Equilíbrio
Onde tudo se põe a trabalhar
Sem nada a reclamar
Sem para a chuva a pedir
Ou ao Sol a mendigar
Há o Equilíbrio.
Onde a Vida germina há todos os instantes
Incessantemente se trabalha para o Eterno
E do ermo se retira a voz – e da voz só se reflete a Verdade
Onde o Bem e a Justiça constroem a Amizade
Há o Equilíbrio.
Onde há visão para a Graça Sublime
Amor para as feridas que ainda não foram estancadas
Gentileza para/com os pássaros de asas arrancadas
Compaixão para a liberdade enclausurada
Há o Equilíbrio.
Onde a formiga constrói a sua casa
A cigarra compõe o seu canto
As flores alimentam e encantam
E o Rouxinol espalha harmonia
Há o Equilíbrio.
E são nessas moradas onde a alegria passa e a tênue tristeza por vezes visita
É que o Equilíbrio vai tecendo o seu fio de ouro
- retilíneo e ascendente.
Transcendente às emoções fugazes
Que mal se chegam às descobertas das superfícies e vão-se embora nas frívolas madrugadas.
Equilíbrio é tanto o ancião que já não anseia as ardências
Quanto o recém-nascido que ainda dorme no sono latente das cadências futuras.
É tanto a harmônica canção
Quanto o preciso sentimento – àquele onde não há dúvida, vindo de uma Vontade indomável de existir.
É riso fácil e passageiro.
E lágrima profunda e efêmera.
Neutralizados na compreensão de que só o Real fica.
E não há nada mais Real que o aprendizado retirado
- das inconstâncias das existências equilibradas.
Onde há respiração serena
Mata fria de oxigênio puro
Correnteza seguindo seu fluxo
Homem leal ao seu propósito de Virtude
Vida, Cor de Mandala e Sonho fecundo
- de se equilibrar
Há o Equilíbrio.
E Ele faz parte de um esplendor
Que é preciso polir,
para brilhar.
Mandala de Simone Bichara – Texto de Daniella Paula Oliveira