Perspectivas do mercado editorial
Por volta do ano 2020, os leitores tradicionais dos livros em papel, aqueles que não abrem mão de rituais envolvidos na escolha de novidades, desde a etapa de percorrer as estantes, como folhear as páginas, ler alguns trechos e sentir o cheiro do papel antes da compra, continuarão tendo acesso ao produto. Mas não será fácil. A maioria das grandes redes especializadas exclusivamente em literatura, disponíveis em 2010, terá se transformado em lojas de produtos variados, onde uma das seções será a de livros, com alguns poucos títulos em lançamento. Será algo como o que já ocorre nas redes de supermercados, como no Carrefour. Em algum canto, o consumidor encontra alguns títulos à venda, de obras de alto interesse comercial. E fechados com plástico. Livrarias físicas e distribuidoras de livros tendem a perder espaço, assim como os fornecedores de equipamentos para gráficas e produtoras de papeis. | |
Livros em papel serão encontrados em lojas de imersão temática | Algumas poucas lojas - pouquíssimas - continuarão enfatizando a venda do livro impresso, mas com novas abordagens voltadas ao atendimento ao consumidor. Parecerão pouco com o conceito atual e nem serão identificadas como livrarias. Serão lojas especializadas, centros de imersão em produtos para públicos segmentados. O livro será o souvenir comprado na saída de um processo de experiências sensoriais. E assim como existem hoje as lojas de vinil, sobreviverão como sebos. |
As próprias editoras vão preferir enterrar a história do livro em papel como produto de massa. O desenvolvimento tecnológico projetado para 2020 dará todas as condições para o acesso a publicações eletrônicas, em todos os segmentos, da literatura tradicional ao conteúdo didático. As editoras serão, elas próprias, gestoras do processo de distribuição e venda dos títulos. | |
As editoras tentam, hoje, evitar o erro cometido pela indústria de músicas, que não percebeu a tempo a revolução que as novas tecnologias provocariam sobre os seus negócios. Ao contrário, as multinacionais do som abraçaram o fim do disco de vinil e o lançamento dos discos de CD como um grande avanço de qualidade. Quando o setor percebeu, os conteúdos dos compact discs estavam sendo copiados aos milhões e vendidos nas esquinas das cidades do mundo. A estratégia de diferenciação das editoras envolve a tentativa de vincular o livro eletrônico a equipamentos específicos de leitura, como o Kindle, da Amazon.com e o Ipad, da Apple. As editoras fizeram os fornecedores de tecnologia se transformar em aliados. Porém, a tendência é de aumento da oferta de leitores de e-book e consequente redução de preços dos equipamentos. Ao tentar restringir as regras de funcionamento do mercado as editoras ganham um tempo para buscar uma solução para a questão do direito autoral, com o obejtivo de travar a possibilidade pirataria de livro adquirido em uma loja virtual. A redução dos preços dos equipamentos carrega uma variável extremamente positivas, pois viabiliza a compra do equipamento por um número maior de pessoas. Já em 2015, os computadores de mesa deixarão de ser o padrão do mercado, diante da ascensão da mobilidade como sonho de consumo dos usuários de tecnologia. Neste cenário, os aparelhos de leitura de e-books terão resolvido muitos dos quesitos essenciais para a sua expansão, como a redução de custo, facilidade de uso, usabilidade e desenvolvimento de sistemas. E estarão mais integrados à internet. | |
Em 2020, o mundo tende a se encontrar na internet. A internet estará em todos os lugares, a não ser que algo rompa radicalmente a tendência, como a intervenção de grupos fundamentalistas religiosos. |
Mercado atual - Indicadores
O mercado editorial abrange empresas responsáveis pela produção, distribuição e comercialização de livros. A cadeia da produção envolve editoras distribuidoras livrarias consumidores | |
Momento atual do Mercado Editorial
A produção de livro é direcionada para os segmentos de
Mercado de consumo
Governo
programas de compras de livros dos três níveis de governo: federal, estadual e municipal
Dados da pesquisa "Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro", patrocinada pela CBL-Câmara Brasileira do Livro e pelo SNEL-Sindicato Nacional dos Editores de Livros e executada pela FIPE-Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP.
Dados sobre 2009
O preço médio de venda de livros para o mercado cai desde 2004
queda de 2009 em relação a 2008 - 3,52%
Valor médio para as editoras - R$ 11,11
Valor médio de capa - 22,22
Preço médio de venda para o público - entre R$ 15,55 (desconto de lançamento e R$ 22,22
Faturamento/2009
Total - mercado+governo
2008 - R$ 3,305 bilhões
2009 - R$ 3,376 bilhões
Variação do faturamento:
nominal - 2,13%
descontada a inflação - 3,77%
Por segmento:
mercado: R$ 2,541 bilhões - 75%
governos: R$ 834 milhões - 25%
O mercado de livros no Brasil representa 0,11% do Produto Interno Bruto, mesmo valor percentual apurado em 2008.
Exemplares comercializados
Outra maneira de olhar os dados é pela quantidade total (mercado+governo) de exemplares vendidos no ano:
2008 - 333,2 milhões
2009 - 370,9 milhões
Variação: +11,30%
Na segmentação:
mercado: 228,7 milhões - 61,65% do total
governo: 142,2 - 38,35%
Exemplares por habitante
População do Brasil em 2009
191,5 milhões de habitantes
Livros por habitante/2009
Geral -1,94
Mercado - 1,19
Segmentos do mercado do livro
Grupos x participação no mercado:
segmento | o que é | utilidade | part. % faturam. | part. % núm. exe |
Didáticos | São os livros utilizados em atividades de ensino | suporte ao aprendizado básico | 40 | 37 |
Obras gerais | Obras de literatura nacional e estrangeira ficção romance aventura | Lazer descanso diversão curiosidade presente | 27 | 27 |
Religiosos | Livros voltados à apresentação de crenças religiosas Bíblia | reflexão | 13 | 23 |
Científicos | Literatura científica, técnica ou profissional, voltada à busca de informação para aplicação em atividades específicas | aprendizado reciclagem profissional | 20 | 13 |
Novos títulos
Total de lançamentos: 22.027 - aumento de 14,88% em relação ao ano de 2008.
títulos traduzidos - 26% (5.807)
Média de 88 novos títulos por dia útil no mercado.
O crescimento expressivo no número de lançamentos tem como consequência o aumento da oferta de títulos e também de novos autores.
É a busca das editoras para encontrar o best-seller e/ou o long-seller, garantindo também a bibliodiversidade no mercado.
Destaques
aumento da venda porta-a-porta que era 13,66% em 2008 e passou para 16,64% em 2009
venda pela web - quarto canal de vendas, com 3,67% do total contabilizado
a venda pela web nas redes de livrarias físicas é muito significativa, girando entre 15% e 20% das suas vendas totais.
as livrarias que ainda não vendem pela web estão, a cada ano, aumentando o risco de serem excluídas do mercado.
Com a chegada do livro digital, do e-book, a situação só vai se agravar.
Queda na participação do canal livrarias de 45,64% em 2008 para 42,44% em 2009.
Queda do canal distribuidores, de 25,32% em 2008 para 23,78% em 2009.
O custo do equipamento de leitura de livros desestimula a venda dos livros eletrônicos.
Nos próximos anos, a disponibilidade de novas tecnologias de leitura de livros, a queda dos preços dos equipamentos e novos recursos de diagramação para publicações on line vão estimular a venda de livros eletrônicos.
Variáveis que interferem
Personagens
Joca
Nascido em 2010, João Carlos, o Joca, ao contrário da maioria dos colegas, cresceu dentro de uma casa que cultuava os livros em papel.
Filho de pais intelectuais, professores universitários, aos cinco anos, já lia. A alfabetização prematura foi estimulada pelo convívio com a leitura. O pai e a mãe se revezavam diariamente na função da leitura de histórias antes de dormir. E a biblioteca em casa mantinha centenas de publicações, da literatura nacional e estrangeira, dos melhores autores, inclusive de histórias infantis, às publicações técnicas.
Contrariando a vontade do pai, o menino precoce no interesse pelo aprendizado das letras ganhou em 2005, aos cinco anos, o primeiro livro eletrônico, um e-book, o Ipad da Vovó Xuxa. Passou a carregar para todos os cantos o seu equipamento. Em 2020, aos dez anos, era um leitor voraz. Mas não apresentava qualquer interesse em relação às coleções em papel. Ao contrário, curtia ler as histórias e viajar nas alternativas da diagramação eletrônica, com inúmeros links para as informações.
Professor Helênio
Em 2020, aos 70 anos, o professor Helênio finalmente aposentou das aulas de filosofia em escolas particulares. Na década de 2000, quando tinha 50 anos, viu o surgimento dos primeiros e-books, os aparelhos vendidos pelas livrarias na internet para o acesso aos livros. Para ele, o papel é uma questão de paixão. Entre as atividades que pretende desenvolver enquanto aposentado, a visita a livrarias será uma delas. O difícil é achá-las.
Nos anos seguintes, o professor e muitos de seus amigos, manterão hábitos de vida. Farão parte de um grupo amplo que terá todas as condições de superar os 100 anos, com qualidade de vida. E que continuarão mantendo a tradição dos livros em papel.
Livrarias
A maior parte das pequenas livrarias terá sucumbido aos novos comportamentos do mercado de consumo e à participação das vendas de livros pela internet, graças à expansão do comércio eletrônico, estimulado pelas próprias editoras, que assumiram o papel de intermediação nas vendas de livros. As poucas exceções são formadas por lojas de livros especializados, com diversificação de produtos em torno de temas. Por exemplo, livrarias sobre ficção baseadas na revisão da história do século passado. Inclui produtos de época, filmes e outros produtos relacionados.
Algumas grandes redes de livrarias também conseguiram sobreviver, se associando a editoras e implantando a diversidade de serviços, como cafeterias, restaurantes ou espaço para realização de eventos.
Tecnologias
As tecnologias estarão em todos os lugares. Em casa, em múltiplos aparelhos, como tecnologia embarcada, em telas com recursos de toque. Junto às pessoas, em aparelhos móveis, que deixarão de ser entendidos definitivamente como telefones. Aliás, ninguém sentirá mais falta dos telefones fixos, assim como de notebooks e netbooks e, principalmente, dos antiquados desktops, os computadores de mesa.
Livros eletrônicos - e-books
Tecnologias criadas inicialmente com o objetivo de dar acesso a livros e publicações eletrônicas, os leitores de ebooks foram adotados como equipamentos portáteis, do tamanho aproximado de um livro comum e que podem ser transportados facilmente para qualquer lugar e armazenar centenas e até milhares de livros eletrônicos, os ebooks.
Com a elevada capacidade de armazenamento de informações, os equipamentos se transformaram em uma espécie de biblioteca ambulante.
Os livros eletrônicos - ebooks - podem ser lidos na tela de qualquer computador, de um laptop, ou ainda, impressos em papel comum, por meio de uma impressora.
Os padrões de ebooks mais conhecidos são o Acrobat, da empresa ADOBE que é o formato utilizado nos ebooks da LeBooks, e o Microsoft Reader da Microsoft.
A principal vantagem dos equipamentos de ebooks é a sua portabilidade. Como se encontram no formato digital, podem ser transmitidos rapidamente por meio da Internet. Se um leitor que se encontra no Japão, por exemplo, tiver interesse em adquirir ebooks vendidos nos Estados Unidos ou no Brasil, pode fazer isso imediatamente e em questão de minutos estará lendo tranqüilamente seus ebooks na tela do computador.
Outra vantagem dos ebooks é o preço. Como o custo de produção e de entrega do ebooks é bem mais baixo do que no caso dos livros em papel, os ebooks eles podem chegar as mãos do leitor por um preço sensivelmente menor.
Ao comprar seus ebooks, da mesma forma que um livro em papel, você estará adquirindo o direito à leitura e obtenção do conhecimento contido nesse texto. Você NÃO estará adquirindo o direito de reprodução, distribuição ou comercialização desse produto, em qualquer forma. Assim como um livro tradicional, os ebooks são protegido pelas leis de direitos autorais. Isso significa que os ebooks não podem ser alterados, plagiados, distribuídos ou comercializados de nenhuma forma, sem a expressa autorização de seu autor.
2020
foco: Mercado editorial
peso | |||||
demografia - taxas de alfabetização - alfabetizados | crescimento | ||||
demografia -participação da população idosa no total da pop. | aumento - em 2020 | ||||
demografia - participação da população jovem no total da pop. | aumento | ||||
acesso ao ensino superior | expansão | ||||
estímulo à leitura | alto | ||||
interesse por leitura | expansão | ||||
acesso a livros eletrônicos | elevado | ||||
custos das novas tecnologais | baixos | ||||
disponbilidade de bibliotecas virtuais | alta | ||||
oferta de livros em papel | média/baixa | ||||
uso de tecnologias no dia a dia | disseminado | ||||
hábito de leitura em aparelhos tecnológicos | crescente | ||||
hábito de leitura em livro de papel | decrescente | ||||
consciência ambiental pressões contra o uso de papel | crescente | ||||
produtos para ambiente digital | crescente | ||||
democratização do acesso às novas tecnologias | crescente | ||||
comécio eletrônico | consolidação e expansão | ||||
experiência do usuário | |||||
acesso da população ao ensino superior e técnico | crescimento | ||||
usabilidade dos equipamentos de leitura de livros eletrônicos | alta evolução | ||||
pirateamento de cópias / controle sobre cópias | baixo | ||||
custos de impressão | baixos | ||||
disponibilidade de tecnologias de impressão | alta | ||||
ação das distribuidoras de livros | investimentos em novas tecnologias | ||||
rede de livrarias físicas | redução | ||||
preços dos livros eletrônicos | baixa | ||||
preços dos livros em papel |
Por volta do ano 2020, os leitores tradicionais, aqueles que não abrem mão de publicações em papel, inclusive dos rituais envolvendo a escolha de um livro entre as várias opções em estantes, como folhear as páginas, ler alguns trechos e sentir o cheiro do papel antes da compra, continuarão tendo acesso ao produto. Mas não será fácil. A maioria das grandes redes especializadas em exclusivamente em literatura, disponíveis em 2010, terá se transformado em lojas de produtos variados, onde uma das seções será a de livros, com alguns poucos títulos em lançamento. Será algo como o que já ocorre no Carrefour. Em algum canto o consumidor encontra alguns títulos à venda, de obras de alto interesse comercial. E fechados com plástico.
Outras poucas redes - pouquíssimas - continuarão enfatizando a venda do produto, mas com novas abordagens de atendimento ao consumidor. Parecerão pouco e nem serão identificadas como livrarias, no conceito atual, mas como lojas especializadas, centros de imersão em produtos para públicos segmentados. O livro será o souvenir comprado na saída de um processo de experiências sensoriais. E assim como existem hoje as lojas de vinil, sobreviverão os sebos.
As próprias editoras tenderão a enterrar o livro em papel como produto de massa. O desenvolvimento tecnológico projetado para 2020 dará todas as condições para o acesso ao livro eletrônico, em todos os segmentos, da literatura tradicional ao conteúdo didático. As editoras serão, elas próprias, gestoras do processo de distribuição e venda dos títulos. Livrarias físicas e distribuidoras de livros tendem a perder espaço, assim como os fornecedores de equipamentos para gráficas e produtoras de papeis.
As editoras tentam, hoje, evitar o erro cometido pela indústria de músicas, que não percebeu a tempo a revolução que as novas tecnologias provocariam sobre os seus negócios. Ao contrário, as multinacionais do som abraçaram o fim do disco de vinil e o lançamento dos discos de CD como um grande avanço de qualidade. Quando o setor percebeu, os conteúdos dos compact discs estavam sendo copiados aos milhões e vendidos nas esquinas das cidades do mundo.
A estratégia de diferenciação das editoras envolve a tentativa de vincular o livro eletrônico a equipamentos específicos de leitura, como o Kindle, da Amazon.com e o Ipad, da Apple. As editoras fizeram os fornecedores de tecnologia se transformar em aliados. Porém, a tendência é de aumento da oferta de leitores de e-book e consequente redução de preços dos equipamentos. Ao tentar restringir as regras de funcionamento do mercado as editoras ganham um tempo para buscar uma solução para a questão do direito autoral, com o obejtivo de travar a possibilidade pirataria de livro adquirido em uma loja virtual.
A redução dos preços dos equipamentos carrega uma variável extremamente positivas, pois viabiliza a compra do equipamento por um número maior de pessoas. Já em 2015, os computadores de mesa deixarão de ser o padrão do mercado, diante da ascensão da mobilidade como sonho de consumo dos usuários de tecnologia. Neste cenário, os aparelhos de leitura de e-books terão resolvido muitos dos quesitos essenciais para a sua expansão, como a redução de custo, facilidade de uso, usabilidade e desenvolvimento de sistemas. E estarão mais integrados à internet.
Em 2020, o mundo tende a se encontrar na internet. Os especialistas assinalam que a internet estará em todos os lugares, a não ser que algo rompa radicalmente a tendência, como a intervenção de grupos fundamentalistas religiosos.