Plano de Curso Anual

 

Ensino Fundamental

 

1º ano

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

APRESENTAÇÃO

 

 

 

“(...) Protege-me das incursões obrigatórias que sufocam o prazer da descoberta

e com o silêncio ( intimamente sábio ) das tuas palavras e dos teus gestos

ajuda-me serenamente a ler e a escrever  a minha própria vida.”

 

Ademar Ferreira. In: ALVES, Rubem.  A escola com que sempre sonhei

sem imaginar que pudesse existir.

 

Caro(a) professor(a),

 

 

                        Mais um ano letivo se inicia, trazendo novos desafios que nortearão sua prática docente. Desse modo, com o intuito de auxiliar o planejamento de suas ações didático-pedagógicas, a curto, médio e longo prazo, apresentamos o Plano de Curso do 1º ano.                  

Ressaltamos que este plano é anual, não dispondo, portanto, de uma divisão bimestral dos conteúdos, visto tratar-se, como o próprio nome diz, de um plano, e não de um planejamento. Dessa forma, caberá a você, professor, após o período de conhecimento de seu grupo-classe, o que compreende os diferentes procedimentos diagnósticos, estudar este plano e as orientações didáticas que o precedem, a fim de construir, com autonomia, o melhor percurso pedagógico junto a seus alunos, ou seja, elaborar o “planejamento” propriamente dito.

                        Os conteúdos apresentam-se divididos em conceituais (que se referem ao conhecimento de conceitos, fatos e princípios), procedimentais (que se referem a um “saber fazer”) e atitudinais (que estão associados a valores, atitudes e normas). Cabe ainda dizer que, em razão dos conteúdos conceituais, manteve-se a divisão por disciplinas, o que, no entanto, não invalida a abordagem interdisciplinar do trabalho em sala de aula. Resguardadas as especificidades de cada área do conhecimento, o que, em sua maioria, constrói-se por meio dos conteúdos conceituais, são por intermédio da aprendizagem dos outros conteúdos – os procedimentais e os atitudinais – que a interdisciplinaridade ocorre. Certos procedimentos também se aplicam com exclusividade a uma disciplina, porém, em sua maioria, assim como as atitudes a serem desenvolvidas pelas crianças, esses perpassam todas as áreas do conhecimento, em maior ou menor escala, durante certa etapa de sua aprendizagem. É nesse sentido, portanto, professor, que seu planejamento deve se orientar, buscando garantir a construção dos saberes próprios de cada disciplina, concomitantemente à dos que se apreendem de uma forma transversal.

                        Importa dizer que, ao falarmos dos conceitos mais específicos de cada disciplina, não estamos dizendo que o vínculo entre esses saberes não

                       

                             

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                      ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS

 

1º ANO

 

 

Ensino Fundamental

 

 

 

 

 

CIÊNCIAS

 

Considerações gerais sobre o ensino de Ciências

 

Para construir uma proposta pedagógica sobre o ensino de Ciências, devemos levar em consideração que as ciências naturais agrupam os conhecimentos relativos à natureza, sobre os fenômenos naturais, elaborados e acumulados pelo homem, de geração a geração.                

Para aprender Ciências, é necessário ter contato com a realidade para interiorizar o mundo que nos rodeia. Dificilmente, os alunos poderão ter uma aprendizagem que lhes seja útil para a vida se nos orientarmos por uma didática com enfoque abstrato, baseada apenas na memorização de fatos e conceitos. Desse modo, o que poderemos conseguir é desmotivá-los nessa área do conhecimento.

Nos anos iniciais, são inúmeras as possibilidades de trabalho com os conteúdos de Ciências Naturais. É possível a elaboração de algumas explicações objetivas e mais próximas da Ciência, de acordo com a idade e o amadurecimento do aluno, muito embora ainda persistam “explicações mágicas” para alguns fatos.

Esse é o momento em que as crianças têm uma primeira aproximação com as noções de ambiente, seres vivos, corpo humano e transformações de materiais do ambiente por meio de técnicas criadas pelo homem. Podem aprender procedimentos simples de observação, comparação, busca e registro de informações, e também desenvolver atitudes de responsabilidade para consigo, com o outro e com o ambiente.

 

O papel da observação

    

Observar é um procedimento importante do fazer científico. Para tanto, o professor deve considerar a possibilidade de os alunos observarem de forma direta e indireta fatos e fenômenos que nos rodeiam. Observar significa ir mais além do que simplesmente olhar, é empregar qualquer um dos órgãos dos sentidos com o interesse voltado para atender um determinado objetivo.

Observação direta é quando há contato direto com o objeto ou fenômeno que está sendo observado, por exemplo: observar em um jardim as folhas das árvores, dos arbustos, das folhagens e gramíneas. Indireta é quando o objeto se encontra representado por diferentes linguagens: fotos, vídeos, gravuras, mapas, esquemas, maquetes ou mesmo instrumentos e aparelhos.

 

Comparação

 

Comparar é uma forma de coletar dados durante uma observação. Os alunos podem comparar entre si objetos, seres vivos, materiais etc. Por exemplo: comparar vários tipos de folhas encontradas em um jardim e depois classificá-las, usando diferentes critérios, como forma, tamanho, textura, cor etc.

As habilidades de observação e comparação de semelhanças e diferenças permitem a estruturação de processos mentais mais elaborados, assim como a reconstrução de categorias de idéias, ou seja, de modelos científicos, tais como argumentar, sintetizar, analisar, identificar, entre outros.

          

Investigação

 

É muito importante também propor investigações, em que os alunos possam apresentar suas hipóteses sobre o assunto em estudo, fazer suposições sobre os fatos e/ou fenômenos, trocar idéias com os colegas. Esses momentos necessitam da intervenção do professor no sentido de apresentar situações favoráveis à expressão de idéias, incentivar a sua manifestação e o encaminhamento na busca de informações que permitam a verificação das mesmas.

 

 

 

Experimentação

 

Por meio dela, os alunos podem pôr em ação algumas de suas idéias sobre fatos e conceitos e testar hipóteses, levantadas em um determinado problema, vistas pela ótica infantil e mediadas pelo professor.  A atuação do aluno é, nesse sentido, fundamental. As experiências sugeridas não devem, portanto, ser consideradas como meras demonstrações de um conjunto de informações fornecidas pelo professor, mas como um desafio para que os alunos coloquem em prática os conhecimentos que já possuem.

 

Leitura e escrita

 

O ensino de Ciências pode potencializar a aprendizagem da leitura e da escrita, incentivando o contato do aluno com diferentes tipos de textos, a argumentação oral e o registro escrito dos conhecimentos adquiridos. Nessa fase, a capacidade de narrar ou descrever um fato pode ser enriquecida pelo desenho que progressivamente incorpora detalhes do objeto ou fenômeno observado. Além do desenho, outras formas de registro podem ser usadas: recorte e colagem, elaboração de listas, tabelas, pequenos textos, com a ajuda ou não do professor, utilizando e aprimorando os conceitos e procedimentos adquiridos em Língua Portuguesa e Matemática.

A aprendizagem do vocabulário científico não deve ser priorizada e nem realizada por meio de memorização, mas sim por meio de múltiplas aproximações com a realidade dos alunos e, sempre que possível, em situações reais de comunicação, por exemplo, na produção de um texto coletivo. O professor deve ensinar o aluno a discernir o uso do termo e do conceito em diferentes contextos, ressaltando a distinção entre o significado comum e o científico.

Em suma, pessoas que sabem ler e escrever bem, consultar enciclopédias e outros tipos de documentos, que sabem argumentar e defender suas idéias, que sabem ouvir e discutir questões, estão aptas a aprender um assunto de seu interesse, a qualquer momento, independentemente do banco escolar.

 

A abordagem dos conteúdos

 

Nas séries iniciais, apesar de o ensino de Ciências ser orientado por uma proposta de conteúdos, deve-se priorizar o desenvolvimento da criatividade e da imaginação. Normalmente, os conteúdos são extensos, mas eles abrem um ”leque” de opções para a abordagem da ciência. O importante, qualquer que seja o critério usado para a seleção dos conteúdos pelo professor, é que ele privilegie o que é mais pertinente para aquele momento.

Como dissemos, é  fundamental que o professor, num primeiro momento, leia o plano, com os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, do ano em que está atuando. Após essa primeira leitura, parte-se para elaboração do seu próprio planejamento. Uma boa opção para um planejamento eficaz é trabalhar com temas significativos, por meio de projetos dentro do âmbito da própria classe. Esse procedimento facilita a interdisciplinaridade.

O ensino de Ciências deve ser priorizado logo no início do ano letivo, independentemente do nível de alfabetização dos alunos, pois representa uma estratégia a mais para alcançar os objetivos da alfabetização. O professor deve elaborar atividades que visam a facilitar o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, auxiliando-o no processo de alfabetização.

Os conteúdos, embora organizados por temas específicos (ambiente, ser humano e saúde, animais e plantas), não devem ser trabalhados de maneira linear, ou seja, o professor tem a liberdade de organizar o seu trabalho em temas abrangentes ou gerais. A seqüência a ser desenvolvida fica a seu critério, o importante é articular os conteúdos dos diferentes blocos.

O objetivo é iniciar a criança no estudo das ciências e das coisas da natureza, dos animais e plantas, de si própria e sua relação com os outros, com a tecnologia e com o mundo. A abordagem do conteúdo pode ser realizada por meio de elementos do dia-a-dia das crianças, que têm, por um lado, o seu aspecto individual e, por outro lado, a sua parte universal, o que representa a sua comunidade. É importante desenvolver os conceitos num determinado contexto, de forma que os conteúdos possam ser trabalhados da mesma maneira como analisamos os acontecimentos do cotidiano.

As crianças nessa fase da vida são extremamente curiosas, buscam explicações para o que vêem, ouvem e sentem. Quando chegam à escola, já trazem um repertório de representações e explicações para o mundo que as cerca. É importante que tais representações encontrem, na sala de aula, um lugar para sua manifestação.

 

 

 

Outra característica dessa fase é o egocentrismo, ou seja, a criança tende a não se diferenciar de seu meio, seu referencial é ela própria e, portanto, o meio é a sua própria extensão. Sendo assim, uma boa estratégia em Ciências é iniciar com temas relacionados ao corpo humano e sua interação com o ambiente. Priorizar atividades de exploração do próprio corpo, num primeiro momento, e depois de outros elementos presentes no ambiente, auxiliará a criança a sair de seu egocentrismo inicial promovendo a aproximação com outros seres do ambiente.  A exploração dos órgãos dos sentidos é muito importante na aproximação da criança com o ambiente.

Vários conteúdos do bloco Ser humano e saúde podem ser trabalhados em conexão com o bloco Animais e Vegetais e também com o bloco Ambiente. Quando o professor estiver trabalhando com conteúdos relacionados ao corpo humano, pode fazer uma “ponte” com outros seres vivos, por exemplo, comparando as características do corpo humano, relacionadas ao revestimento do corpo, órgãos dos sentidos, alimentação, locomoção, modo de vida, entre outras, com as características de outros seres vivos, particularmente com os animais. Deve também estabelecer relações com o ambiente, como a identificação dos elementos vitais para a manutenção da vida relacionados à presença da água, luz e solo, verificando as adaptações que alguns seres vivos apresentam para sobreviver nesses  ambientes.

É importante também, para um trabalho mais amplo, que o professor planeje uma abordagem que permita a integração da área de Ciências com as demais áreas do conhecimento, principalmente com Geografia e História, em que um mesmo tema é proposto, mas com os enfoques de cada área. Por  exemplo, ao analisar um lugar ou uma paisagem, observar as mudanças ocorridas pela ação do homem ao longo dos tempos, as organizações sociais, a família, as profissões e os aspectos físicos da paisagem local, como relevo, rios, construções etc.

Os conteúdos devem também ser articulados aos os temas transversais relacionados à pluralidade cultural, saúde, educação ambiental e ética, por exemplo, quando se abordam a importância de preservar e conservar o meio ambiente, o respeito às pessoas e suas diferenças etc.

 

Ciências

Educação Física

Artes / Música

Matemática

Geografia/

História

Língua Portuguesa

 

Corpo humano e suas partes.

Os pés e as mãos.

Tamanho (altura do corpo).

Idade.

Comparação entre seres vivos.

Semelhanças e diferenças entre o corpo do homem e de um animal escolhido pela classe.

Patas de animais.

Cuidado com o corpo e o ambiente.

Higiene do corpo.

Movimentos amplos do corpo e habilidades manuais com brinquedos.

Movimentos na frente do espelho.

Expressões faciais.

Posturas corporais.

Lateralidade.

Imitação de animais e seus modos de vida.

Impressão dos pés e das mãos.

Quebra-cabeça

(partes do corpo).

Recorte e colagem de figuras de revistas e jornais.

Jogo da memória: animais.

Auto-retrato

Dobradura de animais.

Músicas que falem das mãos e dos pés, que apresentem as partes do corpo.

Música que fale de  um animal.

Exploração do silêncio e de sons com a voz, o corpo e materiais sonoros diversos.

Uso dos números para representar a idade.

Indicação com os dedos da quantidade relativa à idade.

Grosso e fino.

Maior e menor.

Colegas da classe.

Identidade.

Nome próprio.

A história de cada um.

Semelhanças e diferenças sociais.

Brincadeiras .

 

Conversa informal.

Nomeação das partes do corpo.

Uso da linguagem oral para relato de vivências.

Nomeação de figuras e animais.

MATEMÁTICA

 

Ao pensar o processo de ensino-aprendizagem da Matemática nos anos iniciais, é preciso refletir sobre como a estrutura do nosso Plano de Curso pode se transformar em prática educativa. Para atingir os objetivos, precisamos considerar que trabalhamos com salas heterogêneas, reconhecer os interesses variados dos alunos e seus conhecimentos prévios e valorizar seu grande potencial criativo. A função do professor é associar-se aos alunos na busca de novos conhecimentos. Alunos e professores interagem e crescem no processo. Para isso, é necessário:

 

 

                   Nessa concepção de ensino, rompemos com a idéia de que cabe ao professor transmitir os conteúdos por meio de explicações, exemplos e demonstrações seguidas de exercícios de fixação. O conhecimento matemático não deve ser encarado como um conjunto de conceitos a serem memorizados. Por sua vez, acentuamos a idéia de que o aluno, além de ser agente da construção de seu conhecimento, em situações de desafio, nas quais é estimulado a estabelecer relações entre os conhecimentos já construídos e os novos, também aprende na interação com seus parceiros. A cooperação entre os alunos na busca de soluções, o levantamento e confrontação de hipóteses favorecem a construção e ampliação do próprio pensamento. As idéias matemáticas apresentadas na escola devem relacionar-se com a vivência das crianças. Dessa forma, além de explorar idéias numéricas e contagem, podemos trabalhar com noções de geometria, medidas e estatística.

As crianças têm idéias próprias, sentimentos, interesses; estão inseridas numa cultura e são capazes de aprender Matemática e desenvolver-se cognitivamente. Assim, no processo de transformação do saber científico em escolar, é necessário considerar  as condições cognitivas, sociais e culturais de quem irá aprender, contextualizando o conhecimento e estabelecendo relações com suas vivências cotidianas. No entanto, devemos garantir a ampliação desse conhecimento de forma que os alunos possam observar regularidades, buscar generalizações e transferir estes conhecimentos a outros contextos. Por isso, as interferências e problematizações feitas pelo professor no desenrolar das atividades propiciam a ampliação gradativa das noções matemáticas.

A Matemática faz-se presente em diversas atividades realizadas no cotidiano pelas crianças. Sendo assim, devemos oferecer aos alunos várias situações que possibilitem o desenvolvimento do raciocínio lógico e da criatividade e a capacidade de resolver problemas. O ensino dessa disciplina pode ampliar as possibilidades de os alunos compreenderem e transformarem a realidade.

                       As orientações que seguem têm como objetivo contribuir no planejamento de situações didáticas que favoreçam a construção das competências esperadas. Ansiamos que todos os alunos tenham oportunidade de vivenciar diversos tipos de experiências de aprendizagem, considerando aspectos transversais, a utilização de recursos adequados e a vivência da matemática de forma rica e diversificada. Assim, todos os alunos deverão ter oportunidades de se envolver em diversas experiências de aprendizagem, tais como:

 

Resolução de problemas

 

Toda criança encanta-se por desafios. Quando falamos sobre a resolução de problemas, é possível esclarecer que não há necessidade de o aluno possuir todas as informações e conceitos envolvidos na situação-problema. Outro aspecto que exige esclarecimento é que trabalhar apenas com os problemas convencionais pode levar o aluno a uma postura de fragilidade e insegurança diante de situações de desafio maior. Bons problemas são aqueles relacionados à realidade do aluno e que envolvem temas motivadores, favorecendo a aprendizagem.

Sendo assim, acreditamos que, ao trabalhar com a resolução de problemas, o professor deve saber que:

 

 

·     problema é toda situação que permite problematização, ou seja, um processo investigativo.

·     a essência está no problematizar; cada pergunta nova transforma-se em um novo desafio para o aluno.

·     é necessário criar um ambiente de produção ou de “re-produção” do saber.

 

Enquanto resolve situações-problema, o aluno aprende matemática, desenvolve procedimentos e modos de pensar e põe em prática habilidades básicas  como verbalizar, ler, interpretar e produzir textos.

No processo educativo, também podemos propor aos alunos a formulação de problemas. Quando os alunos formulam problemas, percebem a relação entre os dados apresentados, a pergunta e a resposta; e articulam o texto, os dados e a operação a ser usada. Formular problemas é uma forma de estimular a capacidade inventiva e questionadora dos alunos e uma forma de fazer matemática por meio da possibilidade de questionar, levantar hipóteses, comunicar idéias, estabelecer relações e aplicar conceitos.

Para que os alunos sejam capazes de formular seus próprios problemas, é preciso que eles tenham contato com diferentes tipos de problema, tendo assim, um repertório como apoio. Ao formulá-los, os alunos precisam reconhecer os dados disponíveis, a situação criada e evidenciar a existência de um problema por meio da pergunta inventada. É preciso que as crianças leiam o que fizeram, relatem dúvidas e debatam sobre as incompreensões, semelhanças e diferenças entre os textos.

O professor pode organizar a sala para produção coletiva e deve encontrar formas para fazer intervenções: reproduzir o texto em transparência, reproduzir textos com algum tipo de incorreção para que os alunos identifiquem as falhas, misturar textos bem elaborados com textos que apresentam falhas e modificar os textos de acordo com a resposta.

Para a formulação de problemas, é necessário que se criem uma intenção real e um destinatário efetivo para as produções dos alunos: sorteio de problemas para serem resolvidos por todos da classe, troca entre os alunos, construção de uma folha com aqueles criados pelas crianças, seleção de alguns criados e troca entre classes da mesma série, criação de um banco de problemas, confecção de um mural com os mais interessantes e desafiadores e envio para jornal da escola ou página na Internet, livro de problemas, problematoteca. Uma sugestão é pedir que os alunos formulem problemas com palavras específicas da linguagem matemática: adição, dobro, divisor. Outra é a criação de problemas que tenham uma certa estrutura textual: poema, problema com rima, charada, conto etc.

Formular problemas é uma ação mais complexa do que resolver problemas, pois os alunos devem lidar com as dificuldades da linguagem matemática, da língua materna e da combinação de ambas. Assim, torna-se um instrumento de avaliação o tempo todo, pois fornece indícios do que os alunos estão dominando ou não. Nosso desejo é que os alunos se tornem leitores e escritores em matemática.

Dessa maneira, a resolução de problemas estabelece um contexto de aprendizagem que favorece a integração do raciocínio e da comunicação. Os problemas devem ser desafiadores, envolvendo diversas estratégias e métodos de resolução e precisam estar sempre presentes nas aulas de Matemática, porém não de forma rotineira, mecânica e repetitiva.

 

Jogos

 

Acreditamos no ensino da Matemática de corpo inteiro. Propor jogos nas aulas dessa disciplina é uma maneira desafiadora e prazerosa de os alunos participarem ativamente do processo de construção do conhecimento. Os jogos no ensino de matemática estimulam não só o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático, como também propiciam a interação e o confronto entre diferentes formas de pensar e permitem ao aluno vivenciar uma experiência com características sociais e culturais. Por meio dos jogos, podemos trabalhar, de maneira lúdica, conteúdos importantes na educação matemática.

As tentativas, os erros e até mesmo os fracassos durante os jogos devem ser encarados de maneira desafiante e podem ser revistos de forma natural durante as jogadas, sem deixar marcas negativas, propiciando novas tentativas, permitindo que a criança desenvolva iniciativa, autoconfiança e autonomia. Assim, os conteúdos atitudinais também estarão presentes nessas aulas. As crianças aprenderão a trabalhar em grupo, respeitar regras, ajudar seu adversário a melhorar suas habilidades e entenderão que, num jogo, um jogador ganha e outro precisa perder.  Na medida em que o professor propuser boas questões aos alunos, estes poderão potencializar suas capacidades para compreender os conceitos matemáticos presentes nos jogos.

Existem jogos infantis praticados no mundo inteiro. Quando o professor escolhe jogos de outros povos para trabalhar com os alunos, enriquece suas aulas, desenvolvendo um trabalho interdisciplinar, podendo, por exemplo, localizar num mapa ou globo terrestre os países citados, contar histórias desses povos, proporcionar a fabricação do jogo com material alternativo etc. As crianças também poderão criar seus próprios jogos ou modificar regras. Na bibliografia desse trabalho, você poderá encontrar sugestões de sites e livros para pesquisa.

A relação entre o jogo e a Matemática é muito significativa, principalmente para crianças dos anos iniciais, pois é nesse período que elas devem encontrar o espaço para explorar e descobrir elementos da realidade que as cerca. Os alunos devem ter oportunidade de vivenciar situações ricas e desafiadoras, as quais serão proporcionadas pela utilização dos jogos como recurso pedagógico.

Por isso, ao optar por trabalhar a Matemática por meio dos jogos, o professor deve levar em conta a importância da definição dos conteúdos e das habilidades presentes nas brincadeiras e o planejamento de sua ação. Além de jogar, as crianças devem conversar sobre o jogo, discutindo o que foi fácil, o que foi difícil, dicas para se jogar melhor, entre outras coisas. Essa comunicação permite que os alunos reajam frente às idéias dos outros e que considerem pontos de vista alternativos. O diálogo capacita os alunos a falarem de modo significativo sobre seus conhecimentos, suas dúvidas, suas aprendizagens. A partir da discussão estabelecida, das diferentes respostas obtidas, o educador pode perceber o raciocínio de cada aluno e planejar as intervenções apropriadas.

Além da socialização de idéias, os alunos poderão registrar suas descobertas com desenhos ou textos coletivos. Escrever sobre Matemática ajuda na aprendizagem das crianças, encoraja reflexão e clareia idéias. Assim, o jogo não se tornará mero lazer, mas uma nova forma de aprender Matemática.

Nas situações de jogo, a criança é capaz de construir conceitos de uma forma muito mais lúdica e prazerosa, assim como lançar mão dos conhecimentos matemáticos que já possui de forma mais integrada e “inteligente”. Além disso, um jogo pode servir como ponto de partida para uma atividade de investigação, em que os alunos levantam e testam hipóteses, argumentam e comunicam oralmente ou por meio da escrita suas conclusões, enfim proporcionando a investigação e a relação com outras áreas do conhecimento.

 

Brincadeiras infantis

 

Toda criança, de qualquer idade ou realidade social, brinca. Utilizar as brincadeiras infantis nas aulas de matemática é muito mais do que tornar o processo de ensino mais significativo e prazeroso. Brincando, as crianças desenvolvem muito mais que noções matemáticas. Enquanto brinca, o aluno amplia sua capacidade corporal, sua consciência do outro, a percepção de si mesmo como um ser social, a percepção do espaço que o cerca e de como pode explorá-lo. Contudo, para utilizar as brincadeiras de forma produtiva, é preciso levar em consideração alguns aspectos. A brincadeira escolhida deve permitir que todos os jogadores possam participar ativamente. Desencadear processos de pensamento nas crianças possibilita a auto-avaliação do seu desempenho.

As brincadeiras são apresentadas desde as mais simples até as variações mais complexas. Quando os alunos já estiverem familiarizados com elas, uma sugestão é propor a variação de regras ou maior complexidade da brincadeira. Crianças que tenham maior conhecimento podem auxiliar as demais. É importante também que o professor abra espaço para brincadeiras que as próprias crianças (ou ele mesmo) conheçam ou queiram inventar.

As brincadeiras precisam ser feitas com freqüência. Sugerimos uma ou duas brincadeiras no máximo por mês, em uma aula, toda semana, para que os alunos aprendam a brincar e também compreendam os conceitos matemáticos nela envolvidos. O professor deve garantir a repetição da  brincadeira, para que todas as crianças tenham oportunidade de aprendê-la e superar suas dificuldades, vencendo os desafios propostos, e apreendendo todas as regras.

Sempre ao final das brincadeiras, o professor deve reunir a turma para fazer um fechamento da atividade, assim como propusemos para os jogos;  pode ser uma roda em que os alunos falem sobre como foi jogar, o que foi fácil e o que foi difícil, tomem decisões sobre como realizar a brincadeira numa próxima vez. Também é fundamental que o professor preveja sempre algum tipo de registro sobre a atividade realizada, que pode ser: desenho sobre a brincadeira ou relatório final, que poderá ser um texto com a descrição das regras ou pistas com a melhor forma de se jogar. Na produção do texto dos alunos que ainda não escrevem convencionalmente, cabe ao professor articular todas as informações e registrar por escrito o texto oral produzido pelos alunos.

 

 

 

Matemática e o ensino da Língua

 

Sugerimos a integração entre a Língua e a Matemática, pois acreditamos ser essa uma parceria extremamente importante e necessária. É fundamental que as crianças sejam estimuladas a buscar soluções para os cálculos e problemas e que tais soluções sejam discutidas coletivamente. O professor deve criar oportunidades para as crianças verbalizarem suas construções mentais sobre o que foi trabalhado.

Nesse sentido, usar a literatura infantil “[...]poderia ser um modo desafiante e lúdico para as crianças pensarem sobre algumas noções matemáticas e, ainda, servir como um complemento para o material tradicionalmente utilizado nas aulas: a lousa, o giz e o livro didático”.(SMOLE, 1996, p. 68)

Por meio da conexão entre literatura e matemática, o professor pode criar situações na sala de aula que encorajem os alunos a compreenderem e se familiarizarem mais com a linguagem matemática, estabelecendo ligações cognitivas entre a língua materna, conceitos da vida real e a linguagem matemática formal.

Utilizando a literatura infantil nas aulas de Matemática, o aluno volta ao texto muitas vezes para acrescentar outras expectativas, percepções e experiências. Desta forma, a história contribui para que ele aprenda e faça matemática, assim como explore lugares, características e acontecimentos na história, o que permite que habilidades matemáticas e de linguagem desenvolvam-se juntas, enquanto lê, escreve e conversa sobre as idéias matemáticas que vão aparecendo ao longo da leitura. É neste contexto que a conexão da matemática com a literatura infantil aparece.

Segundo Smole (1999), ao decidir trabalhar com histórias infantis nas aulas de matemática, é preciso atentar para alguns aspectos:

 

 

Ao escolher um livro infantil para ser explorado, o professor poderá analisar a capa, propor aos seus alunos que façam a leitura intuitiva, levando-os a colocar suas expectativas em relação ao texto a ser lido, procurar discutir as palavras novas presentes na história e escutar e perceber as críticas e opiniões dos alunos sobre a história.

A leitura poderá ser feita em vários dias, possibilitando a conversa com a classe sobre as possibilidades dos próximos acontecimentos, podendo até mesmo registrar em forma de texto coletivo a continuação sugerida pelas crianças. Depois, pode ser realizada a comparação da versão dada pela classe com a originalmente proposta no livro. Alguns livros não apresentam um final definido e, nesses casos, os alunos podem elaborar o final da história.

Além dos livros infantis, os jornais e revistas também são fontes de materiais interessantes para as aulas de matemática, pois trazem assuntos que podem ser explorados em sala, aproveitando os fatos e acontecimentos que fazem parte do dia-a-dia.

Os textos de jornais e revistas oferecem uma oportunidade para trabalharmos com os alunos conceitos de matemática, ao mesmo tempo em que podemos desenvolver habilidades de leitura, escrita, seleção de informações e resolução de problemas. Jornais e revistas possibilitam explorações numéricas, apresentam gráficos e tabelas de diferentes tipos, enigmas, charadas e quebra-cabeças enriquecendo a proposta de resolução de problemas.

Para a realização desse trabalho, também é preciso observar cuidados necessários: ao selecionar um artigo, um gráfico, uma tabela, uma propaganda, um passatempo ou outro texto qualquer de jornal e revista, é importante que o professor tenha traçado quais são seus objetivos, verificar se o texto escolhido tem uma linguagem acessível aos seus alunos, adequar o tempo à sua proposta, pensar na organização da classe, em quais são os recursos necessários, prever problematizações e registros que os alunos produzirão.

A escrita em matemática é marcada por um processo de idas e vindas, no qual a intervenção do professor fará com que os alunos progridam e escrevam textos cada vez mais complexos. O professor precisa valorizar o hábito da leitura e escrita e os alunos precisam adquirir o hábito de revisar a sua escrita antes de a considerarem concluída. Assim, os textos, o original e a sua reescrita, possibilitam a observação das semelhanças e diferenças entre eles e a problematização com o objetivo de alcançar a clareza e o aperfeiçoamento do texto. Para reformular um texto, é necessário ter clareza do que se pretende alterar, assegurando a fidelidade tanto aos conceitos matemáticos quanto aos aspectos lingüísticos. Nesse contexto, produzir textos em matemática auxilia na apropriação do vocabulário específico e na compreensão de noções matemáticas.

 

Realização de projetos

 

Os projetos didáticos são situações que partem de um desafio, de uma situação-problema e que sempre têm como um de seus objetivos um produto final. Na maioria dos casos, os projetos envolvem mais de uma área de conhecimento sendo, portanto, interdisciplinares. Por meio dos projetos, os professores podem introduzir o estudo de temas que não pertencem a uma disciplina específica, mas que envolvem duas ou mais delas. Os projetos didáticos são feitos com o propósito de construir boas situações de aprendizagem, nas quais se evite compartimentalizar o conhecimento.

Os temas dos projetos podem surgir da curiosidade dos alunos em aprender algo, de uma situação-problema que esteja ocorrendo na escola ou na comunidade, de uma experiência vivenciada pelo grupo de alunos, por um fato da atualidade ou de uma questão suscitada a partir do projeto anterior. O conhecimento inicial da meta que dá origem ao projeto é fundamental para que os alunos possam compreender as decisões que vão sendo tomadas durante a realização do mesmo. Ao delimitar o tema, o professor precisa conhecer o que os alunos já sabem a respeito, que opiniões têm, que hipóteses levantam, que são habilidades tão necessárias no aprendizado da Matemática.       

Durante o desenrolar do projeto, deve-se estabelecer uma cumplicidade de propósitos entre os alunos, e destes com o professor, provocando o surgimento de um ambiente de trabalho criativo, no qual cada indivíduo pode contribuir com suas aptidões, ou estar disposto a enfrentar o esforço de aprender algo novo e que se mostrou necessário em função do próprio projeto. Assim, os projetos didáticos propiciam o estudo de problemas reais, o que implica a necessidade de uma abordagem interdisciplinar.

Além de vivenciar ricas experiências de aprendizagem, os alunos devem ter a oportunidade de utilizar recursos de natureza diversa. Materiais manipuláveis são um recurso privilegiado para introdução e suporte de conteúdos escolares, promovendo, mais uma vez, momentos de investigação e comunicação entre os alunos. Ressaltamos a importância da exploração do Material Dourado para a assimilação do conceito da dezena por meio da manipulação, visualização e trocas. Outros recursos que podem enriquecer as aulas de Matemática são a calculadora e o computador. São instrumentos alternativos que promovem um aprendizado dinâmico, contextualizado e que envolve a resolução de problemas.

Por meio das atividades propostas, procuramos:  

 

           

Nosso desejo é que os alunos não percam a curiosidade pelo saber matemático e que, pelas experiências vividas na escola, sejam capazes de tomar decisões, construir, modificar e integrar idéias, tendo a oportunidade de interagir com outras pessoas, com objetos e situações que exijam envolvimento, dispondo de tempo para pensar e refletir acerca de seus procedimentos, de suas aprendizagens e dos problemas que têm que superar na vida real.

Organização do Plano de Curso de Matemática

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, decidimos organizar nosso Plano de Curso em blocos de conteúdo, contemplando o estudo dos números e das operações, o estudo do espaço e das formas, o estudo das grandezas e das medidas e o tratamento das informações cotidianas ( dados estatísticos, tabelas e gráficos ).

Nosso desafio foi selecionar, dentro de cada um desses blocos de conteúdos, quais conhecimentos e competências contribuiriam para o desenvolvimento intelectual do aluno, aprimorando seu raciocínio lógico-matemático, sua criatividade e sua capacidade de analisar e de criticar.

Atualmente, os alunos precisam de muito mais do que uma coleção de informações memorizadas; precisam de procedimentos de busca e de interpretação de informações, precisam saber pesquisar e comunicar suas idéias, conhecer técnicas e dominar estratégias para resolução de problemas, entre outras coisas. Assim, no processo de seleção de conteúdos, preocupamo-nos em identificar não só os conceitos, mas também os procedimentos e as atitudes a serem trabalhados em classe, o que trará certamente um enriquecimento ao processo de ensino e aprendizagem.

Os conteúdos foram organizados de forma espiralada, ou seja, um mesmo tema é trabalhado várias vezes. Contudo, sempre que é retomado, surge sob um novo enfoque, de modo a permitir ao aluno muitas oportunidades de aprendizagem. O conteúdo matemático deve ser contextualizado em situações típicas da infância, tornando-se mais significativo para os alunos. Assim, nenhum bloco de conteúdo será esgotado num único momento. A retomada de temas em diferentes momentos do processo possibilitará a integração de diversos conteúdos.

Para enriquecer e facilitar o trabalho que será realizado em sala de aula, apresentamos um conjunto de sugestões didáticas que deverão ser adaptadas a cada realidade. Lembramos que todo trabalho realizado em Matemática deve partir de uma situação concreta. Para esse fim, recomendamos a organização de materiais diversos, que serão manipulados pelos alunos no decorrer do ano. O professor poderá propor que os alunos tragam botões, contas, pedrinhas, palitos de picolé, bolinhas de gude, figurinhas, caixas de fósforos vazias, embalagens, rótulos, jornais, folhetos de supermercado etc. Esse material deverá ser devidamente selecionado e organizado.

A seguir, você encontrará a descrição de cada bloco de conteúdo, juntamente com orientações e sugestões para a concretização dos conteúdos propostos no Plano de Curso.

 

1. Números e operações

     

Os conteúdos deste bloco deverão ser trabalhados de forma contextualizada, em que o número e as operações apareçam nas mais diversas situações: quantificar, medir, ordenar, codificar, ou seja, trabalhar com o sistema de numeração decimal possibilitando situações reais de contagens, cálculos, comparações e ordenações, oferecendo oportunidades aos alunos para refletirem a respeito do valor posicional dos algarismos nos numerais.

Trabalhar a história do número propiciará o reconhecimento de problemas vividos pela humanidade, resgatando a histórias de lugares, tempos e povos antigos e ajudando ao aluno a entender melhor a Matemática.

As operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) deverão ser trabalhadas a partir de situações-problema, nas quais, aos poucos, o aluno irá ampliando seu conceito de número. Para que a criança construa o significado de uma operação, é preciso que ela se depare com diferentes situações em que essa operação se aplica ou não, conhecendo as idéias e propriedades de cada uma delas.

Ainda em relação às operações, desejamos que o trabalho que será desenvolvido possibilite a busca de estratégias próprias para resolução de problemas, em que o aluno perceba que um mesmo problema pode ser resolvido por diferentes operações e que diferentes problemas podem ser solucionados utilizando-se uma única operação.

Outro aspecto que merece destaque são as atividades que envolvam estimativas, arredondamentos e cálculo mental. É importante que o professor encontre situações que privilegiem a construção dessas competências, tão necessárias no dia-a-dia.

Ressaltamos que, para o trabalho com esse bloco de conteúdo, é importantíssima a exploração de jogos, material dourado e ábaco, que auxiliam na compreensão do sistema de numeração decimal e das quatro operações e até mesmo da calculadora tão utilizada no cotidiano dos alunos.

 

 

Sugerimos também:

 1-Verificação, por meio de sondagem com jogos e brincadeiras ao ar livre, se há a necessidade inicial de trabalhar o vocabulário adequado aos conceitos matemáticos, que se referem à grandeza (maior, menor, curto, comprido etc), à posição (em cima, embaixo, na frente de, atrás de, etc ), à direção e sentido (para frente, para trás, para o lado etc.). Também explorar as noções de muito, pouco, nenhum por meio de objetos ou, até mesmo, com as próprias crianças.

                   2-Rodas de contagem que estimulem os alunos a buscarem estratégias que facilitem a identificação de quantidades. Formar coleções com diferentes objetos, como adesivos, lacres de alumínio, miniaturas, bolinha de gude, figurinhas, contribuem de forma significativa para que os alunos contem todos os elementos, mantendo a ordem ao enunciar os nomes dos números e observando que o último número corresponde ao total de objetos da coleção.

                   3-Exploração da história do sistema de numeração, observação de fotos dos desenhos nas cavernas, nos ossos, dos diferentes registros dos povos da antiguidade. Propor contagem em nós de corda, com os dedos das mãos, com pedrinhas etc.

                     4-Construção de fichas de identificação de cada aluno contendo números que indicam diferentes aspectos, por exemplo: idade, peso, altura, número de pessoas que moram na mesma casa, datas de nascimentos, número de animais que possui, entre outros. Proporcionar um espaço onde as crianças possam trocar as fichas e ler e interpretar as informações numéricas.

                    5-Exploração dos números em contextos significativos: resultados de partidas de futebol, canais de TV, quantidade de objetos da sala de aula, de seu material escolar etc.

                   6-Atividades de comparação de quantidades entre duas coleções, verificando se possuem o mesmo número de elementos, ou se possuem mais ou menos, utilizando para isso diferentes estratégias: correspondência um a um e estimativas.

                  7-Construção de seqüências com materiais, sons, gestos ou movimentos do corpo, proporcionando a descoberta da regra da seqüência feita.

               8-Localização de números numa seqüência, identificando o antecessor e o sucessor. Para tanto, atividade como ligue-pontos com números, em ordem crescente e decrescente, para formar desenhos, são recomendadas. Outra sugestão é explorar músicas e parlendas que trabalhem a contagem. Por exemplo: “A galinha do vizinho”, “Um, dois, feijão com a arroz” etc.

                 9-Elaboração de cartazes com números recortados de jornais e revistas para que os alunos possam comparar e ordenar números.

                  10-Construção e exploração de jogos e desafios matemáticos.

            11-Criação e resolução de problemas por meio de registros pictóricos, escritos ou numéricos.

 

2. Espaço e forma

 

Para compreender, representar e descrever o mundo em que vive, é necessário que o aluno saiba localizar-se e movimentar-se no espaço e perceba o tamanho e forma dos objetos que o rodeiam. Os conceitos geométricos trabalhados nesse bloco de conteúdo visam ao reconhecimento do espaço onde o aluno vive, por meio de atividades que trabalhem lateralidade, deslocamentos no espaço, pontos de referência e também observação, construção e comunicação de figuras geométricas planas e espaciais.

Sugerimos que o trabalho seja realizado a partir da exploração de objetos do mundo físico, de obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, o que permitirá conexões entre a Matemática e outras áreas do conhecimento. O uso de embalagens, sucata, tangram e dobraduras é um importante recurso para o trabalho com os conteúdos deste bloco.

Apontamos outras idéias, como seguem:

1-Situar pessoas ou objetos numa lista ordenada, por exemplo: ordenar uma seqüência de fatos, identificar a posição de um jogador numa situação de jogo. Jogos de trilha para indicar avanços e recuos numa pista numerada.

2-Registro e observação dos números das ruas: Onde começa ? Onde termina ? A numeração de um lado é igual à do outro ? Como se dá a numeração entre uma casa e outra: é ou não seqüencial ? Levantamento do número da casa dos alunos.

3-Jogos e brincadeiras em que seja necessário situar-se ou se deslocar no espaço, recebendo e dando instruções, usando vocabulário de

4-posição. Exemplos: jogos de circuito, caça ao tesouro, brinquedos cantados.

5-Manipulação, observação, percepção e descrição das peças dos Blocos Lógicos. Classificação das peças em grupos conforme solicitação do professor.

6-Organização de exposições com desenhos e fotos de formas encontradas na natureza ou produzidas pelo homem, para que os alunos possam perceber suas formas.