PROJETOS COOPERATIVOS EM AMBIENTES INFORMATIZADOS
Edla Yara Priess Perini
Mônica Schüler Menslin
Grandes questões: Como o aluno aprende, tendo o computador como ferramenta? Como se pode garantir a aprendizagem de conteúdos, construindo projetos cooperativos?
A busca de soluções para as questões que estão sempre surgindo num ambiente enriquecido configura a atitude e a conduta de verdadeiros pesquisadores.
São levantadas as dúvidas daquele momento, mais quais são as certezas que ficam?
Em primeiro lugar, trata-se de certezas provisórias porque o processo de construção é um processo continuado e ocorre numa situação de continuidade alternada com a descontinuidade. Uma certeza permanece até que um elemento até que um elemento novo apareça para ser assimilado.
Para que um novo conhecimento possa ser construído ou para que o conhecimento anterior seja melhorado, expandido, aprofundado, é preciso que um processo de regulação comece a compensar as diferenças, ou as insuficiências do sistema assimilador. Ora, se o sistema assimilador está perturbado é porque a certeza “balançou”. Houve desequilíbrio. O processo de regulação se destina a restaurar o equilíbrio.
Na verdade, trata-se sempre de um novo equilíbrio, pois o conhecimento melhora e aumenta! E, justamente é novo porque é um equilíbrio que resultou da assimilação do sujeito que se torna mais competente para assimilar novos objetos e resolver outros novos problemas.
Buscar a informação em si, não basta. É apenas parte do processo para desenvolver um aspecto das competências necessárias ao cidadão. Os alunos precisam estabelecer relações entre as informações e gerar conhecimento. Não há interesse em registrar se o aluno retém ou não uma informação, aplicando uma prova objetiva ou um teste, por exemplo, porque isso não mostra se ele desenvolveu uma competência ou se construiu um conhecimento que não possuía.
O que interessa são as operações que o aprendiz realiza com estas informações; as coordenações, as inferências possíveis, os argumentos, as demonstrações. Portanto, para construir conhecimentos é preciso reestruturar as significações anteriores, produzindo boas diferenciações e integrando ao sistema as novas significações. Essa integração é resultado da atividade de diferentes sistemas lógicos do sujeito, que interagem entre si e com os objetos a assimilar ou com os problemas a resolver. Finalmente, o conhecimento novo é produto de atividade intencional, interatividade cognitiva, interação entre os parceiros pensantes, trocas afetivas, investimento em interesses e valores.
A situação de projetos em ambientes informatizados pode favorecer especialmente a aprendizagem de cooperação, com trocas recíprocas e respeito mútuo. Isto quer dizer que a prioridade não é o conteúdo em si, formal e descontextualizado. A proposta é aprender conteúdos, por meio de procedimentos que desenvolvam a própria capacidade de continuar aprendendo, num processo construtivo e simultâneo de questionar-se, encontrar certezas e construí-las em novas certezas. Isto quer dizer: formular problemas, encontrar soluções que suportes a formulação de novos e mais complexos problemas. Ao mesmo tempo, este processo compreende o desenvolvimento continuado de novas competências em níveis mais avançados, seja do quadro conceitual do sujeito, de seus sistemas lógicos, seja de seus sistemas de valores e de suas condições de tomada de consciência.
Como será feita a avaliação se, por acaso, cada aluno ou grupo de alunos fizer um projeto diferente? O importante é observar não é o resultado, um desempenho isolado, mas como o aluno está pensando, que recursos já sabe usar, que relações estabelece, que operações realiza ou inventa.
O uso da informática na avaliação do aluno ou grupo por meio de projetos partilhados permite a visualização e a análise do processo e não do resultado. Ou seja, durante o desenvolvimento de projetos, trocas ficam registradas por meio de mensagens, de imagens, de textos. É possível, tanto para o professor como para o próprio aluno, ver cada etapa da produção, passo a passo, registrando assim o processo de construção.
(Congresso Sul-Brasileiro da Qualidade na Educação, (9.: 2002: Joinville). Anais do IX Congresso Sul-Brasileiro da Qualidade na Educação, 15 a 18 de maio de 2002. Joinville: SOCIESC, 2002, 107p. – Cursos: Projetos Cooperativos em Ambientes Informatizados, p. 78.)