A REALIDADE DA VIDA

Por SILVINO MORAIS BARROS

                

A duração de um dia se tornou apenas mais um lance no tempo dessa vida terrena.

Tudo tão rápido, lancinante, porque o tempo corre pungente o trecho entre seis e doze.

70, 80, 90, 100 anos de vida são flashes que piscam sobre o globo, trazendo e levando almas, no tempo que a tudo consome.

Amor. Dor. Paz. Ódio.

Nada vale mais que o tempo do agora.

De dia a sola do dirigente rasga a calçada dos elevadores.

E de noite o calçado roto do poeta pede mais sola para a vida.

O escalpo do capitalismo acaba com tudo.

Em vão, pois aquele cai sobre suas promissórias.

Enquanto que esse quer dar um som para as janelas em serenatas.

Cegos, nesse intervalo escuro do acaso das letras.

Eles contemplam o amor e a dor alheia como quem apara os pelos mais curtos e crespos que cobrem a pele dos sentidos.

Ora com ódio. Ora com candura.

O chefe é uma máquina que come dinheiro e cospe fumaça.

E o poeta, esse ser humano, é o solícito.

Ambos extraíram das mães o colostro.

Um quer do mercado o emprego público.

Outro sonha com a sua tradicional raiz.

Vidas frustradas.

Algo perdido na promissória assinada com a vida comercial, industrial.

O serviçal que deixou herança.

Instituição social, mero funcional.

Um sonho de mãe de miss numa realidade da vida que corre mais pelo lado da ilusão do que do ganha-pão.

Cada parte desse aparelho deve ter no seu ciático uma dor.

Garantidas pelo ânimo para competição pela efetivação da vida.

Pai. Mãe. Irmão.

Utopia!

Emprego. Casa. Carro.

Consumismo!

O executivo deixou as dívidas com a indústria.

O trovador deixou a mensagem de que paga amanhã.

O fruto dessas relações sociais está no sentido de se colher o próprio plantio.

O hoje, para um workaholic, as ações sociais estão voltadas para o tempo marcado pelo relógio.

Para um roqueiro “é apenas um furo no futuro”, que, estreitamente o passado começa a brotar.

Há ambiente para todos na realidade da vida brasileira.

Juiz. Médico. Policial.

Funcionários!

Professor. Músico. Garçom.

Trabalhadores!

Amarramos-nos nessa teia simbólica de usos e costumes em sociedade.

A enlaçar a nossa participação social, com respeito e cidadania, se vai rompendo os preconceitos, formando a cultura.

Esse nós do rugoso e denso tecido da derme social somos nós: sem büling.

 SMB@2010