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MINICURSO UM ESTUDO DISCURSIVO E SOCIOCOGNITIVO DE NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NEGRAS NO BRASIL .docx
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MINICURSO

UM ESTUDO DISCURSIVO E SOCIOCOGNITIVO DE NOTÍCIAS JORNALÍSTICAS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES NEGRAS NO BRASIL

Raquelli Natale (Ufes)

O constante aumento nos números de mortes de mulheres no Brasil divulgados pelos principais institutos de pesquisa do país nos deixam atônitos diante de um problema que parece não ter fim. Mesmo com todos os avanços na criação de legislações que prezam pela prevenção, pelo combate e pela punição dos crimes de violência contra mulheres, tivemos um aumento de 6,4% feminicídios no Brasil entre os anos de 2006 a 2016 (IPEA/FBSP, 2018). Nesse cenário, surgem os questionamentos: as legislações não trouxeram nenhuma melhoria? Por que tantas mulheres continuam morrendo? Bem, a resposta para a primeira pergunta é: Sim! As legislações têm ajudado a diminuir as mortes, mas não de todas as mulheres, especialmente em se tratando das mulheres negras. Se verificarmos os índices de mortes desmembrados em gênero e raça, chama a atenção o fato de que a taxa de homicídios de mulheres caiu 8% entre as não negras, porém, o percentual de morte de mulheres negras aumentou 15,4% (IPEA/FBSP, 2018, p.52). Daí, ressurge a segunda pergunta: Por que tantas mulheres continuam morrendo? Bem, há diversas tentativas de respostas para essa questão, que podem vir de diversas áreas de conhecimento, dada a complexidade da problemática. Na tentativa, então, de refletir sobre essa situação no campo linguístico é que propomos nesse minicurso pensar a representação da morte de mulheres negras, ao que estamos chamando de Femirracídio na imprensa brasileira a partir da abordagem Sociocognitiva do Discurso (VAN DIJK, 1991, 1999, 2012, 2014). Convidamos a pensar como essas mortes são representadas nas narrativas noticiosas por meio do estudo de categorias discursivas, cognitivas e sociais, que nos ajudam a compreender o impacto da (re)produção de ideologias sexistas, racistas e classistas na sociedade. Para isso, dialogaremos também com os estudos semióticos de van Leeuwen (2008) e os trabalhos feministas e interseccionais de Collins (2000), Crenshaw (2002) e Meyers (2004), autores que nos ajudarão a verificar como os marcadores gênero, raça, classe social são representados nas notícias. O minicurso será dividido em três momentos: primeiro, discutiremos as questões teóricas e a problemática da violência de gênero no Brasil; segundo, estudaremos em conjunto a representação midiática das mortes de mulheres negras em notícias jornalísticas; e, por fim, em grupos, refletiremos como a abordagem Sociocognitiva do Discurso, em diálogo com outras teorias, podem nos ajudar a compreender outros problemas sociais que surgirão a partir dos nossos debates.

Palavras-chave: Violência de gênero; mortes de mulheres negras; notícias jornalísticas; sociocognição discursiva; interseccionalidade.