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Edição 11 - Novembro de 2014.C:\Users\JAILSON\Desktop\Logo.jpg

O PAPEL INDIVIDUAL NA DIVULGAÇÃO DO PROFISSIONAL ARQUIVISTA

Ricardo Sodré Andrade[1]

A divulgação de nossa profissão me parece ter sido uma das mais comuns preocupações declaradas pelos diretórios acadêmicos e associações de arquivistas nos últimos anos. Não é de se estranhar, no entanto, que divulgar o profissional e explicar a importância dele nas mais diversas organizações e instituições possui um papel importante na formação de vagas de empregos e estágios.

A criatividade parece ser um componente importante nessa tarefa essencial para o alcance do respeito aos estudantes e egressos dos cursos de arquivologia frente ao mercado, o que consequentemente traz, com o tempo, melhores salários e condições de trabalho.

Em contato com a profissão há pouco mais de onze anos, tenho visto muitas boas iniciativas ocorrendo em todos os estados. Todas com seus méritos, alcances, efetividades e falhas, mas sempre bem intencionadas no objetivo de melhorar nossa visibilidade profissional.

Penso que estamos acertando! Tivemos um aumento considerável na oferta de vagas nos editais de concursos, principalmente nos períodos generosos quando as universidades e institutos federais, em conjunto com outros órgãos, disponibilizaram tantas vagas que tivemos ocorrência de concursos sem pretendentes, ou mesmo com apenas um arquivista se apresentando para realizar a prova.

A melhoria do cenário nacional para os arquivistas e estudantes de arquivologia não ocorreu por acaso, foi resultado de trabalhos coletivos, individuais, intencionais ou surgidos por acaso, mas não aconteceria se estivéssemos de braços cruzados.

Cada um de nós possui seus motivos pessoais de comemoração e orgulho nessa luta coletiva. Lembramos e contamos aos colegas nossas ações individuais pela certeza que o fizemos em benefício de todos. A melhoria das condições e visibilidade dos arquivistas ocorrida nos últimos anos não é um mérito isolado, antes, sem dúvida, é mérito do conjunto, do coletivo.

Pessoalmente, me sinto feliz de ter participado de algumas ações: da reativação do diretório acadêmico de arquivologia da UFBA em algum momento do passado, da criação de um portal especializado e que hoje possui alcance internacional, uma humilde participação na realização da ENARA, da contribuição na construção do V CNA em 2010 e, o que posso dizer que realmente marcou em especial – a criação de “A Ordem dos Arquivistas: Centésimo”, uma novela que, mesmo depois de dois anos de sua publicação, ainda consegue ser um livro que atrai uma quantidade razoável de novos leitores todos os meses.

Que haja sempre espaço em nossas oportunidades de socialização para compartilhar nossas ações pessoais, tenham sido elas apenas um esclarecimento ao vizinho ou a alteração das estratégias de uma grande companhia. Compartilhar nossas experiências nesse sentido é inspirador para os colegas, nos oferece um sentimento de utilidade no coletivo e nos une enquanto categoria.

Estamos no caminho. Somos organizados, temos ótimos congressos e eventos, somos todos criativos e resistentes às marés contrárias. Somos respeitados, ainda que sobrem alguns desinformados andando por aí.

Olhando para tudo que fizemos nos últimos anos, somos vencedores. Que haja continuidade, novas ações e experiências no futuro que nos aguarda.

Parabéns arquivistas e estudantes de arquivologia do Brasil. Relembrem sua participação nessa trajetória com orgulho; projetem as que virão com criatividade!

O arquivista na contemporaneidade: o perfil desejado e o perfil real - Francisca Mattos

 Ainda que este início de século recomende cautela nas generalizações, podemos afirmar que, ao menos no ocidente, a mudança – e, por consequência, a incerteza – são as marcas do nosso tempo. Este novo estado de coisas abalou indivíduos, profissões e organizações tidas como mais tradicionais (que muitos chamariam de conservadoras), gerando uma verdadeira onda de choque. E nem ao menos ousamos afirmar que somos sobreviventes: ainda estamos vivendo dentro da onda de choque, pois a energia cinética criada por esta explosão ainda não foi dissipada, nem dá sinais de que isto ocorrerá por ora. Pelo fato de não termos o distanciamento necessário para buscar as respostas – já que nem ao menos as perguntas estão propriamente formuladas – tentamos, cada um de nós, encontrar um significado e uma posição a partir da qual possamos estabelecer novos parâmetros que nos permitam navegar no oceano de incertezas do século XXI. Desta forma - e já que estamos falando não mais de um indivíduo (ser humano racional e livre), mas sim de um neo-indivíduo (um ser humano racional e livre cuja subsistência depende do trabalho, cujo centro da vida é a carreira e cujo fracasso ou sucesso profissional será transportado para sua vida pessoal, conforme EHRENBERG apud BENDASSOLLI, 2000), essa procura envolverá o lançamento de um novo olhar não apenas sobre, mas essencialmente a partir de sua área de atuação, que se confunde (para o bem e para o mal), com sua própria vivência subjetiva. Assim, poderíamos considerar a Arquivologia uma dessas profissões tradicionais fortemente abaladas pela globalização, mundialização do mercado e da concorrência, tecnologias, exigências de qualidade, dentre outras (PINTO, 2001; SANTANA, s.n.), de forma que podemos, conforme nossa proposta, não apenas trazer essas mudanças para o contexto da arquivologia, mas sim enxergá-las a partir de sua ótica, implicando, forçosamente, no afastamento dos lugares-comuns aos quais nos habituamos. Um exemplo do que acabamos de relatar: na prática, o arquivista ainda reluta em se ver e em ser visto como um profissional da informação, pois isso exige uma mudança de postura que contrasta violentamente com a visão de tranquilidade e isolamento que atrai muitos indivíduos para esta profissão, que, até meados do século XX, sempre acolheu bem pessoas minuciosas, detalhistas e introspectivas. Na medida em que a realidade começou a glorificar outros valores, tais como a superficialidade (rapidez), a desordem (flexibilidade) e a extroversão (capacidade de comunicação), tal mudança se refletiu no mercado e nas profissões, forçando uma alteração em áreas tradicionalmente ocupadas por pessoas com o perfil oposto ao que passou a ser desejado. É dizer, quando os arquivistas passaram a ser considerados profissionais da informação, a profissão se atualizou, entretanto, como estamos vivendo dentro da onda de choque, isso ainda significa dizer que ela continua atraindo, em regra, pessoas para quem um arquivo significa uma vida longe do contato com as pessoas. Caberia a nós discutir, além da arquivologia, a questão do perfil do arquivista, fora dos clichês “pós-modernos”, reconhecendo a diferença entre o perfil real e o perfil desejado. Como acolher, ainda na graduação, os estudantes que não possuem as características tidas como satisfatórias para o mercado, mas que ainda são essenciais para a área, ao tempo em que consegue seduzir também aqueles que as possuem?

Conselho Federal de Arquivologia- Criação e expectativas -Thaiana Lima

Vice-presidente do Diretório Acadêmico de Arquivologia – UFBA

ABA, AABA, AERJ, ARQSP...  São instituições arquivísticas que tem por finalidade defender os interesses e reivindicações consideradas relevantes pela classe, com o intuito de servir a comunidade.  A criação do “CFArq” – Conselho Federal de Arquivologia, seria de grande auxilio, pois uma das principais lutas dos Arquivistas é mostrar à sociedade a importância do trabalho deste profissional nas instituições. A função do conselho federal é fiscalizar e normatizar o fazer arquivístico. Sua criação evitaria, por exemplo, que profissionais de outras áreas assumissem cargos e funções de competência do Arquivista. As últimas discussões acerca da possibilidade de criação deste conselho foram promovidas pela AERJ, ABA e UNIRIO (no Rio de Janeiro) e no CNA - (na cidade de Santa Maria/,no Rio Grande do Sul). Acredita-se que mais debates aconteçam e que outras instituições e/ou eventos promovam a discussão para que, de fato, este órgão seja instituído.

Arquive: folhetim mensal dos alunos de arquivologia (UFBA).11ª Ed. N. 2014.

Idealizador: D.A. de Arquivologia (Gestão Ágora) – Coordenação: Thaiana Lima e  Jorge Luiz –

Editor: Jorge Luiz


[1] Doutorando em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais (Universidade do Porto e Universidade de Aveiro - Portugal), Mestre em Ciência da Informação pelo PPGCI-UFBA, Bacharel em Arquivologia (UFBA). Editor do Portal do Arquivista e autor do livro de fantasia “A Ordem dos Arquivistas: Centésimo”. Página Web: http://www.ricardo.arquivista.net