SÁTIRA DO AZAR
Vinte e quatro de setembro, sexta-feira, caramba, agora que percebi, tinha que ser uma sexta-feira, ah! Coitada da sexta-feira, sempre discriminada. Bom, não importa se foi numa sexta-feira, discriminada ou não. Que dia, que dia. Vou chamar de dia fatídico. Oh! Dia fatídico.
Lá estava eu chegando no trabalho, (sempre no trabalho), então chamei alguém. Porque fui chamar alguém? Não devia, mas chamei não sei quem. Então tudo começou, ou seja, o dia fatídico. Ah!, você ouviu por acaso um barulho? Não? Eu ouvi, alias ouvi um estrondo e nada mais era que o telhado caindo sobre minha cabeça. Isso mesmo, o teto desabou sobre mim. Como dói quando uma telha quebra na nossa cabeça, só eu sei, e como sei.
Mas como disse, o tal dia só estava começando. Aquele seria um daqueles dias que seria melhor ficar dormindo. Que dor, que dor. Derrepente me pego atravessando uma rua. Caramba, eu estava atravessando era uma avenida super movimentada, e lá estava eu pensando não sei no que, no mundo da lua talvez. Bem que eu deveria estar mesmo na lua, assim eu não teria um dia fatídico. Bom então estava eu pensando talvez em discos voadores e derrepente percebo que ao meu lado, também atravessava um cachorro, desses perdidinhos da rua. Pobre animal, acho que ele estava num planeta mais distante que o meu, ô cara distraído sô. Mas não é que derrepente ele para bem no meio da avenida pra cheirar não sei o que, um cocô quem sabe, um cocô que acho que era dele mesmo, afinal cachorro tem essa mania, de cheirar seu próprio cocô, nhac! Bom, uma coisa tenho certeza, não era de gente, afinal gente não faz cocô no meio da rua, pelo menos não numa avenida movimentada, embora vivem fazendo cocô por aí. Bem, voltando ao infeliz cãozinho, resolvi fazer uma boa ação e tira-lo dali, só tinha me esquecido que eu também estava no meio da avenida e o que era pior, parado junto ao cão. Ai,Ai,Ai, escutei uma daquelas freadas e ainda pensei quem seria aquele idiota. Bom dessa vez até que tive sorte, pois apenas encostou o pára-choque na minha bunda. Ainda bem que só encostou, pois do contrário, pobre da bunda do cãozinho perdido. Naquele momento eu só queria um tampão de ouvidos mas como não tinha, pobre do meu ouvido, escutou o que não queria. Coitado do motorista devia estar estressado, afinal eu estava fazendo apenas uma boa ação.
Bom continuando meu dia fatídico, (acho bom você parar de ler, dizem que azar pega e essa história é tão enrolada que até agora estou tentando entender), eu estava num lugar, um mato, uma floresta sei lá e encontrei um filhote de onça, não acredita né, pois pode acreditar, e era da pintada, aquela que dizem ser muito feroz o que só descobri mais tarde, Coitadinho do bichinho, pensei, mais um abandonado. Será que algum caçador malvado matou sua mãezinha? Vem cá com o titio, gatinho bonitinho, vou cuidar de você. Peguei o bichinho e levei pra casa, oh! dia. alguém bateu na porta, fui atender. Pena que não tive tempo de explicar sobre minha boa ação, sabe porque? Você não imagina como fica zangada uma mamãe onça quando pegam o seu filhote, mas eu sei. Quantos tapas, quantos arranhões. Bem, infelizmente sobrevivi e lá se foi a onça zangada resmungando sem parar e ao lado seu lindo o gatinho. Ai meu Deus, isso não foi nada, eu estava não sei onde, contando o caso não sei pra quem e o cara deixa o portão aberto e então, oh! dia fatídico, me sai um cão raivoso de dentro, não sei o que eu fiz pra ele mas sei o que ele fez comigo... tenho a impressão que ainda está grudado na minha perna. Sai cão, sai cão.
Dia longo esse, as horas são intermináveis. Bom infelizmente, continuei andando e eu era um só no meio de um mundo tão grande quando passou voando uma pomba, bem alta e aí nem soube se era pomba ou pombo, mas uma coisa tenho certeza, caiu bem sobre minha cabeça. Preciso dizer o que? Acho que seria uma humilhação pô.
Derrepente uma bola de fogo (ai ,esse pesadelo não vai acabar?) de um metro de diâmetro, que surgiu não sei de onde, dizem que era de um treinamento militar, voou pelos ares. Quando vi a tal bola, mem me estressei, afinal eu estava no meio de uma grande multidão, nada poderia acontecer exatamente comigo. Xi! Esqueci do dia fatídico. Cadê aquela multidão que estava aqui? Correram todos! E eu? Cadê eu? Que calor insuportável. Alguém pode tirar esta maldita bola de fogo de cima de mim,por favor. Vou me queimar todo.
Olhe eu lá mais uma vez andando sozinho, não sei onde, fazendo não sei o que. Quem está me chamando? Perguntei.
Sou eu, o cara que está atrás de você.
O que você quer? Afinal não te conheço.
Bem, agora não quero mais nada, apenas ia dizer pra você não dar nem mais um passo.
Pode me explicar porque não dar mais um passo?
Porque você já caiu na área movediça e está afundando.
Bem que percebi que tinha alguma coisa estranha. Hei cara, jogue uma corda e me tire daqui, rápido, já que não me avisou em tempo.
Como? Não tenho corda. Onde vou arrumar uma corda agora?
Tudo bem, eu tinha me esquecido que num dia fatídico não se acha corda, então seja o que Deus quiser.
Uma coisa tenho certeza, nunca mais falo com ninguém quando chegar no trabalho. E principalmente se o dia for um dia FATÍDICO. OH! DIA FATÍDICO!!!!
Sávio de Oliveira