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Pinguins de Madagascar V
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CAPITULO XIII- CONQUISTANDO CONFIANÇA

        Rico adentra o palácio fortificado agora usado como base pelos curdos, atravessa o saguão vazio repleto de pilares perfurados por balas, sobe a escada, olha para a direita e para a esquerda, esta sempre atento, (O autor remenda as ações de Rico como se estivesse o tempo todo procurando a aceitação dos [possíveis] leitores) por mais que tenha conquistado a confiança de Mathias, Mathias nunca terá a sua. (Como é que Rico vai confiar no cara que ele está enganando? O autor, o que tu andou fumando?)

Vai até a pequena cozinha improvisada anexada ao escritório, chega na porta, apóia-se com a mão no marco da porta, cara amarrada, sem paciência, tom de voz cansado, suspira e diz:

- o que te levou a enviar toda a sua guarnição para atacar uma base xiita? - fala rápido, ligando uma palavra a outra, já sabia a resposta, mas pretendia continuar a medir a confiança de mathias, ansiava pela resposta e isso estava em seu olhar, o homem a sua frente percebeu isso e por isso mesmo decidiu segurar a resposta, pelo menos enquanto tirava um par de ovos da frigideira, então vira-se e diz:

- Rotina.

- não, você não faria isso simplesmente por rotina, desfalcar uma base inteira, a sua base, por em risco a sua segurança em uma manobra de rotina, eu duvido.

- não coloquei em risco minha segurança.

- ah qual é? Eu teria te matado ontem se quisesse.

- se voce estivesse do lado dos xiitas sim, mas não é o caso, ou você não teria massacrado eles ontem ao meu lado.

- não tenho lado, estou aqui agora, você esta me pagando, amanhã se não me pagar estarei com eles ou seja lá com quem for que queira me pagar.

- e você acha que isso não me incomoda?

- o que? Usar um mercenário? Quem nunca fez isso?

- não é o fato de te usar. – Rico vê que todo esse dialogo foi inútil e só serviu para diminuir sua confiança, arrepende-se.

- é sério, me diga porque fez aquilo?

- porque esta tão interessado? O que você tem a ver com isso?

- se foi pelos agentes do SAS que estavam lá, eu sei onde pode encontra-los. – seu erro pode ser redimido.

er, não passou pela cabeça de Mathias, depois de todo esse apressado diálogo, que Rico pode ter algum interesse além de “lhe ajudar”?

Ou que o fato dele , como um réles mercenário pago, saber sobre o espião Canadense na sua base e dos agentes da SAS no Iraque (que são eles) não sugeriria que ele poderia ser um agente de terceiros?, como Israel e EUA?

Autor, segue a dica: da próxima vez invente cidades, países e mundos. Assim não passa vergonha.

- quero saber como eles podem me ameaçar.

- junto com os xiitas? Eu presumo que seriamente. – Rico confirma a historia que deve ter sido contada por James.

- o que eles fazem com aqueles cães? – pergunta Mathias exaltando-se.

- o único jeito de saber é perguntando a eles.

- você sabe como encontra-los? Só o que sei é o que aquele rapaz inglês me disse, trata-se de uma mulher e dois homens.

- sim, sei onde encontra-los, uma fonte confiável me informou que eles estarão encontrando-se com lideranças xiitas no palácio de um príncipe xiita. (ótimo, prendam-no e obtenham a posição da fonte confiável)

- quando? – ele o interrompe mostrando interesse.

- estarão jantando hoje... perai, você sabe, isso não será de graça.

- é claro que sei, agora me diga onde é.

- porque? O que pretende? Uma operação de rotina? – diz Rico sarcástico.

- tenho planos Rico. E não posso permitir que eles sejam arriscados por nada.

- bom, mas não quero participar disso. Não quero ser responsável pela morte de britânicos.

- você não era um homem sem pátria?

- nunca disse isso. Quero 1 milhão de dólares pela informação, o resto é com você.

- fechado.

(é pra rir...)

        Rico chega na casa de James, que agora esta sendo usada por ele e Marlene, estaciona na frente deixando o carro virado para a rua, desce, bate a porta, anda até o portão de ferro, empurra-o, caminha em movimentos lerdos, esta cansado, quando chega no escritório vê o corpo de James atirado no chão sobre uma grande poça de sangue e envolto por uma nuvem de moscas, asco, com cara de nojo (pra matar o Rico é ligeiro, mas pra dar cabo do corpo ele se enfrescalha?) ele anda sobre a poça de sangue a fim de chegar a uma tabua cheia de chaves pregada a parede, procura uma que diga “arsenal” em sua etiqueta, não acha. Então vai até o corpo, seu casaco aberto esta mergulhado no sangue, levanta-o com a ponta dos dedos (mas é uma biiiicha!) da mão esquerda e com a direita pega o molho de chaves que esta no bolso do casaco, antes azul claro, agora vermelho. Sai do quarto do pânico e vai até o quarto que fica no andar de cima, lá ele encontra Marlene dormindo de bruços, em um tom de voz alta ele diz:

- aquele cadáver não vai se enterrar sozinho. (então mãos-a-obra machão)

- eu sei, mas é que eu estava cansada. – diz ela após o susto com a voz cheia de sono.

- tudo bem, só que a cada minuto que passa ele vai ficar mais fedorento.

- deita aqui comigo um pouquinho. – ela diz amaciando o lençol branco. (tem um carnição lá embaixo; o casal dorme no andar de cima)

- não temos tempo.

- onde vamos agora?

- preciso plantar as Turrets (Turret é tua mão no cacete: torreão [no caso, automático], e plantar pode ser teu hobby de fim-de-semana, mas um torreão se arma) naquela base, mas antes vou dar um jeito naquele corpo, e preciso que você procure as câmeras de segurança daquela base, e as da rua também, o sistema de James te mostra isso não é? Ai você imprime pra mim um mapa com a localização delas. (tem cameras até na base do Mathias?, o que mais falta inventar?, um botão de “final feliz”?)

- Ok, o que você vai fazer?

- Mathias irá atacar o palácio de um príncipe xiita, preciso avisar shi’a para que ele não esteja por perto, e preciso estar com Mathias quando Verônica chegar.

- certo, vou fazer o que você me pediu e nos encontramos depois. – ela diz sentando-se na cama, traz suas calças para perto, veste-as, Rico esta parado na porta do quarto ainda, olha para Marlene com não muito interesse, na verdade só esta concentrado, muitas coisas em sua cabeça, mas não é o que Marlene pensa. O que ela acha é que Rico esta mais interessado em seu antigo caso que voltara para perto dele, e que perdeu o interesse nela. O sorriso costumeiro em seu rosto brocha quando ela pensa nisso, ele entra no quarto, caminha até a cama, ao ver que Marlene ficou entusiasmada achando que sua intenção era de ficar com ela por alguns minutos, ele apenas se abaixa um pouco e beija sua testa, pega-a pela cintura, levanta-a, abraça-a e ficam ali abraçados por uns instantes, depois ele a beija na boca, olhos fechados, seus braços fortes a apertam firmemente, isso a tranquiliza, tira os pensamentos ruins de sua cabeça. Ele a solta e abaixa-se para pegar o lençol da cama, o que era sua intenção quando se aproximou, faz isso e da as costas.

        No quarto do pânico ele usa o lençol para enrolar o cadáver, amarra bem, coloca-o nas costas, leva-o até o pátio, onde há duas covas prontas, ele se pergunta pra que elas estavam ali. Há uma pá cravada em um monte de terra por ali, joga o corpo dentro do buraco com violência (malvado) e usa a pá para jogar …  detalhes inúteis, o leitor já imagina como seja o processo

após terminar de tapar a cova, ele olha no relógio, são 19:00, pega o celular do bolso e liga pra Shi’a esperando que a agencia não tenha ligado primeiro.

Eu fico imaginando o que o “tal” pai de James iria fazer depois de descobrir o que a dupla fez.

        Shi’a está saindo do banho, é um grande banheiro de uma bela casa, o celular começa a tocar, ele não se apressa por causa disso, sua barba de longos pelos negros está pingando água, ele a seca esfregando com a toalha rapidamente, depois enrola essa toalha na cintura e sai do banheiro, vai na direção do celular sobre a mesa, atende-o:

- Farii!

- Shi’a, ouvi Mathias falando que vai atacar o palácio de um príncipe xiita hoje a noite.

- Espera, quem está falando?

- Rico.

- Ah, do que você está falando Donnie? Por que ele faria isso assim, tão de repente? Sem motivo nenhum.

- Eu não sei, ouvi vagamente.

- Há uma dezena de príncipes, qual deles é?

- Eu não sei, já te disse que ouvi vagamente, só estou te avisando para que não esteja por perto.

- Está bem, obrigado por avisar, Mathias Hassan deve estar louco.

- Eu não sei o que ele pretende, eu não sei mesmo.

- Preciso desligar, até a vista Donnie.

- Até logo. – Rico coloca o celular no bolso, crava a pá no chão, e vai até Marlene, ela está no quarto do pânico, em pé na frente de uma impressora, ele diz caminhando na direção dela:

- Conseguiu?

- Sim, eu fiz uma marca mostrando cada uma das câmeras e o movimento que elas fazem.

- Ok, obrigado Marlene. – ele diz olhando para o mapa em sua mão. – eu vou indo... volto perto das 9. – ele vai até a sala de armas, nela há racks com dezenas de fuzis, espingardas, metralhadoras e pistolas, ao lado há uma armário com portas de vidro cheio de acessórios devidamente organizados, ao lado deste há uma mesa com coletes e equipamentos empilhados, dali ele retira uma bolsa e dirige-se a uma geladeira estragada que agora serve de armário para estocar muitos tipos de explosivos, ele pega alguns e coloca-os na mochila, vai até uma prateleira com munições e pega para a pistola, para o M4a1 SopMod e para a metralhadora MG36 que ele pega no rack na saída, atira a bolsa para as costas e também a metralhadora presa a bandoleira, na saída da casa pega as metralhadoras automáticas, dobra as patas do tripé delas e leva uma com cada mão até o carro, abre a porta traseira e coloca ali as metralhadoras sobre o banco, a MG36 e a bolsa, ele coloca no banco do carona juntamente com seu colete e seu M4 Sopmod.

CAPITULO XIV- A ENTREVISTA

        Dirige de novo até a base de Mathias, chegando lá ele reconhece o Camaro amarelo que estava estacionado perto do portão, sim, ele se lembra de ter visto no estacionamento do hotel perto do aeroporto, era o carro de Verônica. Um curdo se aproxima do carro amarelo, o sangue de Rico congela, será que mataram Verônica, e estão dando um jeito no carro? Ou será que só estão espionando o carro dela como já fizeram com o seu? Ele segue seu caminho torcendo pela segunda opção, passa pelos guardas curdos, desta vez sem problemas, já o conhecem, passa pela mesa onde vários guardas conversam, vozes em um tom alto, quase gritando, parecem estar brigando mas o falatório cessa quando um dedo é apontado para Rico e algo é dito ao seu respeito. Rico olha para esse lado, uma cara tão atarracada quanto a deles, não esqueceu daquele dia, mas a hora deles vai chegar. Ele chega no escritório de Mathias e não encontra ninguém lá, não conhece outras áreas do lugar, muito menos a parte onde Mathias estaria torturando-a, segue pelo corredor, até que escuta a voz de Mathias ao longe, apressa seu ritmo, a voz fica mais evidente a cada passo, olha para cada sala até que em uma vê Mathias sentado em uma poltrona com seu costumeiro copo de whisky na mão, olha um pouco mais a direita e lá onde a porta não o permitia ver a não ser dando um passo a frente ele vê Verônica sentada de pernas cruzadas, taça de vinho na mão, sorriso no rosto, ela estava bem. Após terminar de contar qualquer coisa a Mathias olha para a porta, vê Rico ali em pé, usando a mesma roupa de meio dia, agora mais sujo, havia uma mancha de sangue na gola, um pouco no ombro, algo que ele não havia percebido, Mathias vê que eles trocam olhares e diz:

- Verônica, este é um amigo meu, se chama Rico.

- Rico?

- não me pergunte o nome dele, nem eu mesmo sei para falar a verdade. – Rico olha para Mathias enquanto ele fala, mas quando ele termina de falar seu olhar volta-se para as belas e volumosas coxas brancas, sobe um pouco seu olhar e fita seu decote, seus grandes seios quase a mostra, na hora ele percebe o que fez Mathias recebe-la, mesmo que reprimindo seu ódio mortal por americanos, seu olhar sobe mais um pouco, os lábios dela, aqueles lábios o fazem voltar no tempo para as noites incríveis que passaram juntos, era uma mulher incrível ali, na sua frente, e por mais que tentasse, não conseguia deixar de sentir-se atraído por ela.

- Rico, essa é Verônica Banks, uma repórter freelance, ela quer me entrevistar.

- hum... que repórter hein. – diz Rico com o sorriso que Marlene queria ver.

- é, uma repórter e tanto. – diz o curdo com um sorriso ruim de se ver, Mathias com sua cara sarcástica, seu sorriso cínico, seus olhos escuros saltados, sobrancelhas grossas, barba espessa, nariz grande, pele escura, não é um homem bonito e nem possui qualquer coisa encantadora, mas Verônica deve parecer interessada por ele, ou não conseguiria nada, esta acostumada com esse esquema.

- assim você me deixa sem graça. – finge estar encabulada, finge muita coisa para conseguir o que quer.

- você não precisa ficar envergonhada. – diz Mathias colocando sua mão no ombro dela, dando em cima da mulher com a mesma habilidade para isso de um adolescente.

- bem, acho que devemos começar com a entrevista.

- certo, que tipo de perguntas você fará?

- trivialidades, ninguém sabe muito sobre esse grande homem que uniu dois povos em um só, diminuindo os conflitos...

- não vejo problemas nisso, podemos começar sim. – fala Mathias interrompendo-a como sempre faz.

        Longe dali Sr. Kowalski desce de um carro, paletó aberto, camisa aberta bem suja, cabelo despenteado, barba por fazer, ele retira a arma da parte traseira da calça e coloca-a ao lado do banco do carro, mas após alguns segundos pensando, pega ela de volta. Chega na entrada de um belo prédio que fica na frente de um campo de futebol americano, ao lado de outros prédios ao estilo americano, ele pressiona o botão do interfone, alguém atende e com sotaque americano diz:

- sim, o que deseja? - É uma mulher que pela voz parece ter 16 ou 17 anos, uma garota.

- quero falar com Dennis Hopkins, ele esta?

- na verdade não, mas não deve demorar, quem gostaria?

- um velho amigo.

- quer subir e esperar?

- sim, seria melhor, estou hospedado longe daqui, seria ruim ter que voltar.

- pode subir então.

O velho Sr. Kowalski sobe pelo elevador, um ar de tristeza e cansaço se refletem no espelho na lateral do elevador. Quando a porta se abre ele encontra aquela jovem, só o que falta nela para ser uma criança é uma boneca na mão. A garota veste uma calça de pijama, meias coloridas, pantufa de coelhinho, camiseta com estampa de algum desenho, ela o recebe com um sorriso metálico no rosto.

-vamos! – ela diz dando as costas e indo na direção do apartamento, Sr. Kowalski a segue, entram na sala de estar confortável, moveis modernos, umas poltronas macias, senta-se em uma delas mesmo sem ter sido convidado, cabeça baixa, cotovelos sobre os joelhos, a voz fina da garota pergunta se ele quer alguma coisa, ele apenas faz um sinal com dois dedos indicando uma resposta negativa, ela senta-se na frente dele, cruza as pernas sobre o sofá e liga a TV no canal de desenhos, antes de olhar para a tela da televisão ela olha para o semblante acabado daquele homem, e tentando puxar papo para descontrair, só o que vem a sua cabeça é:

- você gosta de desenhos?

- não muito, mas parece que você gosta. – diz ele apontando para a camiseta dela.

- sim, já assisti milhares de vezes esse aqui. – um contagiante sorriso na boca dela, dentes pequenos, bem brancos usando aparelho.

- não sabia que Dennis tinha uma filha... Apesar de que não o vejo desde 1991 na tempestade do deserto, que idade você tem?

- tenho 19, mas não sou filha dele, sou sua esposa. (O autor tem obsessão por esse assunto)

Nessa hora ele pensa que foi sorte não ter aceitado nada para beber, ou teria se afogado ao ouvir o que ouviu.

- bom, não sei o que dizer.

- algo contra nossa diferença de idade? (Já teimou no tópico!? A pretensão de abordar o tema de diferenças de idade ficou tão aparente...)

- acho que agora gostaria de um refrigerante. – nada mais o chocaria depois daquilo.

- é serio, você tem algo contra? (...ainda mais aparente...)

- para ser sincero, tenho sim, ele não tem idade para ser seu pai, tem idade para ser seu avô.

- não exagere.

- mocinha, eu e ele temos 63 anos, tenho uma filha com sua idade, mas poderia ter uma filha de até uns 45 se tivesse tido uma filha quando tinha 18 anos, e minha filha de 45, se tivesse tido uma filha quando (Putz! calaboca, cara)

estivesse com 18 anos, ela teria 27 anos agora. Ou seja, você é mais nova do que poderia ser sendo neta dele.

A moça entre risos diz:

- porque tudo isso? Sério, o que você tem a ver com nossa vida? (Primeiro, o “sério” é usado realçar o interesse da moça na opinião de Kowalski. Imediatamente depois, porém, um “sério” adverte Kowalski que sua opinião [embora encorajada] não é mais relevante)  

- não tenho nada a ver, mas se Dennis fosse namorar minha filha, eu o mataria.

O rosto da garota se fecha, seus lábios se arrugam e ela diz:

- eu acho melhor o senhor esperar lá fora. (Ué, para onde foram os risos?)

- também acho. - Diz o velho levantando-se da poltrona e indo para a porta da frente do apartamento, esta porta já esta aberta e a garota espera para fecha-la. Ele desce pelo elevador, passa pela recepção e quando chega ao lado de fora vê um mercedes bens prateado parando na frente da porta da garagem do prédio, a porta do carro se abre e dele sai o velho que aparenta ser ainda mais velho do que Sr. Kowalski, ele abre um sorriso de dentes amarelos e abre os braços para abraçar Sr. Kowalski. Mas a expressão no rosto de Sr. Kowalski não é de tanta felicidade, e sim de decepção, até de desdém, não imaginava algo assim vindo de um amigo. O homem a sua frente diz:

- Kowalski o que faz aqui? Quanto tempo, achei que morreria sem rever o amigo.

- faz muito tempo mesmo, posso dizer que nem te reconheço mais.

- qual o motivo dessa cara ai? Vai dizer que continua magoado por causa daquela briga estúpida?

- se eu estivesse não teria vindo aqui.

- como não veio em todas as outras vezes que esteve em Bagdá.

- preferia não ter vindo dessa vez também.

- o que aconteceu?

- não é nada, só não gostei de ver que esta casado com uma criança.

- não seja tão antiquado velho.

- pelo amor de deus, ela podia ser minha filha.

- mas não é, então deixa pra lá.

- e a sua mulher?

- ela morreu há alguns anos atrás.

- e ai você a substituiu por essa menina?

- passei muitos anos com uma mulher daquelas, queria que eu conseguisse outra bruaca velha pelancuda? Quero aproveitar o que resta da minha vida, e quer saber? Você também esta precisando de uma novinha, ainda casado com a mesma mulher?

- não, ela morreu.

- deixa pra lá, mas então, o que o traz aqui?

- ainda esta na CIA?

- não, me aposentei.

- mas você mantem contato com outros agentes de campo por aqui?

- não, só com alguns rapazes que investigavam os sunitas e curdos, mas já se foram, encerrando as operações por aqui.

- o que você sabe sobre os curdos?

- o que você quer saber?

- o Alahu, ele morreu mesmo?

- sim, morreu em um atentado há um ano atrás.

- Mathias Hassan, o que sabe dele?

- é um coitado, uma marionete.

- e quem comanda essa marionete?

- Edmond Swoford.

- o que? Um inglês? O que ele quer?

- não sei, dizem que a unificação dos povos muçulmanos, a paz mundial, mas vai saber...

- não é bem isso que estamos vendo né?

- estamos vendo os xiitas nas sarjetas, vivendo como ratos, tentando sobreviver, são vitimas dessa aliança.

- e Swoford, qual seu negocio com o oriente médio?

- nada, era um embaixador britânico aqui, mas tratava todos os muçulmanos com desdém, e de uma hora pra outra virou amigo de Hassan, e passou a defender ideiais islâmicos e fazer discursos aos 4 ventos por ai que ama o oriente médio e que quer a paz.

- e você tem certeza que Mathias Hassan é sua marionete? Estamos na cola de Mathias há um tempo, sabemos de um plano dele que vai mudar o mundo, mas não sabemos nada a respeito, nem de que se trata o tal plano.

- vamos subir, bebemos algo e te falo tudo o que sei.

- não, eu preciso ir.

- vamos lá, o que tem de tão importante? Aposto que não tem ninguém te esperando.

- não mesmo, só preciso ir. – diz o velho tentando evitar a mulher de seu amigo.

- eu insisto. – diz Hopkins pegando sua pistola P226 do coldre axilar que esta coberto pela sua jaqueta jeans e apontando em Sr. Kowalski que diz:

- o que você esta fazendo? Esta louco? – Sr. Kowalski coloca a mão na sua pistola na parte traseira da calça, mas recebe um chute no estomago sendo empurrado para trás torcendo seu pulso, logo depois Hopkins chega em cima dele e aponta a pistola em sua cabeça.

- não me faça te matar Kowalski, você vale mais vivo do que morto, mas nem por isso vou hesitar em meter uma bala na tua cabeça.

Sr. Kowalski puxa sua mão que esta quebrada sob o corpo a fim de trazer sua pistola, mas o homem percebe suas intenções e derruba seu pé em seu rosto, desmaiando-o , então pega seu celular e faz uma ligação.

        Mathias esta respondendo a uma pergunta quando toca seu celular.

- preciso atender.- ele diz levantando-se

- espere, acho que assim já esta bom, vou indo lá se não se importa, tenho outros compromissos.

- ah ta, como quiser, venha me visitar quando puder.

- pode deixar. – ela pisca o olho e vira-se para o lado de Rico – Mathias, Rico irá me acompanhar até o carro ok?

Mathias já esta falando ao telefone e não responde, ela e Rico se retiram, Mathias ouve a voz no celular

- Hassan, aqui quem fala é o agente especial Hopkins.

- fale americano, ... agente especial, essa é boa. – diz Mathias debochado.

- tenho algo que te interessará.

- ah você tem? O que? Vive querendo me vender tudo.

- tenho um agente do SAS para te vender, esta muito interessado em seus planos.

- quanto?

- 5 milhões.

- mas que absurdo, você esta ganancioso demais, me traga o homem vivo e te dou 1 milhão.

- droga, ... ok, mas pegue o homem aqui na minha casa.

- certo, mandarei alguém ai.

        Rico e Verônica caminham até o carro dela, no caminho ele diz:

- deu tudo certo.

- é, ainda bem, esse homem me assusta.

- ele assusta a todo mundo. – os dois acabam de chegar ao carro dela, ela para na sua frente – na primeira vez que o encontrei, havia esse cara, um canadense, ele me contou que certa vez ele envenenou o hamburger de um homem com uma toxina ainda em testes, e ficou rindo enquanto o corpo do homem ficava verde, seu cérebro inchou tanto que explodiu, ai na hora que ele me trouxe um prato com um hamburger, eu senti muito ...

Verônica o observava encantada sem ouvir uma palavra do que ele dizia, só o movimento de seus lábios finos, seu rosto quadrado com barba por fazer, a deixaram muito excitada, ela sem poder se segurar mais o agarra e o beija, ele fica surpreso, mas não se pode dizer que ele não esperava por isso, e ansiava por isso. Suas mãos percorrem o corpo dela como quem morria de saudade, seu corpo morria de saudade do corpo dela. A mão dela pega a nuca de Rico pressionando sua cabeça contra a dela deixando o beijo ainda mais quente, quando Rico consegue finalmente se desvencilhar dos lábios dela, ele se afasta, ela teme suas próximas palavras, mas ao contrario do que ela pensava ele diz:

- vamos, eu conheço um lugar perto daqui. – eles entram na caminhonete de Rico que desvairadamente joga para o banco de trás suas coisas que estavam no banco do carona, da a partida e dirige até a quitinete sobre o restaurante de James, a mão de Verônica fica o tempo todo na virilha dele, e isso o mantém excitado durante todo o caminho, quando chegam lá, descem do carro, ela vai na sua direção e volta a beija-lo, ele a encosta no capô da pick up e beija seu pescoço, não consegue mais aguentar, eles caminham pela escura cozinha e chegam até a porta das escadas que levam até a quitinete, chegando lá, Rico empurra a porta e a atira na cama, na hora vem a sua cabeça que a cama esta desarrumada graças a sua noite ali com Marlene, isso o incomoda, mas esta excitado demais para desistir, então deixa isso para lá. Ele vai até Verônica, entre um beijo e outro ele desabotoa seu paletó e retira a camisa dela, suas mãos apertam cada parte de seu corpo, aquela pele macia, ela o empurra e retira sua camisa e a camiseta que usa por baixo de uma vez só, e então abre seu cinto e tira sua calça, ela beija o corpo dele, até que ele a deita de volta na cama com a mão no pescoço, ele aperta bem, estrangulando-a, sabe como dar prazer a ela, então encaixa seu corpo ao dela, ela profere altos gritos de prazer a cada movimento que ele faz.

        Tanques e caminhões cheios de soldados curdos fortemente armados formam um enorme comboio que para na frente do gigantesco muro do palácio indicado por Rico, um helicóptero sobrevoa a área, nele um soldado segura o rifle de precisão m107 mirando para o palácio provendo segurança a seus colegas que descem pela corda dentro dos muros fortificados, o tanque dispara um tiro de canhão 105mm no portão de aço grosso e acaba amassando-o no meio, do lado de dentro duas barras grossas de metal o seguram, o tanque dispara novamente acertando o meio do portão rompendo aquelas barras e abrindo o portão para trás, alguns guardas xiitas saem da guarita mas são abatidos pelos curdos que estão tripulando as metralhadoras sobre os caminhões e tanques. Todos estes veículos estacionam dentro do pátio e os soldados começam a descer e invadir o lugar sem piedade, derrubando todos que não parecem ingleses. Suas ordens são de levar os agentes britânicos vivos a qualquer custo. Passam pela entrada do magistral palácio e então se dividem em grupos para vasculhar a área em busca dos agentes, abatem todos os membros da guarda do príncipe, um dos grupos chega até um grande salão de reuniões com uma mesa imensa, é onde supostamente estaria acontecendo o jantar, mas este lugar esta vazio, eles continuam então sua busca, um outro pequeno grupamento em um andar superior entra violentamente por uma grande sala de lazer que leva a uma área externa, o príncipe e dois guarda-costas correm na direção da porta, os curdos atiram nos guardas e aproximam-se do príncipe que tropeça e cai no chão de costas, o curdo chega em sua frente, chuta seu rosto, pega seu facão e da um golpe na cabeça do jovem principe. Ele vira-se para trás e pede o celular do seu companheiro, liga para Mathias e ouve:

- encontraram eles?

- não senhor, eles não...

- eles escaparam? Vocês usaram 60 homens e muitos recursos para isso, e deixam eles escaparem?

- não, eles não escaparam, o helicóptero estava vigiando os arredores e nada saiu daqui, talvez sua fonte tenha mentido.

- eu não sei, Rico não mentiria algo assim. – Mathias desliga, bebe o copo inteiro de whisky e liga para seus homens que foram buscar Sr. Kowalski – vocês conseguiram pega-lo vivo?

- Sim senhor, ele esta dopado e amarrado na traseira do furgão.

- Ok, não o deixem fugir, preciso dele para interrogatório.

- ele esta sendo vigiado por dois homens, creio que não conseguirá fugir.

        Rico e Verônica estão deitados na cama, ela com seu corpo completamente molhado de suor sendo iluminado pela luz da lua que entra pela grande janela naquele começo de noite, Rico senta-se na cama vagarosamente, abaixa-se, pega suas calças e cuecas no chão, levanta-se e anda até a janela com uma pequena varanda, ainda de costas para a cama diz:

- isso tudo foi um erro, não deveríamos ter feito isso, agimos por impulso e eu to arrependido, não da pra voltar atrás, mas uma coisa eu te peço, por favor, vamos fingir que nada aconteceu, Marlene não pode saber disso de jeito nenhum.

- o que você tem com aquela sem graça? Vocês não combinam.

- se eu e ela não combinamos, então eu não combino com mais ninguém.

- você esta mesmo apaixonado por ela. – diz Verônica com uma expressão com um misto de tristeza por ter perdido seu amante, e felicidade por querer seu bem.

- como nunca antes. – ele diz com um arrependimento sincero na face.

- Ok, seremos apenas amigos então, te desejo toda a sorte do mundo com ela ta? – ela diz isso enquanto se levanta da cama e dirige-se para perto dele, fica parada em sua frente, segura com as duas mãos o seu abdômen suado e olhando nos olhos dele, com um tom de voz doce diz – eu juro que irei trata-la melhor daqui pra frente, sinto-me ridícula pela minha atitude infantil de mais cedo, é que no fundo senti ciúmes, mesmo sabendo que você nunca foi meu.

- você também nunca foi minha.

- é eu sei que nunca tivemos nada de verdade, mas mesmo assim... sentirei sua falta.

- eu também sentirei falta de você, ... mas que droga, to com medo que ela descubra o que aconteceu entre nós, não posso mais ficar sem...

- fica tranquilo Donnie, se depender de mim ela nunca saberá dessa nossa ultima vez,... eu quero te pedir uma coisa.

- o que?

- um ultimo beijo. – ela não espera a resposta e da nele um beijo ardente que ele nem tenta evitar, sua reação é pega-la pela cintura e retribuir o beijo, suas mãos percorrem a pele úmida dela, sobem na direção dos seios redondos de mamilos rosados dela, mas logo para, ali é o limite, se passar dali provavelmente ele não conseguiria mais se controlar.

- eu preciso ir. – ele diz afastando-se dela com um passo para trás.- nos encontramos amanha para forjarmos a entrevista, a Marlene estará junto, então não seja boazinha demais ou ela perceberá, ... apenas esqueça que isso aconteceu.

- nunca esquecerei nenhuma de nossas noites, mas fingirei muito bem que esta não aconteceu, deixa comigo.

- vista-se, tenho que te levar ao seu carro. – ele se abaixa e pega suas outras roupas no chão e vai até o banheiro, Verônica senta-se na cama, e após um suspiro começa a vestir sua roupa.

CAPITULO XV- VITIMAS CASUAIS.

        Cerca de uma hora depois Rico chega na frente da casa de James, Marlene ao ouvir o barulho do carro já sai correndo até ele, abre a porta com um sorriso no rosto e coloca a bolsa com seus equipamentos no banco de trás junto com as coisas de Rico, senta-se no banco do carona já indagando:

- porque demorou tanto?

- houveram uns imprevistos. – ele responde com a voz amena, o que fez de errado o fez perceber que não a tem tratado como ela merece e resolveu mudar. – desculpa ter te deixado esperando amor. – a ultima palavra saiu forçada, como se houvessem editado a frase em um vídeo, provavelmente isso saiu da boca dele pela primeira vez em toda a sua vida, passa a mão no rosto dela, seu olhar desviado do dela.

- tudo bem querido, só que da próxima vez me avise, eu estava muito preocupada com você. – ela da um beijo na boca e o abraça. – que perfume é esse?

- deve ser do Mathias.- ele responde rapidamente.

- andou se agarrando nele? Eu hein.

- mais ou menos isso. – diz ele virando o rosto, temendo não saber mentir para ela, temendo que ela já conheça ele o suficiente para saber quando ele esta mentindo. – na verdade eu voltei a apanhar dos curdos, e Mathias teve que me carregar nas costas até lá dentro.

- não imaginava que Hassan usasse perfume, e é um dos bons, mas então é por isso que você ta com essa carinha de cansado, pobrezinho. - ela diz passando a mão na bochecha dele, com um sorriso no rosto, mas bem no fundo ela não acreditou na mentira deslavada que acaba de ouvir. Mas não era a hora para outra crise de ciúmes, passa pela cabeça dela que Rico possa ter se excedido e dado um abraço, talvez um beijo em Verônica, mas jamais pensaria que ele chegaria a ao ponto de fazer o que fez. Rico apenas liga o carro e dirige calado, Marlene diz:

- você não ia plantar as armadilhas na base assim que voltasse do Mathias?

As minas e metralhadoras estão ali atrás.

- houveram imprevistos e me tardei. – ele diz sem tirar os olhos da estrada, a pulga na orelha dela coça ainda mais, Rico volta a se calar, cabeça baixa, mãos no volante, havia muito a ser dito, mas os dois ficam calados.

        O furgão azul claro para na frente do portão fortificado da fortaleza curda, guardas o abrem apressadamente. O veiculo continua seu caminho até a porta lateral do prédio usado como base, estaciona com a traseira virada para a porta, um dos soldados que vigiava Sr. Kowalski vira-se de costas para ele com o propósito de abrir a tampa traseira do furgão, e é atingido por um chute nas costas que o joga para fora do carro, o tombo é feio, cai ralando o rosto no chão, Sr. Kowalski kowalski teve tempo de sobra para desamarrar as ataduras dos pés, mas suas mãos continuam juntas, presas firmemente uma a outra por uma corda grossa. Ele leva suas mãos até o colete antiquado do curdo restante na traseira do furgão, pega a faca que estava ali e usa-a para cortar sua garganta, então pula para fora e cai de joelhos sobre as costas do homem estirado ao chão, a faca bem apertada pelas mãos é enfiada nas costas do homem, Sr. Kowalski aproveita que a faca foi cravada ali e que ela ficou em pé, firme, e passa as cordas em seus pulsos ali varias vezes até corta-las. Feito isso ele pega o fuzil Ak74 caido ao chão, levanta com o pé o corpo do homem a fim de livrar dele a bandoleira que prende o fuzil ao seu corpo. Isso tudo acontece muito rápido e quando os outros homens que tripulavam o furgão percebem o que acontecia, Sr. Kowalski corre para uma cobertura perto dali, o homem que saia do lado do carona do veiculo levanta seu fuzil e começa a atirar rajadas na direção do velho que fugia em perfil baixo e efetuava lanços entre uma direção e outra, assim de certa forma desviava as balas que vinham para ele. Com muito custo ele chega até uma mureta e atira-se por cima dela e usa-a para tomar cobertura, ele solta o fuzil no chão e encosta-se na parede, respira violentamente como se já não conseguisse aguentar a pressão, ... “vamos lá velho, você já passou por coisa pior, vamos lá” sua mão vai em um só movimento até o fuzil Ak 74, levanta-o com rapidez, os tripulantes do furgão e os guardas da base correm até lá, uns rapidamente com sede de pega-lo, outros andam mais devagar e atiram na cobertura do fugitivo, este que por sua vez levanta o fuzil até a altura do murinho e dispara uma rajada controlada que acerta dois dos sete inimigos, nem tinha pretensões de acertar nenhum deles, apenas de atrasa-los, os cinco que continuam em pé buscam cobertura onde podem, e isso da tempo a Sr. Kowalski para continuar correndo, a cada dúzia de passos ele olha para trás e dispara alguns tiros, mas sem nunca descuidar da munição, a situação desesperada não o permitiu pegar nenhum carregador extra, então há de fazer durar o que esta na arma, olha para os lados, procura um portão, uma brecha no muro, um buraco de esgoto, qualquer coisa que ele pudesse usar para sair daquele lugar de muros enormes antes que todos ali estivessem atrás dele, era tarde da noite e a escuridão imperava naquela base mal iluminada, ele era safo e assim que consegue livrar-se da visão dos homens entra para os cantos escuros e se move por lá, chega até uma área cheia de containers, esconde-se perto de um, respira, suspira, lhe falta o fôlego, baixa a cabeça, e quando volta seu olhar para cima enxerga um guarda patrulhando a área, ele caminha altivamente, olhando para a frente apenas, ouviu os sinais de combate por ali mas não viu nada, apenas mantem suas mãos perto do AK para ter uma reação rápida a qualquer coisa que visse, Sr. Kowalski levanta o pesado fuzil, mãos tremulas, pulsos doloridos graças as ataduras, olha para o guarda por através da alça de mira do fuzil, dedo no gatilho, pronto para disparar um tiro certeiro no homem, mas desperdiçaria a oportunidade de continuar despercebido, pelo menos por um tempo, pelo menos enquanto ele se servia do equipamento do homem. Passos leves na direção do sentinela, sem nunca tira-lo da mira, até que o guarda para, Sr. Kowalski aproveita essa parada para chegar até as costas dele, solta o fuzil na bandoleira, com a mão direita pega a faca adornada que pegou do curdo, a mão esquerda vai para a boca do homem, que antes de ter chance de qualquer reação tem sua artéria femoral cortada pela faca afiada do velho e morre na hora, Sr. Kowalski o segura pela alça do equipamento e o arrasta até a escuridão, a sombra de um container serve para esconder o corpo e esconde-lo enquanto ele pega o que lhe pode ser útil do que o homem dispunha, desprende o equipamento na parte traseira, desencaixa dos braços, retira-o do cadaver e solta no chão, o homem portava uma AK47 que Sr. Kowalski toma de suas mãos e solta no chão ao lado do equipamento que continha uma lanterna, uma faca, uma mina, 4 carregadores de Ak47 e 4 granadas de fragmentação, agora ele estava preparado para investir decentemente em uma fuga, tira a camisa que já estava desabotoada ficando apenas com uma camiseta regata que usava por baixo, abaixa-se, pega o equipamento de duas alças transversais na traseira e uma espécie de suspensório na frente segurando os porta carregadores, veste-o, prende todas as fivelas, abaixa-se novamente e pega o Ak 47, passa a bandoleira por trás do pescoço, retira o carregador, checa a munição, coloca-o de volta, engatilha e sai da cobertura já apontando o fuzil de assalto, estava ouvindo os passos de múltiplos inimigos se aproximando, e quando saiu da cobertura deu de cara com eles, estavam mais próximos que ele pensava, e ele por reflexo aperta o dedo no gatilho disparando uma longa e violenta rajada que mata os tres inimigos que se aproximavam, outros dois chegavam até um poste logo atrás, Sr. Kowalski se abaixa e atira neles mirando mais cuidadosamente, nenhum dos tiros que vem na sua direção o acerta, da uns passos a frente para poder mirar nos homens cobertos atras de postes metálicos, mas vê na escuridão atrás deles feixes de lanterna, hora iluminando, hora sendo cobertos por pessoas que os cobriam, isso o faz crer que vem um bom numero de inimigos a sua procura e ele acaba desistindo de matar estes dois, invés disso volta para o escuro e continua costeando o muro procurando uma saída, é quando ele avista um container encostado ao muro, chega perto e vê que este é muito alto para subir sem algum apoio, olha para os lados, não consegue ver nada que poderia ter essa utilidade, então vai até o corpo do guarda curdo que acabara de matar e o carrega até o container, o deixa encostado ali em pé e usa-o para tomar impulso e subir no container, em cima dele era fácil pular o muro, não estava nem perto do que se pode chamar de “salvo”, mas com certeza era um bom começo.

        Enquanto isso, Rico em pé ao lado da pick up veste o colete a prova de balas e ajusta seu equipamento, coloca nas mãos um par de luvas operacionais, põe no rosto a balaclava dada por Marlene, cruza cada uma das metralhadoras automáticas nas costas, a metralhadora MG36 no peito e o M4a1 sopmod em mãos, Marlene usa um colete básico, uma submetralhadora P90 pendurada pela bandoleira, em mãos carrega um fuzil TAR21, ela usa na cabeça um boné e uma espécie de turbante cobrindo o rosto, Rico olha para ela, com a cabeça baixa diz:

- você sabe, por enquanto só preciso de cobertura para plantar as armadilhas. – ele fala seco, voz apertada, não a abraça como sempre faz antes de uma situação de risco desde que se conheceram, sente-se culpado e mal consegue olhar nos olhos dela, é um profissional, mas não consegue tirar isso da cabeça no momento. – vamos! – ele sai correndo, o peso das metralhadoras e do restante do equipamento que carrega o fazem ter movimentos lentos e ficar inclinado para a frente, chega perto do muro, para e pega no bolso da manga da camisa o mapa impresso por Marlene, olha para ele atentamente por alguns segundos, memorizando-o, levanta o olhar até um poste de luz e percebe uma câmera ali, agora que sabe que as informações contidas no mapa são confiáveis, passa mais um tempo olhando para ele, memoriza a localização das outras câmeras e guarda o mapa de volta no bolso da camisa, vira-se de costas e Marlene retira de dentro da mochila uma corda enrolada e atira para ele, na ponta da corda um gancho de quatro pontas, ele desenrola a corda. Nesse momento enquanto Sr. Kowalski tenta fugir de uma base de alta segurança, Rico e Marlene tentam penetrar em uma de segurança ainda maior. Rico lança o gancho em uma armação metálica que suporta alguns holofotes para a parte interna do quartel, estes estavam desligados, já que a base praticamente estava desativada, ele puxa a corda com força a fim de saber se ela estava realmente firme, assim que consegue a confirmação que queria ele corre até o muro e pula, chapando os pés na parede, e assim inicia uma caminhada até o topo do muro, lá ele segura-se em uma barra grossa de metal e sacode a corda para avisar Marlene que ela já pode subir, ela então fixa a corda no mosquetão em seu cinto e inicia sua subida de forma mais lenta e receosa, Rico espera que ela chegue até lá em cima e espalma sua mão no ar para ajuda-la a subir na plataforma, ela usa esse apoio e abaixa-se na beirada do muro, seu parceiro balança a corda e passa-a por cima dela deixando a corda cair para o outro lado do muro, logo após isso ele desliza por ela e chegando ao chão dirige-se rapidamente até a parede mais próxima, enquanto Marlene desliza também pela corda, ele retira uma das metralhadoras das costas, abre o bipé e deixa-a montada ao seu lado, a mulher se dirige na direção dele, ele aponta para a frente indicando a área seguinte, ele faz um sinal com a mão fechada indicando que ela pode abater qualquer hostil a vista, ela vira de costas mas ouve um assovio, ela esta achando estranhas as atitudes dele, e quando ele a chama ela vira-se esperançosa pensando que ele quer um beijo ou desejar boa sorte, mas ao contrario disso ele aponta para a ponta de seu fuzil que esta com silenciador, ela olha para seu TAR21 e vê que ele esta sem silenciador, procura na mochila e só encontra um que pode ser usado na P90, então joga o TAR21 para as costas e pega sua arma favorita, com a mão direita ela abraça a arma contra o corpo e com a esquerda ela encaixa o silenciador na ponta do cano, e então segue seu caminho até o final do galpão, faz a varredura para os dois lados, vira-se para Rico e faz um sinal com os dois dedos próximos aos olhos indicando que avista alvos, e faz um 2 com os dedos informando ao seu parceiro o numero de inimigos a vista, ele pega a metralhadora automática e se aproxima dali, ele olha pelo canto da parede e vê os dois hostis, eles estão de costas, conversam em voz alta, já esta tarde da noite e o silencio no quartel faz com que as vozes deles ecoem e pareçam ainda mais altas. Rico olha para a construção ao outro lado, e passa correndo abaixado com a metralhadora embaixo do braço, Marlene o cobre enquanto isso, chega até o outro lado, vê que essa construção é um alojamento, olha pela janela e conta quantos estão dormindo, uma luz, mesmo que fraca, proporciona esta visão detalhada, contou 18 soldados dormindo, conclui assim que devem haver 9 soldados na guarda, mais alguns sargentos e oficiais, não deve passar de 35 homens, é um numero de vitimas considerável, é um atentado grave, mas é para salvar a vida de milhares de seus compatriotas, é uma troca justa, mas não deixa de ser terrorismo. Ele deixa a metralhadora apontada para a porta do alojamento, para o caso de dar errado o assassinato furtivo dos guardas que patrulham a área, ativa-a. olha para Marlene e sacode o braço chamando-a para perto dele e assim seguem até o pátio de formaturas da base, este que no momento esta cheio de grandes caixas prontas para serem carregadas, cobertas por lonas, a mão fechada de Rico se ergue, mandando Marlene parar, ele se vira para ela e diz:

- espere ai, tantas caixas ali, deve ter alguém vigiando. – ele tira a outra metralhadora das costas, solta-a no chão para ter mais mobilidade e vai abaixado até um pouco mais a frente, Marlene deixa a submetralhadora cair sobre o peito e da de mãos no fuzil tar21 que estava na bandoleira, sabe que não pode usa-lo, esta sem silenciador, mas ela precisa fazer um reconhecimento na área, e este esta acoplado com uma luneta de assalto com visão noturna, enquanto isso Rico agachado na sua frente apenas mantem a visão fixa nos guardas que ele já sabe onde estão, ela toca em seu ombro e diz:

- tem um em cada guarita, ... dois atrás das caixas, e aqueles dois que já passamos.

- são nove guardas. – diz Rico, interrompendo-a

- como sabe?

- tem 18 soldados dormindo, são 3 turnos de guardas.

- bom, onde acha que estão os outros 3?

- deve haver um patrulhando o alojamento de oficiais, um patrulhando a parte traseira, e outro no portão.

- acho que dois no portão.

- é, você tem razão.

- alguma idéia?

- sim, primeiro temos que nos livrar dos guardas das guaritas, devem estar com visão noturna e rifles de precisão.

- deixa eles comigo. – diz Marlene voltando para trás da construção na qual estão encostados, ela faz a volta pelo alojamento e chega até uma escada que leva até uma plataforma que leva a guarita, ela vai abaixada até o vigia que estava ouvindo musica nos fones de ouvido e balançando a cabeça, ela tira a faca da bainha na parte traseira do cinto, pega ele pela boca e corta sua garganta, acompanha-o até o chão, pega o rifle de precisão M39 EMR silenciado, mira na cabeça do guarda na outra guarita paralela ao portão frontal, puxa o gatilho e acerta a testa do soldado que estava prestes a perceber que não era mais o seu amigo na guarita, o corpo dele cai com violência no chão, ela move a mira rapidamente até o par de soldados ao lado das caixas para ver se eles ouviram algo, ao ver que eles continuaram conversando ela mira nos outros dois que estão perto de Rico, estes estão olhando para a guarita, eles caminham na direção dela, é quando Marlene vê que Rico saiu de trás dos que o escondiam e atirou nas costas destes dois, ela leva a mira até os dois das caixas e atira em um deles, o outro leva um susto e levanta seu fuzil apontando para o lado de onde seu companheiro levou um tiro, mas antes de ele ter tempo de atirar, Rico atira nele e o abate. Só então Marlene consegue respirar tranqüila, mas ainda restam 3 guardas, Rico esta perto do portão e corre até a porta da guarita do porteiro e fica ali esperando Marlene, ou que o homem que ali estava abrisse a porta, Marlene desce as escadas e vai até a porta também, ela abre a porta e Rico entra atirando e mata os dois guardas que estavam ali mexendo em um laptop, eles entram e Marlene chega perto do computador que exibe uma conversa de vídeo na qual em uma das janelas mostra uma mulher chocada e um bebe chorando, e na outra um casal com armas na mão atrás de um par de soldados mortos, Marlene puxa o cabo de energia do laptop e joga-o no chão.

- matamos um pai de família que estava prestes a voltar pra casa, que ótimo.

- eu espero que ela não tenha gravado essa conversa de vídeo, porque se gravou, estamos ferrados, todos saberão que não foram curdos que exterminaram a base.

- ah, esqueci que é só com isso que você se importa,... Mas enfim, deixa pra lá, se ela gravou não conseguiriam nos identificar, estamos usando mascaras.

- é, mas é só dar um zoom no vídeo e ver seus olhos azuis e sua pele branca.

- quer fazer o que? Mandar alguém matar a mulher dele e destruir o computador dela? Isso é bem o seu feitio.

- lá vem você tendo seus ataques de boa moça. Vamos lá Marlene, temos muito serviço pra fazer ainda.

- sim, muitos pais e maridos pra matar você quer dizer.

- é isso ai, muitos.

- ok, vamos lá continuar com o “extermínio” da base.

        Sr. Kowalski pula o muro e continua correndo desvairado por sua liberdade, vê meio ao longe atravessando uma área deserta uma rodovia onde passam alguns carros, e com um deles ele pretende conseguir uma carona e livrar-se da crueldade insaciável de Mathias Hassan. Corre com o fuzil cruzado ao corpo, inclinado para a frente, em uma velocidade incomum, corre por sua liberdade, por sua vida. Ao mesmo tempo que vê aqueles carros como chances de escapar dali, os vê como ameaças, sabe que essa base curda é um tanto afastada da cidade, e boa parte dos carros que passam por aquela avenida se dirigem a ela, soldados que estão prestes a assumir seus postos, não, não á essa hora, e provavelmente visitantes não seriam bem recebidos, ou seja, provavelmente ele estivesse enganado e nenhum daqueles carros estaria tripulado por curdos que se dirigiam a base, mas mesmo assim, deve manter a guarda alta, fuzil bem firme nas mãos, o cabo de madeira do AK 47 úmido das mãos suadas do velho, vem passando por maus dias, e de certa forma isso o deixa feliz, este velho não se contenta com uma boa aposentadoria, uma cadeira de balanço, uma xícara de café com um cachorro ao lado em uma manhã fria enquanto lê o jornal, ele gosta do caos, da inquietude, da miséria, do desespero, e se ele se arrepende de algo, é de ainda não ter morrido em algum campo de batalha.

Ele se aproxima da estrada e pelo menos 5 carros passam rapidamente sem dar atenção ao homem que vinha desvairado na lateral da rodovia, por não terem visto, pelo fuzil que estava em suas mãos ou seja lá por qual motivo, eles passavam reto e o próximo carro ainda estava longe, Sr. Kowalski olha para as instalações curdas e vê o portão sendo aberto, e de lá saindo várias viaturas com os faróis ligados, estariam em cima dele em muito pouco tempo, ele precisava pegar um carro e juntar-se ao trafego nervoso que saia de bagdá, ... baixa a cabeça, seca o suor da testa com o antebraço esquerdo e levanta o fuzil apontando-o no carro vindouro, era um Mercedes benz preto que vinha com as luzes internas ligadas, ele via apenas uma pessoa dentro dele, o fuzil já estava engatilhado, dedo no gatilho, pronto para atirar, caso o homem não esboçasse algum tipo de reação de quem vai parar o carro no acostamento, Sr. Kowalski direciona o fuzil ao lado esquerdo e o motorista entende o recado, ele freia bruscamente e sem deixar de apontar o kalashnikov nele, corre até a porta esquerda, o homem de chumaços de cabelos ruivos em sua cabeça calva e uma barriga saliente passa por sobre a alavanca de cambio para chegar ao banco do carona dando o lugar para Sr. Kowalski dirigir, os olhos do homem estão arregalados, não chega a estar em choque, afinal ele esta em uma cidade na qual se vêem mais AKs do que canetas, mas desta vez o AK estava apontado nele, não era bem o que o pobre Jimmy esperava quando saiu do seu apartamento confortável em um bom prédio de um bom bairro de Nova york, em destino ao oriente médio achando que aquilo seria sua chance de dar uma deslanchada em sua carreira até então de jornalista fracassado, 40 anos de idade, muito velho para jornalismo sensacionalista, na falta do que escrever, inventava coisas sobre pessoas não tão famosas, coisas não tão importantes que elas nem se preocupavam em desmentir. Foi quando viu um velho amigo da faculdade se dando bem com reportagens no campo de batalha. Achava aquilo coisa de filme, mas receoso acabou decidindo ir para o iraque cobrir a guerra, e logo agora que ela finalmente havia “acabado” e ele voltaria para casa tão fracassado quanto quando fez as malas, já que todas as suas matérias eram copiadas de outros jornalistas e acabavam ficando em segundo plano, bem como mereciam, ele estava vendo sua morte de perto, e isso o deixava sem reação. Sr. Kowalski percebeu que o homem não faria nada contra ele e aproveitou para deitar o fuzil no meio das pernas, troca a marcha do carro e acelera, não muito para não perceberem que é um carro em fuga, nem demasiado lento para ficar para trás e ser pego, passa pela frente das viaturas cheias de curdos apontando seus AKs para cima, mantem a velocidade que vinha até ali, e segundos após ter passado por eles, as caminhonetes fazem a volta e vão em encontro do Mercedes alugado de Jimmy, começam a abrir fogo, os curdos inclinam-se para fora dos automóveis e atiram no veiculo, os vidros estouram, o capo levanta, dois dos pneus do lado direito estouram e o carro acaba saindo da estrada, cai com as duas rodas esquerdas sobre a areia do deserto e capota, gira algumas vezes e acaba ficando com as rodas para cima. O velho guerreiro pega o fuzil que caiu para o lado do banco e arrasta-se para fora do carro, assim que sai dele, pensa em checar o estado do outro tripulante do veiculo, não havia tempo para carrega-lo se ele estivesse ferido e também não tinha motivos para faze-lo, mas algo o faz ir ali e ver se o homem estava vivo, ele estava de cabeça para baixo, seu braço estendido, Sr. Kowalski coloca dois dedos sobre o pulso dele e vê que ele estava respirando ainda, então junta o resto dos dedos á aqueles dois e puxa ele para fora do carro, poderia usa-lo como isca, ele pensa, e é uma boa idéia, manda-lo correr para uma direção e ficar ali escondido, os curdos abateriam o homem e até eles irem checar, até descobrirem que não era seu alvo ele já estaria longe, era uma boa idéia mesmo.

- você esta bem? – ele pergunta levantando a cabeça do homem

- nunca estive melhor.

- se for começar a reclamar te deixo aqui para morrer.

- e qual a outra alternativa?

- posso te ajudar.

- me ajudar? – o gordinho pergunta em tom de risos.

- deixa pra lá, eu vou embora.

- espere... qual o seu plano?

- você corre até aquela casa, entra lá para dentro e espera, quando eles forem lá para te pegar eu os pego pelas costas por aqui, tenho uma boa posição.

- ah fala sério comigo, sei que você vai me usar como isca e depois sair correndo.

- se eu quisesse te usar como isca eu te daria um tiro na nuca, iria parecer que eles te acertaram quando atiraram ali na estrada, um tiro de 762 faz um buraco de saída tão grande quanto esse seu rosto redondo, eles nem saberiam que não era eu.

- ok, vou confiar em você. – disse o homem após alguns segundos pensando que não tinha nada a perder mesmo.

- então vá, corra.

        O desajeitado Jimmy corria como nunca antes na direção do casebre indicado por Sr. Kowalski, os curdos ainda não haviam chegado até aquela altura da estrada e só chegam a enxergar ele quando ele esta bem perto da porta, descem do carro e apontam para lá, alguns começam a atirar e o coração do homem quase sai pela boca, só o que ele ouve é os gritos em curdo e o fogo pesado trovejando em sua direção, mal consegue pensar no que fazer, olha para lá e vê pelo menos mais dois carros chegando, entre eles uma camioneta branca com uma metralhadora .50 fixada na capota, em seguida ela começa a rugir também, ele entra em panico, joga-se contra a porta mas ela não se abre, projeteis de altos calibres passam zunindo perto dele, esta escuro e os homens não conseguem ter mais precisão que isso, mais um carro chega ao acostamento e do banco traseiro dele desce Mathias, traz na mão esquerda um rifle de precisão russo Dragunov SVD, com a direita ele faz um sinal para o soldado metralhador mandando-o cessar a salva de tiros, este estava um tanto entorpecido e anestesiado pela trepidação da metralhadora e demora alguns segundos para responder a ordem, Mathias leva a chapa da soleira do rifle ao seu ombro, assumindo posição de tiro e olhando através da mira telescópica pode ver as costas do homem que se aproxima da porta do casebre, da mais um jogo de corpo na porta, mas ela ainda não cede, ele volta para trás tomando um impulso e corre novamente na direção da porta, dessa vez conseguindo abri-la e entrando naquela sala escura. Ele se atira no chão sem ao menos pensar que poderia se machucar, se arrasta até o canto da parede, abraça seus joelhos, esta apavorado como uma criança.

        Sr. Kowalski observa a distancia os homens abrindo fogo no homem que acaba de usar como isca para poder fugir, logo pensa que é um milagre ele ter chegado até lá, pensa também que ele não merece tal destino, os curdos pegariam ele vivo e o torturariam até a morte procurando descobrir qualquer ligação com a SAS, o velho sente-se estranho por ter pensado em arriscar sua fuga que já estava praticamente bem sucedida para salvar a vida daquele gordinho desconhecido, não sentia nenhum tipo de compaixão por ele nem algo que o valha, mas mesmo assim já estava mentalmente contando os inimigos que teria que enfrentar, eram 5 viaturas, contando que viessem todas cheias haveriam pelo menos 25 inimigos, mas duas delas eram camionetas com caçambas e suportes para metralhadoras, ou seja cada uma destas carregaria apenas 3 soldados, Mathias não andaria em um carro lotado, deveria estar apenas com o motorista e um homem de confiança ,isso diminuía o numero de 25 para 19 ou 20, talvez ele nem tivesse munição o suficiente para acabar com todos eles, mas algo o levava a correr naquela direção, preferia nem parar para pestanejar se deveria ou não defender aquele homem, talvez fosse a ética o influenciando, talvez seu coração que estivesse amolecendo, ou quem sabe esteja apenas se certificando de que eles não descubram que o verdadeiro agente do SAS fugiu. Ele atira na direção do grupo de soldados curdos forçando-os a tomar cobertura, Mathias é o único que mantem-se em pé com seu rifle em punhos, através da luneta pode ver o atirador a uma certa distancia, vê apenas seus braços empunhando o fuzil que cospe fogo freneticamente, sua mira percorre a área procurando um lugar do corpo do homem que possa levar um tiro letal, mas os projeteis vindouros começam a passar perto dele e isso o obriga a abaixar-se também, Sr. Kowalski aproveita isso para correr até a casa, ele apesar de ser mais velho que Jimmy, corre mais rápido que ele e em poucos segundos percorre os cerca de 100 metros até a casa, no meio do caminho todos começam a atirar nele, mas nenhum consegue acertar, ele entra na casa, a luz da lua ilumina um pouco o interior da sala e Sr. Kowalski pode ver o homem encolhido no canto.

- não saia daí. – ele diz ao se dirigir a janela de madeira presa por uma barra de ferro que ele retira com cautela para não chamar a atenção dos inimigos lá fora, arrasta a janela um pouco para o lado abrindo uma fresta, enfia o cano do fuzil por ali, mira e atira dois disparos perfeitos derrubando o cara da metralhadora. tenta abater mais um antes de ter sua posição revelada, mas todos já se esconderam e começam a atirar na direção da janela forçando o velho a se esconder. Usando fogo cego ainda com a arma em função de tiro semiautomático começa a disparar tiros aleatórios naquela direção, Mathias esta abaixado atrás de um carro e da ordens desesperadas com as pontas dos dedos, envia três dos homens que estavam em cobertura até um carro blindado que esta bem de frente para a casa, um deles começa a rastejar, balas traçantes passam bem na sua frente e ele instantaneamente paralisa seu corpo entre um carro e outro, enterra a cara no chão e cobre a cabeça com os braços, fica assim por uns segundos até ser incentivado pelo seu colega que vinha logo atrás ,ele da umas cutucadas com o cano de seu fuzil, assim os três conseguem chegar até o carro que já estava com a porta esquerda aberta, o primeiro deles entra e passa por sobre o banco do motorista e se senta no lado carona, recarrega a metralhadora que esta acoplada ao painel, segura firme o cabo duplo de madeira e com os dois dedões aperta o gatilho disparando fogo pesado na direção da janela, seus dois companheiros se posicionam um atrás da porta aberta, usando-a como escudo e apoiando o bipé da metralhadora leve RPK no capô do carro e começando a atirar na mesma direção, o outro sobe a carroceria, empurra seu companheiro morto que estava sobre a metralhadora e começa a atirar também, os três acertam violentamente a janela pela qual Sr. Kowalski atirava, ela começa a soltar pedaços para todos os lados, a parede também começava a se desfazer e o velho se esgueira no canto para se livrar dos estilhaços, abaixa-se aproveita para recarregar a arma, assim que termina, olha para o lado e vê a janela saltando longe, agora tudo o que via era os projeteis invadindo o recinto e iluminando-o como dezenas de pequenas lâmpadas, atiravam também na parede fina de concreto que com dois ou três tiros de 762 perto um do outro serviam para abrir um buraco, já a .50 varava com facilidade aquela parede vagabunda, os tiros vão passando cada vez mais perto do velho, que vai se afastando da janela e indo na direção da porta, Mathias ao ver que os tiros do agressor pararam de vir, levanta-se e envia um grupo de homens até a casa, um deles vai até a traseira da caminhonete que chega a andar pra trás graças aos tiros de seus comparsas, o chão treme, dali de trás ele retira um escudo tático e corre para alcançar os outros dois que já estavam em posição ao lado da porta, o certo seria eles esperarem ele que estava com o escudo para invadir a porta primeiro, mas eles estavam com a cabeça cheia e acabam invadindo de qualquer jeito, quando o primeiro entra, Sr. Kowalski o recebe com um golpe na garganta com a mão esquerda, a sua mão direita já vai rapidamente até o fuzil do homem que não teve tempo de qualquer reação, puxa o Ak74s com força suficiente para levar o homem que já estava frouxo ao chão, ele cai de cara nos pés de Sr. Kowalski que ao ver o homem no chão já dispara dois tiros executando-o, então volta a encostar-se na parede ao lado da porta e espera os outros entrarem. Os dois soldados que estavam ali fora ficaram um pouco perdidos, não esperavam ser atacados mesmo antes de entrar no lugar, o guerreiro mais velho manda o do escudo entrar primeiro, este apesar de hesitante da uns passos a frente e se prepara para entrar, a pistola Tariq 9mm já esta carregada e apontada para a frente com a mão esquerda, a direita empunha o escudo firmemente de forma que cubra todo o seu corpo. O vidro do escudo esta sujo, e após dois passos ele mal pode ver o velho furioso chegando na sua frente e dando um chute na parte inferior do escudo, ele não esperava isso, e essa surpresa acabou com suas chances, baixa a arma e desvia a atenção já que o escudo bateu em suas canelas, e é nessa brecha que Sr. Kowalski aproveita para acertar uma parte da cabeça dele que ficara aparente, ele cai para trás e transforma o soldado atrás no próximo alvo do atirador que dispara 3 vezes no rosto dele e volta para dentro antes que começassem a atirar naquela porta, mas antes de entrar ele pega o pé do soldado que segurava o escudo e o arrasta para dentro e enquanto castigavam a região da porta e a janela da casa com fogo ininterrupto ele deixa o homem com as costas viradas para cima, pega a faca da bainha e corta as cordas que fixam o colete nele, retira deste uma granada de fumaça, uma de fragmentação e dois carregadores, mas não eram de Ak74, atira-os no chão, levanta e alcança o colete para Jimmy que apenas o pendura no corpo deixando-o meio solto, e logo após recebe em mãos o escudo tático.

- fique em pé no canto da parede e use o escudo para formar um triangulo ali, estará seguro assim. – o gordo tenta responder mas não esta em condições. Mathias sobe na carroceria de uma toyota, empurra o atirador que estava morto ali em cima e começa a atirar com a MAG parafusada a uma grossa barra de ferro, atira na lateral da casa, faz listras transversais de buracos a bala, os projeteis de 762 acertam a parede de tijolos ocos e uma fina camada de cimento e abrem buracos enormes, dentro da casa já não havia como enxergar quase nada graças a poeira que ali estava, logo as paredes dos fundos da casa cedem e o telhado de perto dela cai sobre Sr. Kowalski que vê isso como uma coisa boa, fez os tiros vindos daquele lado cessarem, mas por outro lado cobriu sua visão e agora estava encurralado, só podiam vir por aquela porta, enquanto levanta do chão e retira o pedaço de telha de cima das pernas ele faz as contas, restam pelo menos 12 inimigos lá, não havia muito o que fazer, ele tentava pensar em algo mas nada lhe ocorria, só restava esperar que entrassem ali e recebe-los a bala, mas essa não é a melhor das idéias, já que só tem a munição que esta na arma, são 24 cartuchos, definitivamente não é uma boa idéia. A salva de tiros na lateral da casa cessa e ele entende que foi para que mais homens pudessem passar por ali, abaixa-se e pega as duas granadas jogadas ao chão, segura a de fragmentação com os dentes apertando o capacete dela, e a de fumaça com a esquerda, anda até o canto da parede e tenta prestar atenção nos passos, mas há muitos ruídos, por sorte consegue ver a luz que entrava pelos buracos de tiros nas paredes se cortando indicando que alguém passou por ali, é a hora certa. Ele joga a granada de fumaça na frente da porta e logo atira a de fragmentação, não a atira com força para que não ouvissem ela caindo, abaixa-se e deixa ela rolar como um brinquedo até o meio dos pés deles. Ela explode acabando com 6 dos curdos restando agora apenas 6, pelos buracos da parede pode ver uma luz forte sendo ligada, são os faróis da toyota, logo depois ouve o motor dela sendo ligado. Não, eles não estavam indo embora, Mathias estava dentro da caminhonete, ele desce a rampa acentuada que há entre a autoestrada e a casa com velocidade, mira para a porta e a acerta com violência, o quebra mato do automóvel quebra o marco da porta e abre ali um grande buraco, a porta da pick up se abre e dali sai Mathias apressado, vai até a traseira, até a MAG e continua atirando, agora no interior da pequena casa que se resume a apenas um cômodo usado para todas as funções, havia ali uma cozinha, sala, quarto e um pequeno banheiro, e quando os tiros da metralhadora começam a devastar o local e varam o escudo de Jimmy é para ali que Sr. Kowalski corre, fecha a porta, derruba a pia no chão e coloca-a apoiada na parede impedindo que abram a porta, sobe no vaso sanitário e espera que eles entrem, espera-os com o fuzil apontado para a porta, a qualquer toque na fechadura ele começaria a atirar, pouco tempo depois a metralhadora se cala e um silencio cortante toma conta do lugar, ouve-se apenas alguns gemidos de Jimmy que parece uma criança com o joelho machucado, ouve-se também alguns passos fora da casa, essa calmaria é quebrada por dois barulhos mínimos, uma espingarda sendo engatilhada e um pino sendo retirado de uma granada, barulhos baixos mas caem nos ouvidos do velho acuado como trovões, seu dedo acaricia o gatilho e ele apenas espera a porta ser aberta, mas ninguém toca na porta, apenas acertam nela um tiro de calibre 12 que abre um rombo na parte inferior dela, e por esse buraco não demora muito para entrar uma granada, Sr. Kowalski desespera-se e levanta a pia do chão e sai dali desesperado atira-se no chão e no mesmo momento que cai já se vira de costas para ver o quão estúpido foi, caiu em um truque velho desses, a granada estava ali no chão, com pino. agora sim não havia mais o que fazer, já haviam dois homens furiosos sobre ele, um deles mantinha seu joelho no meio das costas do velho e apontava uma pistola em sua cabeça enquanto outro deles o algemava com algemas descartáveis, Sr. Kowalski se vira na direção de Jimmy para ver como ele estava, não podia ver muita coisa, tinha uma poça de sangue sob ele, mas podia ver que ele estava se mexendo, pelo menos não seria torturado agora que o alvo deles fora capturado vivo, provavelmente o matariam com um tiro na cabeça e estaria tudo bem, apenas mais uma vitima, pelo menos ele sabe que fez o possível para salva-lo. Depois olha para o outro lado e vê Mathias Hassan entrando pela porta, usa uma camisa preta e um colete tático bege sobre ela, uma bandoleira cruzada em seu peito carrega o dragunov, ele para na frente do velho e um sorriso surge em sua cara sarcástica, os homens carregam o agente até o carro blindado e Mathias vai logo atrás, teme que ele consiga fugir novamente. quando chegam na porta Sr. Kowalski olha para trás e vê o homem de confiança de Mathias, assim ele presume já que esta bem vestido assim como seu chefe, ele retira uma pistola do coldre no colete, uma colt 1911, a sua colt 1911? Não, provavelmente Hopkins iria ficar com ela por consideração, já que foi ele mesmo que a presenteou ao amigo há muitos atrás após uma missão, quando foi rendido por ele Sr. Kowalski percebeu que ele ainda usava a SIG SAUER P226 que recebeu em troca, mas restavam duvidas, será mesmo que Dennis ainda tinha algum tipo de consideração com ele após ter vendido ele para ser torturado? Porque não venderia a pistola se vendeu o próprio dono dela? Essa é a opção mais provável, Dennis Hopkins já não era o homem que conhecera a anos atrás, e que juntos passaram por poucas e boas, as pessoas mudam velho, Marlene deveria estar ai com você, provavelmente você não estaria algemado e prestes a ser torturado, as pessoas mudam. O homem de terno aponta a pistola na cabeça de Jimmy e puxa o cão engatilhando-a, seu dedo se prepara para puxar o gatilho e o velho Sr. Kowalski sente-se até feliz por isso, o homem que não se negou a ajuda-lo pelo menos teria uma morte rápida, mas as intenções do capanga mudam ao ouvir a voz de Mathias dizendo

- deixe sangrar.

E então o homem simplesmente desengatilha a pistola, a guarda e sai atrás dos homens que carregam o prisioneiro. Talvez agora Sr. Kowalski entenda o que Marlene sentiu quando suas ações resultaram na morte de uma pessoa inocente, a guerra cobra seu preço, ele sabe disso mas nunca tinha se sentido culpado em ser aquele que cobra, até então.