Assembléia de Deus em São José: Uma história de amor e fé!
Era madrugada do dia 19 de março de 1750. Nas praias da freguesia de São José da Terra Firme desembarcavam os primeiros 182 casais de açorianos que povoariam o litoral josefense. Duzentos e quatro anos se passaram e desbravadores de vários lugares fizeram deste o ambiente para a realização de sonhos. E um destes sonhos foi o cumprimento da maravilhosa promessa feita no livro de Atos dos Apóstolos: o Movimento Pentecostal aportava aqui em 1954. A chama do Espírito Santo impelia homens e mulheres a buscarem o sobrenatural de Deus!
A Igreja Evangélica Assembléia de Deus, que nasceu no Brasil há quase um século, chegou a Santa Catarina quando retornava a Itajaí um jovem que havia saído anos antes com o sonho de se tornar padre e voltava com a certeza de possuir a vida eterna: Era 15 de março de 1931, e o irmão André Bernardino da Silva celebrava o primeiro de muitos cultos onde o poder do Espírito Santo seria manifesto de forma maravilhosa.
Em São José, a história da Assembléia de Deus se entrelaça com a de Florianópolis já que há séculos a comunicação entre as localidades era muito forte e constante. Albert Widmer, missionário enviado pelos ingleses, começou a realizar os primeiros cultos na Rua Navegantes, no continente, em 1938. Eram cultos que chamavam a atenção de pessoas de todas as regiões inclusive os que moravam em São José da Terra Firme. Mas, é com a chegada de John Peter Kolenda, um alemão, em 1940, que o Movimento Pentecostal começa a se espalhar. Em um antigo depósito de peixes no cais em Coqueiros foram realizados cultos abençoados onde o jovem Isaac Kolenda Lemos, aprendia com o seu tio, o Pastor Kolenda, o quão maravilhoso era o anunciar o evangelho em todo o mundo.
Foi na casa da irmã Filomena, bem à beira do mar, que o Pastor Isaac Kolenda Lemos ministrou o primeiro culto pentecostal em São José da Terra Firme. Era o ano de 1954. Foram os primeiros crentes os maiores apoiadores do trabalho. Assim, Jacob Quint, com toda a sua família, passou a receber os cultos em sua casa, na Rua Frederico Afonso, 105, até 1964 quando foi inaugurada a primeira igreja na mesma rua, no número 111.
Os primeiros anos do trabalho em São José foram difíceis. O Pastor Isaac e os demais que o acompanhavam, uns quatro ou cinco, iam até a casa dos Quint de bicicleta, muitas vezes sob forte chuva ou vento sul. Nestes dias, o retorno para Florianópolis era tão difícil que um irmão que trabalhava no DER usava um caminhão para levá-los de volta para casa. O trabalho em São José, que cresceu cultivado pelo amor da família Quint, surgiu sob as rodas das bicicletas do Pastor Isaac e de seus amigos, Edson Kolenda Lemos, Valésio, Cláudio Machado, Alfredo Silva, entre muitos outros.
O pastor Isaac conta assim sobre os primeiros cultos:
“Eu ia com a minha pastinha na bicicleta com a Bíblia e a Harpa Cristã. Então se reunia ali 8 pessoas, até 10, na casa destes Quint. Lá, o milho e o queijo é coisa que não faltava, cantávamos o 15 e o 202, que também não faltava. Cantava-se dois hinos, fazia-se uma oração, às vezes tinha um irmão que dava um testemunho que durante a semana recebia uma benção, recebia uma cura, pendia um problema que ficava na justiça. A gente orava e Deus respondia, então tinha o testemunho e depois o pastor é que pregava, porque auxiliar não tinha. Depois se fazia uma oração, e me parece que ai se levantava a oferta. Era uma casinha na beira do mar, uma casinha encima de um barranco.”
Um evento marcante lembrado por muitos daquela época foi acidente que o Pastor Isaac sofreu na igreja em Florianópolis e a sua determinação em cultuar a Deus em São José. Mesmo com o pé quebrado e imobilizado ele pedalava com o pé bom tentando o equilíbrio para poder participar do culto onde por muito tempo pregou de muletas.
E foi na casa do irmão Jacob Quint, em 1955, que num domingo pela manhã o pastor Isaac ministrou a primeira Escola Bíblica Dominical em São José. Nesta primeira aula vários crentes estavam presentes, entre eles: Nilza, Jairo, Virgínia, Jacob, Leny e João Quint. O trabalho já frutificava!
Também é importante lembrar que foi em São José que surgiu o primeiro Círculo de Oração da grande Florianópolis. Mulheres que oravam pela propagação da mensagem da cruz. Intercessoras que eram as verdadeiras colunas da igreja. Entre elas estava a irmã Leny Quint.
Nos tempos em que os cultos aconteceram na casa da família Quint, os pastores presidentes em Florianópolis foram Isaac Kolenda Lemos, Antonieto Grangeiro e João Ungur.
No dia 22 de março de 1964 o templo novo era inaugurado. Uma construção linda na Rua Frederico Afonso, 111, ao lado da casa do irmão Jacob Quint onde os cultos já eram celebrados há quase uma década.
Nesta, que carinhosamente era chamada de “igrejinha”, a obra do Senhor expandiu abundantemente proporcionando a abertura de muitos pontos de pregação. Os cultos eram inicialmente feitos nas quartas-feiras à noite e nas manhãs de domingo, porém com o passar do tempo os horários foram se ampliando e esta passou a ser uma igreja de referência para o Movimento Pentecostal na região continental sul da grande Florianópolis.
Eram tempos de grande perseguição, principalmente por ser São José da Terra Firme uma região de catolicismo muito tradicional. Era comum ver as pessoas que passavam em frente à igreja zombarem com gestos e palavras. Alguns, segundo o Pastor João Quint, até jogavam pedras. Porém ali haviam pessoas que estavam focadas na mensagem da cruz!
Muitos milagres maravilhosos foram presenciados naqueles tempos. Dois deles são citados pelo Pastor João Quint:
Um dia nós fomos chamados a fazer uma oração por um canceroso, para o qual já haviam encomendado até o caixão. Ele havia assistido a um culto alguns dias antes. A irmã Neide foi então nos chamar já que o prazo para a morte dado pelos médicos foi de dois dias. Chegando lá, foi negada a entrada, porém, depois conseguiram entrar por poucos minutos. O doente estava com dreno, hemorragia, olhos brancos, o convidamos a aceitar a Jesus e oramos por ele três minutos. Depois de irmos embora a hemorragia parou e ele pediu para comer. Acharam isto estranho, mas trouxeram o caldo de galinha. Ele começou a conversar e no outro domingo o homem já estava no quarto. Ele teve alta e ficou bom. Ele morava em Picadas. Era o irmão Valverde.
Também, uma jovem chamada Lucimar, uma madrugada morreu, lá pelas três horas, o irmão Paulo, sua esposa e o irmão Francisco lobo chegando a casa onde ela estava morta. A ungiram com azeite e ela ressuscitou! Em uma semana todos daquela família ficaram crentes.
O primeiro dirigente do templo antigo foi o Pastor Manoel de Souza e nesta época era pastor presidente em Florianópolis o saudoso João Ungur. Muitos foram os obreiros que trabalharam nessa igreja, entre eles podemos citar: Argentino Souza, Valésio Silva, João Jairo Inácio, Benevenito Cardoso, Joel Cardoso, Ugo Felisbino, Franscisco Souza, Antônio Fernandes, Ivo Ponquiele, Adriano Pereira, César Costa, Elias Costa, Maciel, João Inácio, Jaime e João Quint, entre tantos outros.
O ano de 1989 foi marcado por um fato muito significativo, a inauguração de um novo templo. Foi na Praça Arnoldo Souza que foi construída uma grande igreja que ainda hoje é o templo sede do campo de São José. Nessa igreja, antes da emancipação trabalharam os seguintes obreiros: Laércio, José Antônio, Aci Nazareno, Elias Costa, João de Deus Alves e José Lima Damasceno.
Um dos obreiros que dedicou seus dias a essa obra foi o irmão Norberto que de forma muito atuante e por várias décadas esteve presente na obra do Senhor: Um marcante professor de Escola Bíblica Dominical, zeloso tesoureiro, bom conselheiro, grande evangelizador e exemplo para muitas gerações de cristãos na cidade de São José.
Em 1990 acontece o processo de emancipação da igreja, onde ela deixa de ser parte do campo de Florianópolis e passa a ser sede. Com a emancipação, um grande crescimento acontece já que todas as regiões de São José passam a alvo de uma evangelização mais sistemática e incisiva.
Neste ano, pastoreava interinamente a igreja em Florianópolis o Pastor Nirton dos Santos que já percebia a possibilidade de emancipação. Após reuniões de sondagens e um período de orações houve uma Assembléia Geral Extra-Ordinária onde por unanimidade foi aprovada a emancipação da igreja e a criação do campo de São José. Foi convidado para ser o primeiro pastor presidente Valdumiro Souza, que embora já jubilado, aceitou o convite tomando posso no dia da emancipação, em 23 de junho de 1990, promovendo todo o processo de solidificação do campo.
Sucederam o pastor Valdumiro, os seguintes pastores presidentes: Pastor Djalma Cunha, Pastor Arcelino Victor de Mello, Pastor Juvenil dos Santos Pereira, Pastor Antônio José de Bem e, atualmente, o Pastor Ezequiel Montanha que há dez anos pastoreia com amor e fé o rebanho do Senhor.
Quantos frutos! Tudo começou em um culto celebrado naquela casinha na beira do mar. O Pastor Isaac, a irmã Filomena e mais algumas pessoas adorando ao Deus Criador! Hoje, 56 anos depois, aquele grupo com pouco menos de dez pessoas, deu lugar a uma multidão de aproximadamente 5600 crentes. Milhares de pessoas que juntamente o com Pastor Ezequiel Montanha, divididos em 38 congregações, servem ao Soberano Deus. E a obra do Senhor continua em expansão até que chegue o dia em que Cristo triunfante buscará a sua Igreja.