Projeto Dioneia
Membros: Anna Julia Antunes, Claudio Botelho, David Mendes, Lizandra Machado e Nicole Bastazini
Coordenadora: Natália Viuge
Rio de Janeiro
Abril de 2019
Sumário
1. Projeto Dioneia
1.1 Justificativa
1.2 Objetivos
2. Pesquisa e execução
2.1 Definição do público-alvo
2.2 Contato com o público
2.3 Análise das respostas
3. Plataforma
3.1 Análise da viabilidade
3.2 Estruturação
4. Conclusão
4.1 Resultados
4.2 Lições aprendidas
4.3 Perspectivas futuras
1. Projeto Dioneia
O projeto trainee Dioneia surgiu a partir do antigo projeto Ébano, que tinha como intuito o fortalecimento da rede de afroempreendedorismo voltado para mulheres negras no Estado do Rio de Janeiro, a partir do uso de uma plataforma que ofereceria controle financeiro, controle da produção, uma rede na qual as mulheres poderiam encontrar parceiros e fornecedores e ter acesso a um fórum e uma parte de eventos, que ofereceria
reuniões, capacitações e feiras.
O Dioneia tem como principal objetivo viabilizar uma plataforma focada em resolver dificuldades enfrentadas por mulheres periféricas empreendedoras brasileiras de modo que seus negócios sejam alavancados. Para que isso seja feito, a equipe do projeto entrou em contato com o público-alvo para mapear suas maiores dores e necessidades. Assim, a formulação e o conteúdo da plataforma oferecida estariam personalizados e, consequentemente, alinhados, atendendo diretamente aos interesses das empreendedoras em questão.
1.1 Justificativa
Entre os mais de 12 milhões de moradores das favelas brasileiras, as mulheres são as que mais têm inovado em suas iniciativas empreendedoras, expandindo oportunidades de negócios e de crescimento pessoal, além de fortalecer a economia local . Entretanto, o cenário não é muito favorável a elas: empreendedoras ainda têm dificuldades, tais como o controle financeiro do seu negócio e o controle de sua produção, devido à sua condição na sociedade.
Segundo dados do SEBRAE, a taxa de empreendedorismo inicial da população feminina brasileira é 19,9%, contra 19,2% da população masculina. Contudo, as posições se invertem quando se trata da taxa de empreendedorismo estabelecido no Brasil, que é de 14,3% para as mulheres brasileiras e 19,6% para os homens.
O intuito do nosso projeto é alavancar os negócios das mulheres periféricas empreendedoras brasileiras. Por meio de uma plataforma digital na qual o público-alvo conta com ferramentas de controle financeiro e de produção, além da logística de entrega e precificação de seus produtos, será possível aumentar a taxa de empreendimentos estabelecidos das mulheres na sociedade brasileira.
1.2 Objetivos
Os objetivos do projeto trainee Dioneia vão além da criação de uma plataforma digital que visa o controle do negócio. O projeto tem como intuito a solução, diretamente na raiz, dos problemas que geram essa necessidade.
Nossos propósitos são:
➢ proporcionar a independência financeira feminina;
➢ fomentar a visibilidade dessas mulheres na sociedade;
➢ alavancar a ocupação dessas mulheres num maior espaço no mercado de trabalho;
➢ estimular a confiança das mulheres em si mesmas;
➢ promover o apoio mútuo entre essas mulheres;
2. Pesquisa e execução
2.1 Definição do público alvo
A definição do público-alvo (mulheres periféricas empreendedoras) foi determinada a partir da descrição separada dos termos. Dessa maneira, definimos:
● Periféricas:
As mulheres periféricas são aquelas que pertencem à periferia, assim, definimos primeiramente o que essa é considerada atualmente.
Hoje em dia, periferia não é mais conceituada unicamente como uma área delimitada geograficamente, mas uma característica destinada a pessoas que vivem em determinadas condições, sendo elas emocionais, socioeconômicas e, consequentemente, educacionais.
● Empreendedoras:
Para ser um empreendedor não é necessário possuir um empreendimento, mas ter a iniciativa de investir em uma ideia. As mulheres em questão apesar de possuírem, em sua maioria, negócios próprios, podem trabalhar também com serviços ao invés de produtos, como por exemplo: serviços domésticos, aulas particulares e capacitações.
2.2 Contato com o público
Partindo do princípio de que nosso público-alvo não está localizado em uma região ou local específico, foi determinado que o contato com o mesmo seria, majoritariamente, realizado por meio da circulação de um formulário. Neste, foram formuladas perguntas referentes ao entendimento de como as mulheres em questão se identificam e quais problemas enfrentam, aproveitando o espaço para mapear quais os tipos de ajuda que precisam e desejam receber. Dessa forma, dentro desse mesmo questionário, foi deixado um espaço para que aquelas interessadas no auxílio personalizado de uma plataforma digital deixassem algum meio de comunicação, de onde coletamos os contatos em que nos baseamos.
Além do questionário, conversamos também com algumas conhecidas de membros do grupo, recolhendo diretamente delas as informações necessárias para um futuro contato.
2.3 Análise das respostas
Após a finalização do processo de pesquisa do formulário e realizadas todas as entrevistas, identificamos as principais dores das mulheres periféricas empreendedoras a fim de montar o mapa de empatia de nosso público alvo e saber exatamente como auxiliá-las da melhor maneira possível por meio da plataforma.
O primeiro dado relevante que pudemos constatar foi que, ao serem questionadas, 71,4% afirmaram que não se consideravam periféricas, mostrando, assim, que o formulário não foi tão efetivo quanto as entrevistas pessoais para ter contato com quem seria de fato nosso público alvo, ou que há dificuldades para que elas identifiquem-se como pertencentes a tal classificação.
Logo após o contato com nosso público alvo, precisávamos saber quais as principais dificuldades das mulheres em seus negócios. Obtivemos as respostas pelo seguinte gráfico:
Pode-se observar que as maiores dificuldades enfrentadas por essas mulheres estão no controle financeiro e divulgação do seu empreendimento. Logo em seguida, está o acesso aos clientes e, entre os menos citados, estão o controle da produção e o preconceito.
Uma preocupação não observada no questionário mas bastante frequente nas respostas das entrevistadas foi a dificuldade de se determinar o preço final do produto, assim como soluções logísticas para a entrega da mercadoria. Com isso, foi necessário pensar em um alternativa para tentar sanar o máximo de contratempos passados por essas pessoas.
O antigo projeto Ébano havia trabalhado com uma plataforma online que funcionava como uma ferramenta para auxiliar um determinado grupo de mulheres em diversas funções de seus negócios. A partir desse ponto, decidimos investir nessa mesma ideia, porém, adaptando a estrutura da plataforma, que, dessa vez, seria focada em mulheres periféricas que já empreendem.
Após a verificação da viabilidade dos custos iniciais e da manutenção dessa plataforma, foi preciso pensar quais seriam os principais campos de atuação dela e das ferramentas nela disponibilizadas.
Por isso, seria de fato importante questioná-las por quais tipos de auxílio mais procuram e necessitam para o desenvolvimento de seus negócios.
Os resultados seguem abaixo:
A partir dessas respostas, foi possível observar que o principal interesse do nosso público-alvo diz respeito a uma ferramenta que auxilie na administração financeira de seus negócios. Além disso, a demonstração de interesse em participar ou criar e eventos e de se conectar com outras mulheres foi bastante expressiva, validando a necessidade de a plataforma seguir também nesses viés.
O resultado de ambos os questionários foram convergidos a fim de definir quais seriam as principais atuações da plataforma para a melhor assistência possível às mulheres periféricas empreendedoras, levando em consideração tanto suas dores, quanto seus desejos.
Assim, foi definido que a plataforma seria um dispositivo ferramental para ajudar as mulheres em questão em seus empreendimentos com foco voltado para os seguintes tópicos: controle de estoque, controle financeiro, precificação do produto e/ou serviço e logística.
3. Plataforma
3.1 Análise da viabilidade
Para determinar se a plataforma seria realmente viável, foram realizadas análises com ferramentas do tipo Canvas e PEST, além de uma comparação entre os pontos positivos e negativos oferecidos pela mesma.
● Parcerias: Define os diferentes grupos de pessoas ou organizações que uma empresa busca alcançar e servir, isto é, para quem estamos criando valor?
Para o Dioneia, foram encontrados dois possíveis parceiros: o departamento de computação do CEFET-RJ e a própria instituição, além da Toti, agora start-up da própria Enactus CEFET-RJ.
O CEFET-RJ e seu departamento de computação ofereceriam mão de obra e um melhor entendimento técnico da plataforma.
Já a partir da Toti, seriam utilizados os conhecimentos de formulação de uma plataforma digital oferecidos pelos refugiados capacitados.
● Atividades-chave: descreve as ações mais importantes que uma empresa deve realizar para fazer seu modelo de negócios funcionando.
A partir da análise e da atualização constante da plataforma é possível corrigir possíveis erros, adicionar novas informações ou retirar antigas que não mais se fazem úteis, além de manter um controle a respeito da funcionalidade das ferramentas oferecidas por ela.
A promoção de eventos permite um momento de maior divulgação, visando atingir um maior número de usuárias.
A disponibilização de um espaço para um contato direto e, com isso, mais rápido com os administradores da plataforma aumenta as possibilidades de manutenção e permanência daquelas que já são usuárias, além de ser um ponto positivo para a atração de novas usufruidoras.
● Oferta de valor: descreve o pacote de produtos e serviços que criam valor para um segmento de clientes específico.
Baseando-se nas necessidades e interesses das clientes a proposta de valor seria dada pelo oferecimento de auxílio em:
- Controle financeiro (como com uma melhor gestão a respeito de gastos para investimento inicial; ganhos, visando o alcance do maior lucro possível, entre outros);
- Organização da produção (como com o estoque, quantidade produzida, entre outros);
- Possibilidade de aprender com outras mulheres na mesma situação, por meio da rede criada dentro da plataforma para contato direto entre elas;
- Possibilidade de marketing dos serviços e produtos oferecidos (como com anúncios presentes na plataforma);
- Melhora no relacionamento entre as empreendedoras e seus clientes;
● Relacionamento: descreve os tipos de relação, pessoais ou automatizadas, uma empresa estabelece com segmentos de clientes específicos.
O relacionamento com as usuárias da plataforma se dará por meio da disponibilização, dentro dessa, de um espaço para contato direto com os administradores da mesma, além de ser criado um local dentro do site para o contato direto entre as mulheres empreendedoras, objetivando a formação de uma rede de contatos voltada para o uso delas mesmas.
● Segmento de clientes: entendendimento de onde está o cliente é essencial para fazer uma proposta mais segmentada e eficaz em suas ações de vendas e marketing
As clientes para as quais a plataforma estaria voltada são as mulheres periféricas e empreendedoras definidas no início deste documento.
● Estrutura de custos: descreve todos os custos envolvidos na operação de um modelo de negócios.
A estruturação dos custos envolve: o marketing para a divulgação da plataforma; a manutenção do funcionamento de um computador durante as vinte e quatro horas do dia e do próprio site; contas de luz e de acesso à internet.
● Recursos: descreve os recursos mais importantes exigidos para fazer um modelo de negócios funcionar. Podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos, além de alugados, possuídos ou adquiridos de parceiros.
Para a disponibilização da plataforma digital, seriam necessários um computador, acesso à internet, eletricidade e um operador, tanto para a plataforma, quanto para o site.
● Canais: Podem ser diretos (Ex: equipes de vendas) ou indiretos (Ex: lojas próprias, lojas parceiras e atacados). O canal descreve como uma empresa se comunica e alcança seus segmentos de clientes para entregar uma proposta de valor, ampliam o conhecimento dos clientes sobre os produtos e serviços da empresa, ajudam os clientes a avaliarem a proposta de valor, fornece suporte ao cliente após a venda, entre outros.
O inicialmente, o principal canal utilizado seria o site com compatibilidade para celulares, contudo, foi avaliado que a posterior disponibilização de um app resultaria em um uso mais prático e acessível às usuárias.
(Canvas direcionado à plataforma do projeto trainee Dioneia)
Dentro da análise PEST, foram estudados os fatores políticos, econômicos, sociais e tecnológicos que afetam a plataforma.
(análise PEST direcionada à plataforma do projeto trainee Dioneia)
⟱
SINGULARIDADE + MULTIPLICIDADE + PRATICIDADE
⟱
Fóruns na plataforma ---> fomento ao auxílio conjunto/comunitário
3.2. Estruturação
A plataforma é o meio pelo qual vamos atingir e impactar nosso público-alvo, então é de extrema importância realizar um trabalho de planejamento e desenvolvimento minucioso, e, como consequência, atingir sua excelência.
O servidor é essencial para colocar a ferramenta em prática de modo que os usuários possam acessá-las por meio da internet.
Os dois processos, o de instalação e o de manutenção, pode ser realizado tanto por terceiros quanto pelos próprios membros da Enactus CEFET/RJ após algumas capacitações.
Existem 4 ciclos de tarefas para realizar a manutenção: diário, semanal, mensal e anual. O primeiro consiste em verificar a temperatura e a conexão com a rede, atualizar o antivírus, realizar backups e atualizações, garantir a conexão com a rede e analisar o espaço de disco. As atividades semanais incluem o mantenimento da refrigeração e análise de dados da utilização de servidores e dos logs de erro. A cada fim de mês é necessário a verificação do estado dos equipamentos e a limpeza do mesmo, além da verificação da rede elétrica e da troca de senhas. Por último, as tarefas anuais, que visam regular e renovar as licenças do software.
A manutenção garante a prevenção e correção de erros no sistema, garantindo o seu funcionamento ininterrupto e eficiente.
Para garantir que a usabilidade da plataforma seja fácil e o mais intuitiva possível, é necessário realizar uma elicitação de requisitos, que é uma fase do projeto em que são extraídas informações do cliente, sobre o que ele deseja que seja construído. É a fase onde entendemos sua necessidade e compreendemos o sentimento sobre o que esse espera que seja entregue a ele. Vai além de apenas funcionalidades e ferramental, abrangendo como o usuário vai utilizar a plataforma, desde o design visual até a forma de escrita.
A plataforma deve ser testada pelo cliente após a sua construção baseada nos requisitos iniciais. O feedback do consumidor irá determinar se é necessária alguma mudança.
O desenvolvimento da plataforma precisa de um planejamento detalhado de stakeholders, custo, cronograma, qualidade, recursos e comunicação para que tudo ocorra da melhor forma possível.
Serve para validar e oficializar o início do desenvolvimento da plataforma, além disso, serve para apresentar o projeto idealizado para possíveis stakeholders.
É um documento que contém todo o planejamento do projeto TI, principalmente a especificação dos métodos que serão utilizados para cada fase do projeto.
Reportar a situação do projeto é essencial para verificação e correção de riscos, este documento deve ser enviado aos stakeholders dentro de um ciclo pré determinado.
O objetivo deste documento é validar os milestones e o sucesso do projeto, confirmar questões pendentes e riscos, e, por último, identificar os destaques e lições aprendidas do projeto.
O desenvolvimento da plataforma voltado para Web, ou seja, que possa ser acessado por um browser (navegador de internet) em qualquer computador e dispositivo móvel.
Todas os dados devem ser armazenados em um banco de dados modelado especificamente para a plataforma. Além disso, no início da implementação, é necessário administrá-lo com regularidade.
Para a construção das funcionalidades, é necessário um conhecimento mais específico, de administração, finanças e marketing, isso porque a programação em si é o ponto mais fácil, enquanto o modo como a plataforma será estruturada para realizar seus requisitos é o mais complicado.
Temos aqui, a oportunidade de aplicar o curso de cada membro da Enactus CEFET/RJ na construção da plataforma.
O software deve ser testado por uma equipe especializada, que irá verificar qualquer erro no sistema, o que garantirá a qualidade e estabilidade da mesma.
4. Conclusão
4.1 Resultados
● Foram conseguidos fortes contatos
Por meio da circulação do formulário e de contatos adquiridos por conhecimento pessoal de alguns dos membros do grupo, foi possível coletar informações de contato de mulheres periféricas empreendedoras realmente interessadas na utilização da plataforma.
● Fomos capazes de mapear possíveis parceiros
O contato com o CEFET-RJ e seu departamento de computação permitiu mapear as pessoas e as ferramentas que podem ser oferecidas por eles para a execução da plataforma.
● Alcançamos o interesse do público-alvo
A partir das respostas recebidas tanto no formulário, quanto nas entrevistas individuais realizadas, as mulheres periféricas empreendedoras com quem queremos trabalhar demonstram ter interesse em receber a ajuda oferecida pela plataforma.
Com isso, chegou-se à conclusão de que a plataforma, além de viável, possui espaço no mercado.
4.2 Lições aprendidas
Para que o formulário começasse a rodar, foi realizada uma entrevista base com um dos contatos coletados, via mensagem, para que as perguntas contidas no mesmo fossem validadas. Contudo, uma demora a mais inesperada para o retorno das respostas atrasou em cerca de 1 a 2 dias o início da circulação do formulário. Dessa forma, uma das lições aprendidas foi a de que se deve buscar por mais de 1 contato como base, além de procurar realizar a validação das perguntas com mais tempo de antecedência.
4.3 Perspectivas futuras
A SECT tem como objetivo capacitar os membros da Enactus CEFET/RJ para desenvolver e manutenir a plataforma sem a necessidade de terceiros. Com isso, garantimos que as parcerias sejam importantes, mas não essenciais.