço essa história, seu gigante.

- Nada disso, você deve destruir o mostro do feiticeiro, o monstro que cuida da princesa e protege o feiticeiro.

- Matar um monstro? Você está doido gigante. Por que devo matar um monstro para salvar o reino?

- Matando o monstro, o feiticeiro também será destruído e todos voltam ao normal. Só assim, o reino voltará a ser feliz novamente – disse o gigante.

- E se eu não conseguir matar o monstro?

- Nesse caso, ele mata você e eu e meus irmãos morrerão também, um a cada ano e todo reino continuará com estatuas de pedra.

- Tudo bem, como vou matar esse monstro? - Quis saber André.

- Abra aquela caixa a sua direita e pegue a arma que está dentro dela.

André abriu a caixa e pegou a arma dizendo admirado – uma espada, que linda! Já entendi, pego esta espada, vou atrás do monstro, corto a cabeça dele e pronto.

- Sim, você deverá cortar sua cabeça, mas tomar muito cuidado porque sem uma cabeça ele ficará ainda mais feroz disse o gigante.

- Não entendi. Como ficará mais feroz se está morto? Retrucou André.

- Acontece que ele tem sete cabeças – Disse o gigante.

- E por que você não me falou antes?

- Estou falando agora – Disse o gigante

- Estou morto então – Pensou André.

- É melhor se apressar príncipe porque logo o sol se põe e à noite ficamos mais triste – Disse o gigante.

- Tudo bem, como faço para chegar ao castelo para morrer, isto é, lutar.

- Você segue por esta estrada que chegará ao castelo.

- Então, adeus seu gigante, até nunca mais – Disse André, saindo.

- Espero acordar deste sonho antes de encontrar esse monstro - Pensou ele, andando na direção do castelo.

André seguiu pela estrada onde nada parecia ter vida e ao chegar em frente o castelo, havia uma ponte, atravessou sem problema e chegando na porta principal percebeu que estava aberta.

- Ih! está tudo fácil, nem vou precisar escalar este paredão. Assim vou morrer mais rápido porque pelo jeito não vou acordar tão cedo - pensou ele.

André entrou e ia atravessando um grande pátio no centro do castelo quando ouviu uma gargalhada horrível. Olhou para o alto e viu o feiticeiro. Era uma figura horripilante, vestido com uma espécie de túnica negra e este disse para André:

- Então você é o principezinho que veio salvar a sua amada?

Depois do grande susto, André tomou coragem dizendo - sim sou eu, vim procurar minha namorada Dayane e vou levá-la comigo, seu feiticeiro.

Ouviu-se nova gargalhada do feiticeiro que disse em seguida – então prepare-se para morrer, seu fedelho.

Nesse momento, por um corredor que dava ao pátio apareceu o monstro, rosnando horrivelmente.

- Ai, ai, ai, será que ninguém vai me acordar? Nunca vi nada mais feio e horrível. Preciso ser muito esperto para derrotar essa fera porque pelo jeito ainda vou dormir muito.

Nesse momento André viu uma porta a sua direita e teve uma idéia – vou entrar naquela porta e esperar ele vir atrás de mim. Correu e entrou na porta e o monstro veio em seguida. André entrou numa espécie de oficina onde tinha várias janelas e logo achou algumas cordas muito grossas e pensou – aqui ele não entra porque a porta é estreita, então não passará por ela.

Quando o monstro chegou em frente à oficina, tentou entrar e não conseguiu, então pôs uma de suas cabeças para dentro, André que esperava por isso com a corda na mão feito um laço, atirou certeiramente sobre a cabeça do bicho e amarrou num imenso balcão. Pegou a espada e com um golpe certeiro cortou a cabeça do monstro.

André afastou e ficou preparado com a outra corda na mão e percebendo que realmente agora o bicho estava muito nervoso. De repente outra cabeça passou para dentro da porta e André da mesma forma laçou e por sorte acertou a segunda cabeça e também a cortou.

O monstro agora mais nervoso ainda, colocou duas cabeças ao mesmo tempo então pensou André: - epa, agora preciso ter boa pontaria e jogou a corda acertando a terceira cabeça, amarrou no balcão e laçou a outra cabeça também depois de várias tentativas. Após amarrar a quarta cabeça, cortou-as como fez com as outras.

Ainda faltam três cabeças, agora está mais fácil, ele deve estar mais fraco.

Nesse momento ouviu gritos agonizantes do feiticeiro e o monstro iniciou um novo ataque, só que desta vez André ficou escondido atrás da porta e quando a quinta cabeça passou para dentro, ele deu um golpe certeiro com sua espada e a cabeça rolou.

Nisso o monstro parece que desistiu dos ataque, pois ficou em silêncio, então André pensou – acho que ele deve estar fraco, por isso, desistiu, vou sair devagar e ver o que está acontecendo – Pensou ele.

Ao sair bem devagar, André viu o bicho caído no corredor já sem reação então André se aproximou e cortou as cabeças que faltavam matando assim o feroz monstro que cuidava da princesa.

Então, deu um grito de vitória e disse – Dayane, onde está você?

Saiu correndo para o pátio e logo viu o feiticeiro caído e morto com muitas pessoas a sua volta, gritando de alegria. Olhou a sua volta e agora estava tudo diferente, a paisagem havia mudado, as árvores ressecadas agora eram verdes, o castelo estava com outro aspecto, as pessoas riam e ele ficou ali parado sem reação.

- Obrigado príncipe, por nos salvar – ouviu uma voz no alto do castelo.

André olhou e viu o rei e ao seu lado estava a princesa Dayane, sorridente.

Todos gritavam de alegria e agradecimento ao feito do príncipe até que o rei pediu para ele subir pela escada e ir até eles.

Então, o rei gritou lá do alto – viva o príncipe André pelo seu heroísmo.

Todos gritaram – Viva!

Neste momento apareceram os sete gigantes com seus pais e também agradeceram a André e o gigante que havia falado com ele disse para todos – eu sabia que você conseguiria destruir o monstro, agora poderemos viver em paz novamente. Tudo voltou ao normal, as florestas que estavam mortas, voltaram a viver, os animais e as pessoas que transformados em pedras, também vivem. Os rios voltaram a ter suas águas cristalinas. A natureza que é o que temos de maior valor, porque sem ela, não poderemos viver, agora está bela novamente. Enfim, você com sua coragem e bravura nos devolveu a vida.

Todos gritaram novamente – Viva o príncipe André!!!!!!

Agora, pedindo silêncio ao povo, o rei disse a André – vamos preparar para o casamento e teremos a maior festa que este reino já viu.

André assustado disse – não rei, não posso me casar, sou muito novo ainda, nem terminei meus estudos. Eu vim aqui somente para procurar a Dayane e acabei tendo que lutar com um monstro de sete cabeças. Agora só quero voltar para minha escola com ela que o recreio já deve estar terminando.

Vendo que o rei não estava entendendo nada e decepcionado com sua reação, tratou de pegar na mão de Dayane e disse, vamos embora logo, vamos, vamos...

Hei André, acorda! Acorda! Por isso que não te encontrei no recreio, ficou dormindo na sala. André, você não dormiu à noite?

Acordado, André disse ainda meio sonolento - Dayane, você disse que fiquei dormindo na sala?

- Claro que disse, agora que vi e te acordei.

- E os sete gigantes? E o monstro de sete cabeças?

- Ih! deve ter tido um sonho daqueles, vou para minha sala que a professora já deve estar chegando e no final da aula a gente conversa - Dayane saiu deixando André sentado e pensando – ainda bem que tudo não passou de um sonho.

FIM