A profundidade das camadas e horizontes do solo é tratada no FEBR como uma coordenada vertical. Essa coordenada, designada d, é registrada na tabela camada. Esse registro é feito usando dois campos: profund_sup e profund_inf. A unidade de medida utilizada é o centimetro (cm).

Tabela 1. Campos identificadores das coordenadas verticais (profundidade) na tabela camada.

inserir tabela com definições

O campo profund_sup é usado para registrar o limite superior de uma camada do solo. Já o limite inferior de uma camada do solo é registrado no campo profund_inf. Ambos os limites são definidos a partir da superfície do solo.

A tabela 2 traz como exemplo os limites superior e inferior de um perfil de solo com quatro camadas amostradas.

Tabela 2. Registro das coordenadas verticais (profundidade) de camadas do solo.

camada_id

profund_sup

profund_inf

A

0

20

BA

20

38

Bt

38

65

BC

65

120

Um detalhe do registro de coordenadas verticais é que a profund_inf de uma camada sempre coincide com a profund_sup da camada imediatamente inferior. Por exemplo, na tabela 2, a profundidade inferior da camada A, profund_inf = 20, é igual à profundidade superior da camada subjacente BA, profund_sup = 20. As exceções a essa regra são a profund_sup da primeira camada amostrada e a profund_inf da última camada amostrada.

Camadas com limites irregulares

As camadas de um perfil de solo podem estar dispostas de maneira inclinada ou irregular em relação à superfície do solo (Figura 1). Na descrição morfológica de um perfil de solo, essa disposição irregular é registrada como a topografia da transição entre as camadas [1], [2]. Por exemplo, a topografia da transição da camada E para a camada EB do perfil de solo da figura 1 é ondulada. Essa transição inicia em 50 cm (lado esquerdo) e vai até 62 cm (centro).

Figura 1. Perfil de solo com camadas E e EB apresentando limites irregulares. Na descrição morfológica deste perfil, se diz que a topografia da transição entre as camadas E e EB é ondulada.

Fonte: Virlei Álvaro de Oliveira.

Existem diferentes maneiras de registrar as coordenadas verticais de camadas com limites irregulares. A mais comum delas consiste em anotar, lado a lado, os valores mínimo e máximo de cada limite. A distinção entre os limites costuma ser feita de duas maneiras. Primeiro, usando um traço, como em 50-62 cm ou 25-45 cm. Alternativamente, pode ser usada uma barra inclinada para frente, como em 50/62 cm e 25/45 cm (Figura 2) [3]. Alguns trabalhos também registram a média ou mediana dos dois valores, por exemplo, 56 cm. Nesses casos, os valores mínimo e máximo costumam ser colocados entre parênteses, como em 56 cm (50-62 cm) e 35 cm (25-45 cm).

Figura 2. Descrição morfológica de perfil de solo com camadas Ap e CR apresentando transição de topografia irregular.

Fonte: Gustavo Souza Valladares

A tabela 3 apresenta o padrão usado no FEBR para registrar os limites de camadas cuja topografia da transição é irregular. Para a camada E da figura 1, registramos o limite inferior como profund_inf = 50/62. Como o limite superior da camada seguinte EB coincide com o limite inferior da camada E, registramos profund_sup = 50/62. Do mesmo modo, no exemplo da figura 2, os limites inferior da camada Ap e superior da camada CR são registrados como 25/45.

Tabela 3. Registro das coordenadas verticais (profundidade) de camadas do solo cujos limites são irregulares.

camada_id

profund_sup

profund_inf

A

0

28

E

28

50/62

EB

50/66

78

B

78

110

Note que a barra inclinada para frente (/) é usada no FEBR como separador dos valores mínimo e máximo de um limite irregular. Em muitas aplicações, o traço costuma ser o símbolo mais utilizado para separar os valores extremos de um intervalo. Contudo, o traço já é usado nas descrições morfológicas para separar profund_sup e profund_inf (Figura 2). Assim, o uso da barra inclinada para frente ajuda a evitar a indução de erros durante a entrada e leitura de dados em planilhas eletrônicas.

Camadas com limite inferior desconhecido

Ainda quando da descrição e amostragem de perfis do solo, é comum encontrar casos em que a profundidade máxima do solo é desconhecida, mas em que se sabe que é maior do que, por exemplo, 40 cm. Nesse caso, para a mais inferior camada amostrada, profund_sup = 40 e profund_inf = 40+ (Figura 3).

Figura 3. Descrição morfológica de perfil de solo apresentando camada CR com limite inferior desconhecido.

Fonte: Gustavo Souza Valladares

Tabela 4. Registro das coordenadas verticais (profundidade) de camada do solo cujo limite inferior é desconhecido.

camada_id

profund_sup

profund_inf

Ap1

0

12

Ap2

12

40

CR

40

40+

Referências

[1]        IBGE, Manual Técnico de Pedologia: guia prático de campo. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2015, p. 134 [Online]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95015.pdf

[2]        R. D. dos Santos, H. G. dos Santos, J. C. Ker, L. H. C. dos Anjos, e S. H. Shimizu, Manual de Descrição e Coleta de Solo no Campo, 7o ed. Viçosa, Minas Gerais, Brasil: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2015, p. 102 [Online]. Disponível em: https://www.sbcs.org.br/

[3]        G. S. Valladares e N. B. Luz, Levantamento pedológico do campo experimental da EMBRAPA Uva e Vinho em Bento Gonçalves, RS. Campinas, São Paulo, Brasil: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2005 [Online]. Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/17514