O voto da pobreza e a pobreza do voto

        Desordem e progresso de um lado e fome do outro. Em quanto há pessoas morrendo de fome em determinados lugares e regiões do Brasil, há dois candidatos a presidência da republica “caindo no pau” na TV (e o povo gostando). O que seria uma das coisas mais importantes para o Brasil se tornou uma briga pessoal entre Dilma e Serra.

        Quer dizer que eu vou votar numa mentirosa compulsiva? A única coisa que o José Serra falou a campanha inteira foi dizer que Dilma é despreparada e mentirosa. Minto. Ele também disse que ela está cercada por uma quadrilha, que o atual governo é uma corja e que não fez nada a não ser roubar durante quatro anos. Nossa! Como eu sou ingênuo! Sim, porque vou votar para transformar o meu país numa ditadura de esquerda comandada por ladrões. Uma grande propaganda mentirosa que poderia ser um grande país, mas que continua um país grande por obra e graça de seus próprios eleitores.

        De fato o governo se transformou numa constante campanha eleitoral recheada de eufemismos, numa enorme propaganda mentirosa. O Programa Fome Zero era só propaganda e dele não se ouve falar mais nada. Tal fato somente ocorre porque pessoas, movimentos e entidades tratam a miséria humana como uma coisa verdadeiramente maravilhosa. Não procuram entender a pobreza nem, combatê-la; conhecem suas causas e conseqüências, mas não se engajam para a sua diminuição; vêem pessoas famintas, chorando e morrendo e deixam tudo como está porque a pobreza não pode acabar. A pobreza brasileira enriquece muitos.

        A pobreza em suas “multi-formas”, há também a pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é  tão grave, que a maior parte deles não percebem. Por isso, a pobreza de espírito  tem sido a maior inspiradora das decisões governamentais, da pobre rica elite brasileira. Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro. Os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez. Mas digo isto, na sua forma mais real, e não em propagandas mentirosas.

        Pensava: aquele(a) que ganhar fará o melhor pelo nosso Brasil, pois irá se assessorar de pessoas competentes e honestas, e basta. Passados alguns dias, iniciaram as propagandas eleitorais. Subitamente, a minha caixa de correio foi tomada por uma "avalanche" de e-mails contra uma candidata, Dilma Rousseff. Preciso dizer com todas as palavras, que fiquei indignada. Eis o grande problema. E o passado de José Serra? O que dizer? Deste ilustríssimo candidato a presidência da república tem-se uma conclusão lógica: o que Serra fala não se escreve. O que fazer agora? A reflexão levou-me até Jesus Cristo, que um dia disse: "Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra" (Jo 8,7). Meu Deus!